Uma das causas mais
comuns de partos prematuros - a ruptura, cedo demais, da bolsa de fluido que
envolve o bebê dentro do útero - pode estar associada à presença de certas
bactérias, segundo um estudo americano.
A descoberta pode
resultar em testes para identificar a presença de bactérias e tratamentos para
mulheres sob risco de entrar em trabalho de parto prematuramente, informou a
equipe responsável pelo trabalho.
Os pesquisadores
trabalham com a hipótese de que as bactérias identificadas produziriam um
afinamento das membranas que envolvem o bebê no útero, levando à sua ruptura.
E essa ruptura, que
na linguagem popular é chamada de "estouro da bolsa d'água", responde
por quase um terço de todos os partos prematuros.
O estudo, por
pesquisadores da Duke University School of Medicine em Durham, no Estado
americano da Carolina do Norte, foi publicado na revista científica PLoS One.
Tratamento
Normalmente, as
membranas que compõem a bolsa que envolve o bebê, ou bolsa amniótica, se rompem
no início do parto.
Se elas se partem
cedo, antes do início das contrações, isso pode - embora nem sempre aconteça -
levar a um parto prematuro.
A equipe americana
encontrou grandes quantidades de bactérias no ponto onde as membranas se rompem.
Se for constatado que
as bactérias são a causa - e não a consequência - da ruptura da membrana,
talvez seja possível desenvolver-se novos tratamentos ou criar-se práticas de
monitoramento de mulheres sob risco - os especialistas explicaram.
"Por exemplo, se
acharmos que certas bactérias estão associadas à ruptura prematura das
membranas, podemos fazer testes para identificar sua presença já no início da gravidez",
disse Amy Murtha, autora do estudo.
"Talvez então
possamos ser capazes de tratar as mulheres afetadas com antibióticos".
"Nosso estudo
ainda está muito longe disso, mas nos dá oportunidades de explorar intervenções
terapêuticas direcionadas, algo que nos falta na obstetrícia".
Os pesquisadores
examinaram amostras de membranas retiradas de 48 mulheres que tinham acabado de
parir, entre elas, mulheres que tinham sofrido rupturas prematuras da bolsa
amniótica, mulheres que haviam tido partos prematuros por outras razões e
também mulheres que haviam completado os nove meses de gestação.
Eles verificaram que
havia bactérias presentes em todas as amostras, mas quanto mais bactérias
presentes, mais finas as membranas, especialmente nas mulheres que tinham tido
partos prematuros em decorrência da ruptura da bolsa d'água.
Comentando o estudo,
o médico Patrick O'Brien, do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists,
disse que já se sabia há algum tempo que infecções bacterianas eram
responsáveis por rupturas prematuras da bolsa amniótica em algumas mulheres.
"Agora, o que
realmente precisamos é entender em detalhes o mecanismo pelo qual bactérias
provocam a ruptura da bolsa".
Duncan Wilbur,
porta-voz da ONG britânica de suporte para bebês prematuros Bliss, acrescentou:
"Damos boas vindas a qualquer estudo que nos ajude a compreender melhor as
causas de partos prematuros e a identificar as mulheres sob maior risco".
"As
conclusões desse estudo são muito interessantes e mais pesquisas precisam ser
feitas para encontrar tratamentos que ajudem a prevenir partos prematuros".
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