A Mola Hidatiforme (MH) ou Gravidez Molar é uma
anomalia da gestação caracterizada pelo aumento anormal das vilosidades
coriônicas placentárias acompanhada de intensa proliferação trofoblástica. Essa
complicação é a mais frequente entre as Doenças Trofoblásticas Gestacionais
(DTGs), que constituem um grupo de tumores originários do tecido trofoblástico
placentário com diferente potencial para remissão, malignização e metastização,
podendo levar a morte materna se não tratadas de forma apropriada.
A MH representa importante complicação obstétrica,
além de sua capacidade de evolução para Neoplasia Trofoblástica Gestacional (NTG),
podendo cursar com morte materna, demandando tratamento sistemático para essas
mulheres. A característica comum às DTGs é a expressão sérica de níveis
elevados de gonadotrofina coriônica humana (hCG), marcador biológico-hormonal
da gravidez molar.
Fatores de Riscos
- Gestações molares e abortos espontâneos anteriores;
- Extremos de idade materna;
- Aspectos genéticos e nutricionais.
Estudos mostram que mulheres com mais de 40 anos
apresentam risco até 7,5 vezes maior de desenvolver MH em uma gestação quando
comparadas a faixa etária entre 20 e 40 anos.
O histórico de gestação molar prévia, por sua vez,
confere risco de 1-2% de desenvolvimento de uma nova gestação molar, cerca de
10 a 20 vezes maior que o observado na população geral. Esse risco aumenta para
15 a 20% para ocorrência de uma terceira gestação molar após 2 dois diagnósticos
de MH em gestações anteriores. Além disso, o abortamento em gestações
anteriores também já foi associado a um aumento de 2 a 3 vezes no risco de
desenvolvimento DTGs.
A gestação é um período no qual os estados físico e
mental maternos influenciam diretamente a saúde da mãe e do feto. Nesse
período, o metabolismo energético é afetado pelo crescimento fetal e pela
própria adaptação do organismo materno à gravidez. Dessa forma, um inadequado
aporte energético materno pode levar a competição entre a mãe e feto, limitando
a disponibilidade dos nutrientes necessários ao adequado crescimento fetal.
Tipos
A mola hidatiforme pode ser classificada em dois
grupos:
- Mola hidatiforme completa;
- Mola hidatiforme parcial ou incompleta.
Mola hidatiforme completa, não há feto e também se
verifica uma proliferação maior do trofoblasto. Ela é resultado da fecundação
de um óvulo que não possui núcleo ou que se apresenta inativo por um
espermatozoide com cariótipo duplicado ou por dois espermatozoides. O cariótipo
geralmente é feminino (46 XX), entretanto, em 10% dos casos, foi observado
cariótipo 46 XY. Nessa forma da doença, estima-se que aproximadamente 20% das
mulheres tenham uma neoplasia trofoblástica posterior.
Mola hidatiforme parcial ou incompleta, é possível
observar um feto, entretanto ele normalmente é inviável e apresenta uma grande
quantidade de malformações. Esse tipo de mola ocorre pela fecundação de um
óvulo normal, diferentemente da forma completa, por dois espermatozoides ou por
um espermatozoide diploide. Percebe-se que, nesse caso, há triploidias ou, mais
raramente, tetraploidias. Nesse tipo de mola, menos de 5% das mulheres
desenvolvem formas malignas.
Etiologia
Apesar de a etiologia da MH ainda não estar
completamente elucidada, sua origem parece estar relacionada a gametogênese e
fertilização anormais e inúmeros.
Diagnostico
O diagnóstico precoce da MH é de extrema
importância na prevenção das complicações decorrentes dessa doença. Com o
advento da ultrassonografia, esse método tornou-se o principal artifício no
diagnóstico da gestação molar, que passou a ocorrer já no primeiro trimestre ou
início do segundo trimestre de gestação.
A dosagem de hCG também auxilia no diagnóstico da
MH, especialmente nos casos de histopatológico.
Tratamento
Uso de medicamentos
O
uso de medicamentos ou drogas que provoquem contrações uterinas deve ser
evitado, pois, a estimulação de contrações uterinas antes do processo de esvaziamento
da mola, torna mais elevada o risco de evolução para doença persistente e de
embolia (fechamento total ou parcial de vasos sanguíneos), principalmente, em
vasos pulmonares.
Esvaziamento da cavidade uterina
Quando diagnosticado, o conteúdo da cavidade
uterina deve ser esvaziado, imediatamente, para inibir a evolução maligna ou a
possível perfuração do miométrio por células invasoras.
Técnica de Esvaziamento Uterino
→Vácuo-aspiração
A técnica usada para o esvaziamento a
vácuo-aspiração que tem o objetivo de remover internamente todo o volume molar,
evitando a disseminação por outros tecidos e órgãos internos.
→Curetagem
O esvaziamento pode ser completado com a curetagem
das paredes uterinas para que seja verificada se houve a remoção completa do
conteúdo molar. O material resultante da curetagem é encaminhado para análise
histopatológica, para verificar se houve a completa retirada das células
molares.
→Histerectomia –
Em alguns casos raros.
Evitar gravidez
Após o esvaziamento uterino, a gravidez deve ser
evitada durante o período de um ano. Evitado o seguimento de uma nova doença,
eliminando quaisquer chances de evolução maligna ou recorrências das
intercorrências gestacionais.
ABREVIATURAS E SIGLAS DTG – Doença Trofoblástica Gestacional MH – Mola Hidatiforme MHC – Mola Hidatiforme Completa MHP – Mola Hidatiforme Parcial NTG – Neoplasia Trofoblástica Gestacional