02 junho 2020

Doença trofoblástica gestacional - Gravidez Molar

A Mola Hidatiforme (MH) ou Gravidez Molar é uma anomalia da gestação caracterizada pelo aumento anormal das vilosidades coriônicas placentárias acompanhada de intensa proliferação trofoblástica. Essa complicação é a mais frequente entre as Doenças Trofoblásticas Gestacionais (DTGs), que constituem um grupo de tumores originários do tecido trofoblástico placentário com diferente potencial para remissão, malignização e metastização, podendo levar a morte materna se não tratadas de forma apropriada.

A MH representa importante complicação obstétrica, além de sua capacidade de evolução para Neoplasia Trofoblástica Gestacional (NTG), podendo cursar com morte materna, demandando tratamento sistemático para essas mulheres. A característica comum às DTGs é a expressão sérica de níveis elevados de gonadotrofina coriônica humana (hCG), marcador biológico-hormonal da gravidez molar.

Fatores de Riscos
  • Gestações molares e abortos espontâneos anteriores;
  • Extremos de idade materna;
  • Aspectos genéticos e nutricionais.

Estudos mostram que mulheres com mais de 40 anos apresentam risco até 7,5 vezes maior de desenvolver MH em uma gestação quando comparadas a faixa etária entre 20 e 40 anos.

O histórico de gestação molar prévia, por sua vez, confere risco de 1-2% de desenvolvimento de uma nova gestação molar, cerca de 10 a 20 vezes maior que o observado na população geral. Esse risco aumenta para 15 a 20% para ocorrência de uma terceira gestação molar após 2 dois diagnósticos de MH em gestações anteriores. Além disso, o abortamento em gestações anteriores também já foi associado a um aumento de 2 a 3 vezes no risco de desenvolvimento DTGs.

A gestação é um período no qual os estados físico e mental maternos influenciam diretamente a saúde da mãe e do feto. Nesse período, o metabolismo energético é afetado pelo crescimento fetal e pela própria adaptação do organismo materno à gravidez. Dessa forma, um inadequado aporte energético materno pode levar a competição entre a mãe e feto, limitando a disponibilidade dos nutrientes necessários ao adequado crescimento fetal.

Tipos

A mola hidatiforme pode ser classificada em dois grupos:
  • Mola hidatiforme completa;
  • Mola hidatiforme parcial ou incompleta.

Mola hidatiforme completa, não há feto e também se verifica uma proliferação maior do trofoblasto. Ela é resultado da fecundação de um óvulo que não possui núcleo ou que se apresenta inativo por um espermatozoide com cariótipo duplicado ou por dois espermatozoides. O cariótipo geralmente é feminino (46 XX), entretanto, em 10% dos casos, foi observado cariótipo 46 XY. Nessa forma da doença, estima-se que aproximadamente 20% das mulheres tenham uma neoplasia trofoblástica posterior.



Mola hidatiforme parcial ou incompleta, é possível observar um feto, entretanto ele normalmente é inviável e apresenta uma grande quantidade de malformações. Esse tipo de mola ocorre pela fecundação de um óvulo normal, diferentemente da forma completa, por dois espermatozoides ou por um espermatozoide diploide. Percebe-se que, nesse caso, há triploidias ou, mais raramente, tetraploidias. Nesse tipo de mola, menos de 5% das mulheres desenvolvem formas malignas.



Etiologia

Apesar de a etiologia da MH ainda não estar completamente elucidada, sua origem parece estar relacionada a gametogênese e fertilização anormais e inúmeros.

Diagnostico

O diagnóstico precoce da MH é de extrema importância na prevenção das complicações decorrentes dessa doença. Com o advento da ultrassonografia, esse método tornou-se o principal artifício no diagnóstico da gestação molar, que passou a ocorrer já no primeiro trimestre ou início do segundo trimestre de gestação.
A dosagem de hCG também auxilia no diagnóstico da MH, especialmente nos casos de histopatológico.

Tratamento

Uso de medicamentos

O uso de medicamentos ou drogas que provoquem contrações uterinas deve ser evitado, pois, a estimulação de contrações uterinas antes do processo de esvaziamento da mola, torna mais elevada o risco de evolução para doença persistente e de embolia (fechamento total ou parcial de vasos sanguíneos), principalmente, em vasos pulmonares.

Esvaziamento da cavidade uterina

Quando diagnosticado, o conteúdo da cavidade uterina deve ser esvaziado, imediatamente, para inibir a evolução maligna ou a possível perfuração do miométrio por células invasoras.

Técnica de Esvaziamento Uterino

→Vácuo-aspiração

A técnica usada para o esvaziamento a vácuo-aspiração que tem o objetivo de remover internamente todo o volume molar, evitando a disseminação por outros tecidos e órgãos internos.

→Curetagem

O esvaziamento pode ser completado com a curetagem das paredes uterinas para que seja verificada se houve a remoção completa do conteúdo molar. O material resultante da curetagem é encaminhado para análise histopatológica, para verificar se houve a completa retirada das células molares.

→Histerectomia – Em alguns casos raros.

Evitar gravidez

Após o esvaziamento uterino, a gravidez deve ser evitada durante o período de um ano. Evitado o seguimento de uma nova doença, eliminando quaisquer chances de evolução maligna ou recorrências das intercorrências gestacionais.

ABREVIATURAS E SIGLAS
DTG – Doença Trofoblástica Gestacional
MH – Mola Hidatiforme
MHC – Mola Hidatiforme Completa
MHP – Mola Hidatiforme Parcial
NTG – Neoplasia Trofoblástica Gestacional


12 maio 2020

Pólipo Intestinal


Pólipo intestinal ou pólipo colônico é um pequeno aglomerado de células das paredes do intestino, geralmente inofensivos. É uma das condições mais comuns que afeta o intestino, ocorrendo em 15 a 20% da população. Alguns são baixos e planos, outros são altos e se assemelham a um cogumelo, podendo aparecer em qualquer parte do intestino grosso. Vale salientar que alguns pólipos podem conter câncer colorretal. Como medida de segurança os médicos removem e analisam todos pólipos suspeitos.

Causas

Mutações genéticas podem fazer com que as células continuem a se dividir, mesmo quando novas células não são necessárias. Quando este crescimento não regulado ocorre nas mucosas, como as paredes do tubo digestivo, são chamados de pólipos.

Tipos


Existem duas categorias principais de pólipos

Os não neoplásicos e os neoplásicos.

Os pólipos não neoplásicos incluem:

  • Pólipos hiperplásicos,
  • Pólipos inflamatórios;
  • Pólipos hamartomatosos.


Os pólipos não neoplásicos normalmente não se tornam cancerígenos.

Pólipos inflamatórios podem ser observados com colite ulcerosa ou doença de Crohn do cólon. Embora os pólipos em si não sejam uma ameaça significativa, ter colite ulcerosa ou doença de Crohn no cólon aumenta o risco geral de câncer de cólon.

Os pólipos neoplásicos incluem:

Adenomas e tipos serrilhados. A maioria dos pólipos do cólon são adenomas. Os pólipos serrilhados podem se tornar cancerosos, dependendo do tamanho e localização no cólon. Quanto maior um pólipo, maior o risco de câncer, especialmente com pólipos neoplásicos.

Fatores de risco

Fatores que podem contribuir para a formação de pólipos do cólon ou câncer incluem:

➜Idade - A maioria das pessoas com pólipos do cólon tem 50 anos ou mais;
➜Condições intestinais inflamatórias, como colite ulcerosa e doença de Crohn.
➜Histórico familiar;
➜Cigarro e consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
➜Obesidade e falta de exercício;
➜Raça. Afro-americanos estão em maior risco de desenvolver câncer de cólon.
➜Diabetes tipo 2 não controlada;
➜Doenças hereditárias como Polipose adenomatosa familiar, Síndrome de Gardner, Síndrome de Turcot e Síndrome de Lynch.

Sintomas

Os pólipos do cólon geralmente não causam sintomas. Porém algumas pessoas apresentam:

➡Sangramento retal. Isso pode ser um sinal de pólipos do cólon ou câncer ou outras condições, como hemorroidas ou pequenas lágrimas no ânus.
➨Mudança na cor das fezes. O sangue pode aparecer como faixas vermelhas nas fezes ou fazer as fezes parecerem pretas. Uma mudança de cor também pode ser causada por alimentos, medicamentos e suplementos.
➨Mudança nos hábitos intestinais. Constipação ou diarreia que dura mais de uma semana pode indicar a presença de um pólipo do cólon grande. Mas várias outras condições também podem causar mudanças nos hábitos intestinais.
➨Dor abdominal;
➨Anemia por deficiência de ferro. O sangramento dos pólipos pode ocorrer lentamente ao longo do tempo, sem sangue visível nas fezes. O sangramento crônico rouba o corpo do ferro necessário para produzir a substância que permite que os glóbulos vermelhos transportem oxigênio para o corpo (hemoglobina). O resultado é anemia por deficiência de ferro, que pode fazer você se sentir cansado e com falta de ar.

Diagnóstico

O exame mais sensível e frequentemente usado para examinar pólipos e câncer intestinais é a colonoscopia.
  • Colonoscopia;
  • Colonografia;
  • Sigmoidoscopia;
  • Toque retal.


Tratamento

Pólipos com mais de 1 cm são removidos durante a colonoscopia e examinados ao microscópio. Se os pólipos são muito extensos ou inacessíveis para serem removidos na colonoscopia, pode ser necessário uma ressecção cirúrgica da mucosa. Se é detectado um câncer, pode exigir radioterapia e quimioterapia. Em algumas síndromes, toda a porção do intestino afetada pode ser removida de uma vez (colectomia).

Complicações

Alguns pólipos do cólon podem se tornar cancerosos. Os pólipos anteriores são removidos, menos provável é que eles se tornem malignos.

Prevenção

➽Realizar exames regulares;
➽Mudanças no estilo de vida;
➽Reduzir consumo de álcool;
➽Abandone o cigarro;
➽Praticar exercícios regularmente;
➽Manter uma alimentação rica em fibras;
➽Uso de cálcio e vitamina D.



08 abril 2020

Trauma Abdominal


O trauma abdominal é uma lesão grave no abdômen, responsável por um número expressivo de mortes evitáveis. As lesões abdominais ocorrem muitas vezes em associação com outras, principalmente do tórax. Isso significa que contusão no abdômen pode estar acompanhada de lesão do tórax, bem como lesões penetrantes do abdômen podem levar a lesões também da cavidade torácica.
O abdômen é a terceira região mais acometida no trauma contuso e lesão traumática importante pode não ser reconhecida de forma suficientemente rápida.

Etiologia

➽Os acidentes são uma causa comum de trauma abdominal fechado;

Os cintos reduzem a incidência de trauma na cabeça e no peito, mas representam uma ameaça para os órgãos abdominais, como os pâncreas e intestino, que normalmente pressionadas contra a coluna vertebral.

As crianças são especialmente vulneráveis ​​a lesões abdominais dos cintos de segurança, porque possuem regiões abdominais mais suaves e o cinto de segurança não foi projetado para encaixá-las.

➽Colisões;
➽Queda de Alturas;
➽Acidentes de bicicleta;
➽Acidentes associadas a pratica de esportes;
➽Ferimento por arma de fogo,
➽Ferimentos por arma branca.

Classificação

⇨O trauma abdominal pode ser fechado ou aberto.

Trauma Abdominal Fechado

Diretos - Às lesões por impacto contra o cinto de segurança nos acidentes.

Indiretos - São de especial consequência às lesões por mecanismo de aceleração/ desaceleração também nos acidentes de trânsito.

Este tipo de trauma, também conhecido como contusão do abdômen, ocorre quando há transferência de energia cinética, através da parede do abdômen, para os órgãos internos, lesando-os. Isso ocorre em colisões do abdômen contra anteparos, como:

⇢Painel;
⇢Cinto de segurança abdominal;
⇢Volante de veículos;
⇢Choque de objetos contra o abdômen em atividades esportivas;
⇢Agressões Físicas;
⇢Ondas de choque provocadas por explosões em acidentes de trabalho;
⇢Choque contra equipamentos de recreação infantil (balanças, gangorras);

Outro mecanismo que leva a lesões de estruturas abdominais é a desaceleração súbita que ocorre em quedas de desníveis, como:

⇢Muros;
⇢Telhados e andaimes.

Levando à ruptura das estruturas abdominais sólidas ou ocas, nos seus pontos de fixação.

Enfim, qualquer trauma contra a região abdominal que não leve à solução de continuidade da parede abdominal e que transfira energia, lesando órgãos intra-abdominais.

O trauma abdominal fechado pode ser associado à fratura da pelve, que leva à perda adicional de grande quantidade de sangue par a cavidade abdominal ou retroperitônio, sem sinais externos de hemorragia.

O diafragma, músculo que separa o tórax do abdômen, pode romper-se em contusões abdominais de vísceras, fazendo migrar o abdômen para o tórax, comprometendo a expansão dos pulmões e a ventilação.

Trauma Abdominal Aberto

Penetrantes

Afetam o peritônio, comunicando a cavidade abdominal com o exterior. É quando ocorre solução de continuidade, ou seja, a penetração da parede abdominal por objetos, projéteis, armas brancas, ou a ruptura da parede abdominal provocada por esmagamentos. A penetração limita-se à parede do abdômen sem provocar lesões internas.

Perfurantes

Quando há envolvimento visceral (de víscera oca ou maciça). É quando o objeto que penetrar na cavidade abdominal atingir alguma víscera, lesando órgãos e estruturas.

Lembrar sempre que o projétil de arma de fogo ou a arma branca podem lesar estruturas do tórax associadas ao abdômen. O ponto de penetração refere se não somente à parede anterior do abdômen como também à parede lateral e à região dorsal ou lombar.

Objetos introduzidos na vagina ou no reto (situações conhecidas como empalamento) podem penetrar a cavidade abdominal, pela lesão dessas estruturas, com grave repercussão.

As lesões abdominais compreendem ruptura ou laceração dos órgãos ocos, fazendo extravasar conteúdo das vísceras (fezes, alimentos, bile, suco gástrico e pancreático e urina), o que provoca a infecção conhecida por peritonite.

Assim como de estruturas sólidas (fígado, baço, pâncreas e rins), causando hemorragias internas, muitas vezes despercebidas logo após o trauma.

Sinais e sintomas

Todo paciente traumatizado deve ser atendido seguindo-se a sistematização do exame primário do Advanced Trauma Life Support (ATLS).
  • Dor no local do trauma;
  • Dor abdominal difusa - peritonismo;
  • Rigidez de parede - abdome em tábua;
  • Sinais de choque hipovolêmico;
  • Fraturas de costelas inferiores;
  • Equimoses na parede abdominal e na bolsa escrotal, região dos flancos, ao redor do umbigo;
  • Hematomas na parede abdominal;
  • Ferimento na parede do abdome, dorso e no tórax, abaixo do mamilo;
  • Sinal do “cinto de segurança”;
  • Sangramento pela uretra, vagina e reto.

Diagnóstico
  • Exame Físico – Importante, mas não confiável;
  • Por Imagens – Rx, Tomografia;
  • Laboratorial – Hmg, Tipagem Sanguínea.

Atendimento Pré-hospitalar

→No trauma abdominal, a hemorragia constitui prioridade de tratamento, por ser causa de morte nas primeiras horas.

→Nenhum tratamento instituído na fase pré-hospitalar do atendimento vai conter a hemorragia de órgãos e estruturas abdominais. Em algumas vítimas, essa hemorragia é mais lenta e dá certa estabilidade inicial, mas, se não controlada, agrava as condições da vítima.

→As medidas de acesso venoso e infusão de soro não devem retardar o encaminhamento da vítima, mas são úteis em casos de transporte a longa distância, que ultrapassem 10 minutos, e quando não retardem o atendimento definitivo.

→Comunicar rapidamente o médico regulador quanto à natureza do trauma e ao estado hemodinâmico, pela medida da pressão arterial e do pulso.

→Deslocar-se ao hospital de referência após autorização do médico regulador sem maior demora. A ambulância pode ser interceptada no seu percurso ao hospital pelo médico para medidas de suporte avançado.

→Desobstruir as vias aéreas permitindo boa ventilação;

→Ministrar oxigênio a 12 ou 15 litros por minuto;

→Elevar os membros inferiores (posição de choque);

→Aquecer a vítima evitando a hipotermia, que agrava o estado de choque;

→Controlar hemorragias externas de ferimentos ou imobilizar fraturas de ossos longos, como fêmur e úmero, da maneira mais rápida possível, sem retardar o transporte, para minimizar perdas adicionais de sangue;

→Em caso de evisceração (saída de vísceras por ferimentos abdominais), limpar essas vísceras de detritos grosseiros com soro fisiológico e cobri-las com plástico esterilizado próprio para esse fim ou com compressas úmidas a fim de isolá-las do meio ambiente. Em hipótese alguma, tentar reintroduzir as vísceras no abdômen, porque o sangramento se agrava ou propicia o extravasamento de fezes.



→Em casos de objetos que penetrem no abdômen, como pedaços de ferro, madeira ou outros, nunca os retirar. Corte-os, se necessário, e proteja-os para que não se movam durante o transporte. Esses corpos estranhos só podem ser retirados em centro cirúrgico, onde haja condições de controlar o sangramento.


02 abril 2020

Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)


Para compreender o que é a esclerose lateral amiotrófica, é necessário antes saber como funciona a interação entre nervos e músculos.

O sistema motor é que nos permite executar todos os movimentos. Qualquer contração muscular voluntária é realizada graças à ativação de um grupo de neurônios chamados de “neurônio motor”. Se você mexe as penas, levanta os braços, abaixa a cabeça ou resolve sentar, todos esses movimentos nasceram dentro do seu cérebro, que, através de estímulos elétricos, fez a mensagem chegar aos grupamentos musculares que você pretende usar.
 
Existem 2 tipos de neurônio motor:
➨Neurônio motor superior, também chamado de primeiro neurônio motor;

➨Neurônio motor inferior, conhecido como segundo neurônio motor.

O primeiro neurônio motor fica dentro do cérebro, em uma área chamada córtex cerebral. Para que qualquer músculo de contração voluntária se mova, o primeiro neurônio emite um impulso elétrico que viaja pelo cérebro, passa pelo tronco cerebral e chega à medula espinhal localizada na coluna vertebral.

Na medula espinhal encontra-se o segundo neurônio motor, que é estimulado ao receber o impulso elétrico vindo do primeiro neurônio. O segundo neurônio motor dá origem aos nervos periféricos que se distribuem pelo corpo de forma a inervar os músculos.

A medula espinhal ocupa todo o canal central da coluna vertebral, indo da região cervical (pescoço) até o início da coluna lombar. As regiões do corpo são inervadas de cima para baixo, ou seja, os segundos neurônios motores que inervam os membros superiores se localizam na região da coluna cervical, enquanto que os segundos neurônios motores que inervam os membros inferiores localizam-se mais embaixo, na altura das primeiras vértebras lombares.

Os nervos periféricos são principalmente constituídos de axônios, às vezes muito longos, como os que levam informações da medula até a ponta dos pés.

Obs: no caso dos nervos cranianos, que inervam os músculos da face, como olhos e boca, o segundo neurônio motor fica no tronco cerebral, região logo abaixo do cérebro.

Quando uma pessoa sofre um acidente com grave injúria da medula espinhal, ela perde exatamente esse contato entre o primeiro neurônio motor do cérebro e do segundo neurônio motor na medula. 

Se a lesão medular for na altura da coluna cervical, o paciente perde os movimentos do pescoço para baixo. Se a lesão for mais baixa, no final da coluna torácica ou na coluna lombar, ele perde apenas os movimentos dos membros inferiores.
Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa e progressiva e acarreta em paralisia motora irreversível. Pacientes com a doença sofrem paralisia gradual e morte precoce como resultado da perda de capacidades cruciais, como falar, movimentar, engolir e até mesmo respirar. 

O físico britânico Stephen Hawking, morto em 2018, foi um dos portadores mais conhecidos mundialmente da ELA.

Não há cura para a Esclerose Lateral Amiotrófica. Com o tempo, as pessoas com doença perdem progressivamente a capacidade funcional e de cuidar de si mesmas. O óbito, em geral, ocorre entre três e cinco anos após o diagnóstico. Cerca de 25% dos pacientes sobrevivem por mais de cinco anos depois do diagnóstico.

A descrição do seu nome, Esclerose Lateral Amiotrófica.

Esclerose - endurecimento e cicatrização.

Lateral - endurecimento da porção lateral da medula espinhal.

Amiotrófica - fraqueza que resulta na redução do volume real do tecido muscular, atrofia.

A ELA é uma das principais doenças neurodegenerativas ao lado das doenças de Parkinson e Alzheimer. A idade é o fator preditor mais importante para a sua ocorrência, sendo mais prevalente nos pacientes entre 55 e 75 anos de idade.
Por ser um distúrbio progressivo, a ELA envolve a degeneração do sistema motor em vários níveis:
  • Bulbar;
  • Cervical;
  • Torácico;
  • Lombar.

A incidência da ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica (média cerca de 1 / 50, 000 por ano) e prevalência (média cerca de 1 / 20, 000) são relativamente uniformes nos países ocidentais, apesar de terem descritos focos de maior frequência no Pacífico Ocidental. No geral, há uma ligeira preponderância do sexo masculino (razão entre homens e mulheres de cerca de 1,5:1).

Causas

As causas ainda não são conhecidas, no entanto sabe-se que em cerca de 10% dos casos ela é causada por um defeito genético. Na prática, os neurônios dos pacientes acometidos pela doença se desgastam ou morrem e já não conseguem mais mandar mensagens aos músculos.

Isso gera a curto e médio prazo enfraquecimento dos músculos, contrações involuntárias e incapacidade de mover os braços, as pernas e o corpo. A doença piora lentamente. Quando os músculos do peito param de trabalhar, fica muito difícil respirar por conta própria.
Além disso, outras causas que podem estar são:

➔Mutação genética;

➜Desequilíbrio químico no cérebro (níveis de glutamato mais elevado), o que é tóxico para as células nervosas;

➜Doenças autoimunes;

➜Mau uso de proteínas.

Fatores de Risco

Não existem fatores de risco ou comportamentos de risco conhecidos. No entanto, sabe-se que parentes próximos de alguém que tenha a doença têm chances de adquiri-la também, tendo em vista que uma das causas são exatamente os fatores genéticos/hereditários.

Sintomas

Os sintomas começam a aparecer após os 50 anos, mas também podem surgir em pessoas mais novas. Entre outros sinais e sintomas:

⇨Perda gradual de força e coordenação muscular;

⇨Incapacidade de realizar tarefas rotineiras, como subir escadas, andar e levantar;

⇨Dificuldades para respirar e engolir;

⇨Engasgar com facilidade;

⇨Babar;

⇨Gagueira (disfemia);

⇨Cabeça caída;

⇨Cãibras musculares;

⇨Contrações musculares;

⇨Problemas de dicção, como um padrão de fala lento ou anormal (arrastando as palavras);

⇨Alterações da voz, rouquidão;

⇨Perda de peso.
ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica não afeta os sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) e raramente atinge o funcionamento da bexiga, dos intestinos ou a capacidade de pensamento e raciocínio de uma pessoa.

 

 Diagnóstico

Análise clínica e exame físico, que pode mostrar algumas deficiências físicas, sinais e sintomas que podem estar relacionados à doença.

👉Tremores;

👉Espasmos e contrações musculares, ou perda de tecido muscular (atrofia)

👉Atrofia e contrações involuntárias da língua são comuns.

👉Além disso, a pessoa pode ter um jeito de andar rígido ou desajeitado. 

👉Os reflexos são anormais. Há mais reflexos nas articulações, mas pode haver perda do reflexo faríngeo;

👉Alguns pacientes têm problemas para controlar o choro ou o riso, estado chamado de "incontinência emocional".

👉Exames de sangue, para descartar outras doenças;

👉Teste respiratório, para verificar se os músculos do pulmão foram afetados;

👉Tomografia computadorizada;

👉Ressonância magnética da coluna cervical, para garantir que não exista uma doença ou lesão no pescoço, que pode ser semelhante à ELA;

👉Eletromiografia;

👉Teste genético, se houver um histórico familiar de ELA;

👉Estudos de condução nervosa;

👉Testes de deglutição;

👉Punção lombar.

Tratamento
 

👉A cura ainda não existe, porém o MS dispõe de uma medicação por nome de riluzol que é distribuído gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).


O riluzol reduz a velocidade de progressão da doença e prolonga a vida do paciente.

O tratamento, portanto, visa desacelerar a progressão da doença, impedir suas complicações e melhorar a qualidade de vida.

A fisioterapia, apoio psicológico, fonoaudiólogo e nutricional são essenciais para se atingir estes objetivos.

O Ministério da Saúde oferece ainda Práticas Integrativas e Complementares, como cuidados paliativos terapêuticos, ajudando na promoção, prevenção e tratamento de doenças crônicas ou raras, como ELA. Essas práticas possuem recursos tecnológicos simplificados e potentes, que podem contribuir ao longo de todo o tratamento, tanto para o paciente quanto para os familiares.

Os cuidados paliativos são uma abordagem de tratamento que promove a qualidade de vida de pacientes que enfrentam doenças que ameacem a continuidade de vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento. Estão previstos nos cuidados paliativos tratamentos para dor e outros problemas de natureza física, psíquica, espiritual e social.

Reabilitação

No âmbito da reabilitação, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) pode englobar medidas relacionadas à dor, prevenção de contraturas musculares e articulares fixas com uso de órteses, tratamento das dificuldades da fala, da deglutição, dificuldades respiratórias e suporte familiar. Esses tratamentos podem ser feitos nos Centros Especializados em Reabilitação do SUS.

O acompanhamento na reabilitação é baseado em avaliações multidisciplinares das necessidades e capacidades das pessoas com deficiência, incluindo dispositivos e tecnologias assistivas, e com foco na produção da autonomia e o máximo de independência em diferentes aspectos da vida. 

O processo de reabilitação tem o objetivo de melhorar a funcionalidade e promover a inclusão social das pessoas com deficiência em seu ambiente social, por meio de medidas de prevenção da perda funcional, de redução do ritmo da perda funcional, da melhora ou recuperação da função; da compensação da função perdida; e da manutenção da função atual.

Complicações
  • Aspiração de comida ou líquido;
  • Perda da capacidade de cuidar de si mesmo;
  • Insuficiência pulmonar;
  • Pneumonia;
  • Escaras (úlceras de pressão);
  • Perda de peso acentuada;
  • Incapacidade de respirar sozinho;
  • Incapacidade de engolir;
  • Incapacidade de falar;
  • Morte.

Prevenção

Infelizmente, não existem evidências na literatura médica e científica mundial formas de prevenir a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).