08 abril 2020

Trauma Abdominal


O trauma abdominal é uma lesão grave no abdômen, responsável por um número expressivo de mortes evitáveis. As lesões abdominais ocorrem muitas vezes em associação com outras, principalmente do tórax. Isso significa que contusão no abdômen pode estar acompanhada de lesão do tórax, bem como lesões penetrantes do abdômen podem levar a lesões também da cavidade torácica.
O abdômen é a terceira região mais acometida no trauma contuso e lesão traumática importante pode não ser reconhecida de forma suficientemente rápida.

Etiologia

➽Os acidentes são uma causa comum de trauma abdominal fechado;

Os cintos reduzem a incidência de trauma na cabeça e no peito, mas representam uma ameaça para os órgãos abdominais, como os pâncreas e intestino, que normalmente pressionadas contra a coluna vertebral.

As crianças são especialmente vulneráveis ​​a lesões abdominais dos cintos de segurança, porque possuem regiões abdominais mais suaves e o cinto de segurança não foi projetado para encaixá-las.

➽Colisões;
➽Queda de Alturas;
➽Acidentes de bicicleta;
➽Acidentes associadas a pratica de esportes;
➽Ferimento por arma de fogo,
➽Ferimentos por arma branca.

Classificação

⇨O trauma abdominal pode ser fechado ou aberto.

Trauma Abdominal Fechado

Diretos - Às lesões por impacto contra o cinto de segurança nos acidentes.

Indiretos - São de especial consequência às lesões por mecanismo de aceleração/ desaceleração também nos acidentes de trânsito.

Este tipo de trauma, também conhecido como contusão do abdômen, ocorre quando há transferência de energia cinética, através da parede do abdômen, para os órgãos internos, lesando-os. Isso ocorre em colisões do abdômen contra anteparos, como:

⇢Painel;
⇢Cinto de segurança abdominal;
⇢Volante de veículos;
⇢Choque de objetos contra o abdômen em atividades esportivas;
⇢Agressões Físicas;
⇢Ondas de choque provocadas por explosões em acidentes de trabalho;
⇢Choque contra equipamentos de recreação infantil (balanças, gangorras);

Outro mecanismo que leva a lesões de estruturas abdominais é a desaceleração súbita que ocorre em quedas de desníveis, como:

⇢Muros;
⇢Telhados e andaimes.

Levando à ruptura das estruturas abdominais sólidas ou ocas, nos seus pontos de fixação.

Enfim, qualquer trauma contra a região abdominal que não leve à solução de continuidade da parede abdominal e que transfira energia, lesando órgãos intra-abdominais.

O trauma abdominal fechado pode ser associado à fratura da pelve, que leva à perda adicional de grande quantidade de sangue par a cavidade abdominal ou retroperitônio, sem sinais externos de hemorragia.

O diafragma, músculo que separa o tórax do abdômen, pode romper-se em contusões abdominais de vísceras, fazendo migrar o abdômen para o tórax, comprometendo a expansão dos pulmões e a ventilação.

Trauma Abdominal Aberto

Penetrantes

Afetam o peritônio, comunicando a cavidade abdominal com o exterior. É quando ocorre solução de continuidade, ou seja, a penetração da parede abdominal por objetos, projéteis, armas brancas, ou a ruptura da parede abdominal provocada por esmagamentos. A penetração limita-se à parede do abdômen sem provocar lesões internas.

Perfurantes

Quando há envolvimento visceral (de víscera oca ou maciça). É quando o objeto que penetrar na cavidade abdominal atingir alguma víscera, lesando órgãos e estruturas.

Lembrar sempre que o projétil de arma de fogo ou a arma branca podem lesar estruturas do tórax associadas ao abdômen. O ponto de penetração refere se não somente à parede anterior do abdômen como também à parede lateral e à região dorsal ou lombar.

Objetos introduzidos na vagina ou no reto (situações conhecidas como empalamento) podem penetrar a cavidade abdominal, pela lesão dessas estruturas, com grave repercussão.

As lesões abdominais compreendem ruptura ou laceração dos órgãos ocos, fazendo extravasar conteúdo das vísceras (fezes, alimentos, bile, suco gástrico e pancreático e urina), o que provoca a infecção conhecida por peritonite.

Assim como de estruturas sólidas (fígado, baço, pâncreas e rins), causando hemorragias internas, muitas vezes despercebidas logo após o trauma.

Sinais e sintomas

Todo paciente traumatizado deve ser atendido seguindo-se a sistematização do exame primário do Advanced Trauma Life Support (ATLS).
  • Dor no local do trauma;
  • Dor abdominal difusa - peritonismo;
  • Rigidez de parede - abdome em tábua;
  • Sinais de choque hipovolêmico;
  • Fraturas de costelas inferiores;
  • Equimoses na parede abdominal e na bolsa escrotal, região dos flancos, ao redor do umbigo;
  • Hematomas na parede abdominal;
  • Ferimento na parede do abdome, dorso e no tórax, abaixo do mamilo;
  • Sinal do “cinto de segurança”;
  • Sangramento pela uretra, vagina e reto.

Diagnóstico
  • Exame Físico – Importante, mas não confiável;
  • Por Imagens – Rx, Tomografia;
  • Laboratorial – Hmg, Tipagem Sanguínea.

Atendimento Pré-hospitalar

→No trauma abdominal, a hemorragia constitui prioridade de tratamento, por ser causa de morte nas primeiras horas.

→Nenhum tratamento instituído na fase pré-hospitalar do atendimento vai conter a hemorragia de órgãos e estruturas abdominais. Em algumas vítimas, essa hemorragia é mais lenta e dá certa estabilidade inicial, mas, se não controlada, agrava as condições da vítima.

→As medidas de acesso venoso e infusão de soro não devem retardar o encaminhamento da vítima, mas são úteis em casos de transporte a longa distância, que ultrapassem 10 minutos, e quando não retardem o atendimento definitivo.

→Comunicar rapidamente o médico regulador quanto à natureza do trauma e ao estado hemodinâmico, pela medida da pressão arterial e do pulso.

→Deslocar-se ao hospital de referência após autorização do médico regulador sem maior demora. A ambulância pode ser interceptada no seu percurso ao hospital pelo médico para medidas de suporte avançado.

→Desobstruir as vias aéreas permitindo boa ventilação;

→Ministrar oxigênio a 12 ou 15 litros por minuto;

→Elevar os membros inferiores (posição de choque);

→Aquecer a vítima evitando a hipotermia, que agrava o estado de choque;

→Controlar hemorragias externas de ferimentos ou imobilizar fraturas de ossos longos, como fêmur e úmero, da maneira mais rápida possível, sem retardar o transporte, para minimizar perdas adicionais de sangue;

→Em caso de evisceração (saída de vísceras por ferimentos abdominais), limpar essas vísceras de detritos grosseiros com soro fisiológico e cobri-las com plástico esterilizado próprio para esse fim ou com compressas úmidas a fim de isolá-las do meio ambiente. Em hipótese alguma, tentar reintroduzir as vísceras no abdômen, porque o sangramento se agrava ou propicia o extravasamento de fezes.



→Em casos de objetos que penetrem no abdômen, como pedaços de ferro, madeira ou outros, nunca os retirar. Corte-os, se necessário, e proteja-os para que não se movam durante o transporte. Esses corpos estranhos só podem ser retirados em centro cirúrgico, onde haja condições de controlar o sangramento.


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