Para
compreender o que é a esclerose lateral amiotrófica, é necessário antes saber como
funciona a interação entre nervos e músculos.
O
sistema motor é que nos permite executar todos os movimentos. Qualquer
contração muscular voluntária é realizada graças à ativação de um grupo de
neurônios chamados de “neurônio motor”. Se você mexe as penas, levanta
os braços, abaixa a cabeça ou resolve sentar, todos esses movimentos nasceram
dentro do seu cérebro, que, através de estímulos elétricos, fez a mensagem
chegar aos grupamentos musculares que você pretende usar.
➨Neurônio
motor superior, também chamado de primeiro neurônio motor;
➨Neurônio
motor inferior, conhecido como segundo neurônio motor.
O
primeiro neurônio motor fica dentro do cérebro, em uma área chamada córtex
cerebral. Para que qualquer músculo de contração voluntária se mova, o
primeiro neurônio emite um impulso elétrico que viaja pelo cérebro, passa pelo
tronco cerebral e chega à medula espinhal localizada na coluna vertebral.
Na
medula espinhal encontra-se o segundo neurônio motor, que é estimulado ao
receber o impulso elétrico vindo do primeiro neurônio. O segundo neurônio motor
dá origem aos nervos periféricos que se distribuem pelo corpo de forma a
inervar os músculos.
A
medula espinhal ocupa todo o canal central da coluna vertebral, indo da região
cervical (pescoço) até o início da coluna lombar. As regiões do corpo são
inervadas de cima para baixo, ou seja, os segundos neurônios motores que
inervam os membros superiores se localizam na região da coluna cervical,
enquanto que os segundos neurônios motores que inervam os membros inferiores localizam-se
mais embaixo, na altura das primeiras vértebras lombares.
Os
nervos periféricos são principalmente constituídos de axônios, às vezes muito
longos, como os que levam informações da medula até a ponta dos pés.
Obs:
no caso dos nervos cranianos, que inervam os músculos da face, como olhos e
boca, o segundo neurônio motor fica no tronco cerebral, região logo abaixo do
cérebro.
Quando
uma pessoa sofre um acidente com grave injúria da medula espinhal, ela perde
exatamente esse contato entre o primeiro neurônio motor do cérebro e do segundo
neurônio motor na medula.
Se a lesão medular for na altura da coluna cervical,
o paciente perde os movimentos do pescoço para baixo. Se a lesão for mais
baixa, no final da coluna torácica ou na coluna lombar, ele perde apenas os
movimentos dos membros inferiores.
Esclerose
Lateral Amiotrófica é uma doença que afeta o sistema nervoso de forma degenerativa
e progressiva e acarreta em paralisia motora irreversível. Pacientes com a
doença sofrem paralisia gradual e morte precoce como resultado da perda de
capacidades cruciais, como falar, movimentar, engolir e até mesmo respirar.
O
físico britânico Stephen Hawking, morto em 2018, foi um dos portadores mais
conhecidos mundialmente da ELA.
Não
há cura para a Esclerose Lateral Amiotrófica. Com o tempo, as pessoas com
doença perdem progressivamente a capacidade funcional e de cuidar de si mesmas.
O óbito, em geral, ocorre entre três e cinco anos após o diagnóstico. Cerca de
25% dos pacientes sobrevivem por mais de cinco anos depois do diagnóstico.
A
descrição do seu nome, Esclerose Lateral Amiotrófica.
Esclerose
- endurecimento e cicatrização.
Lateral
- endurecimento da porção lateral da medula espinhal.
Amiotrófica
- fraqueza que resulta na redução do volume real do tecido muscular, atrofia.
A
ELA é uma das principais doenças neurodegenerativas ao lado das doenças de
Parkinson e Alzheimer. A idade é o fator preditor mais importante para a sua
ocorrência, sendo mais prevalente nos pacientes entre 55 e 75 anos de idade.
Por ser um distúrbio progressivo, a ELA envolve a degeneração do sistema motor em vários níveis:
- Bulbar;
- Cervical;
- Torácico;
- Lombar.
A
incidência da ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica (média cerca de 1 / 50, 000
por ano) e prevalência (média cerca de 1 / 20, 000) são relativamente uniformes
nos países ocidentais, apesar de terem descritos focos de maior frequência no
Pacífico Ocidental. No geral, há uma ligeira preponderância do sexo masculino
(razão entre homens e mulheres de cerca de 1,5:1).
Causas
As
causas ainda não são conhecidas, no entanto sabe-se que em cerca de 10% dos
casos ela é causada por um defeito genético. Na prática, os neurônios dos
pacientes acometidos pela doença se desgastam ou morrem e já não conseguem mais
mandar mensagens aos músculos.
Isso
gera a curto e médio prazo enfraquecimento dos músculos, contrações
involuntárias e incapacidade de mover os braços, as pernas e o corpo. A doença
piora lentamente. Quando os músculos do peito param de trabalhar, fica muito
difícil respirar por conta própria.
Além
disso, outras causas que podem estar são:
➔Mutação
genética;
➜Desequilíbrio
químico no cérebro (níveis de glutamato mais elevado), o que é tóxico para as
células nervosas;
➜Doenças
autoimunes;
➜Mau
uso de proteínas.
Fatores
de Risco
Não
existem fatores de risco ou comportamentos de risco conhecidos. No entanto,
sabe-se que parentes próximos de alguém que tenha a doença têm chances de
adquiri-la também, tendo em vista que uma das causas são exatamente os fatores
genéticos/hereditários.
Sintomas
Os
sintomas começam a aparecer após os 50 anos, mas também podem surgir em pessoas
mais novas. Entre outros sinais e sintomas:
⇨Perda
gradual de força e coordenação muscular;
⇨Incapacidade
de realizar tarefas rotineiras, como subir escadas, andar e levantar;
⇨Dificuldades
para respirar e engolir;
⇨Engasgar
com facilidade;
⇨Babar;
⇨Gagueira
(disfemia);
⇨Cabeça
caída;
⇨Cãibras
musculares;
⇨Contrações
musculares;
⇨Problemas
de dicção, como um padrão de fala lento ou anormal (arrastando as palavras);
⇨Alterações
da voz, rouquidão;
⇨Perda
de peso.
ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica não afeta os sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato) e raramente atinge o funcionamento da bexiga, dos intestinos ou a capacidade de pensamento e raciocínio de uma pessoa.
Análise clínica e exame físico, que pode
mostrar algumas deficiências físicas, sinais e sintomas que podem estar
relacionados à doença.
👉Tremores;
👉Espasmos e
contrações musculares, ou perda de tecido muscular (atrofia)
👉Atrofia e
contrações involuntárias da língua são comuns.
👉Além
disso, a pessoa pode ter um jeito de andar rígido ou desajeitado.
👉Os reflexos
são anormais. Há mais reflexos nas articulações, mas pode haver perda do
reflexo faríngeo;
👉Alguns pacientes têm problemas para controlar o choro ou o
riso, estado chamado de "incontinência emocional".
👉Exames
de sangue, para descartar outras doenças;
👉Teste
respiratório, para verificar se os músculos do pulmão foram afetados;
👉Tomografia
computadorizada;
👉Ressonância
magnética da coluna cervical, para garantir que não exista uma doença ou lesão
no pescoço, que pode ser semelhante à ELA;
👉Eletromiografia;
👉Teste
genético, se houver um histórico familiar de ELA;
👉Estudos
de condução nervosa;
👉Testes
de deglutição;
👉Punção
lombar.
Tratamento
👉A cura ainda não existe, porém o MS dispõe de uma medicação por nome de riluzol que é distribuído gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O
riluzol reduz a velocidade de progressão da doença e prolonga a vida do
paciente.
O
tratamento, portanto, visa desacelerar a progressão da doença, impedir suas
complicações e melhorar a qualidade de vida.
A
fisioterapia, apoio psicológico, fonoaudiólogo e nutricional são essenciais
para se atingir estes objetivos.
O
Ministério da Saúde oferece ainda Práticas Integrativas e Complementares, como
cuidados paliativos terapêuticos, ajudando na promoção, prevenção e tratamento
de doenças crônicas ou raras, como ELA. Essas práticas possuem recursos
tecnológicos simplificados e potentes, que podem contribuir ao longo de todo o
tratamento, tanto para o paciente quanto para os familiares.
Os
cuidados paliativos são uma abordagem de tratamento que promove a qualidade de
vida de pacientes que enfrentam doenças que ameacem a continuidade de vida, por
meio da prevenção e alívio do sofrimento. Estão previstos nos cuidados
paliativos tratamentos para dor e outros problemas de natureza física,
psíquica, espiritual e social.
Reabilitação
No
âmbito da reabilitação, a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) pode englobar
medidas relacionadas à dor, prevenção de contraturas musculares e articulares
fixas com uso de órteses, tratamento das dificuldades da fala, da deglutição,
dificuldades respiratórias e suporte familiar. Esses tratamentos podem ser
feitos nos Centros Especializados em Reabilitação do SUS.
O
acompanhamento na reabilitação é baseado em avaliações multidisciplinares das
necessidades e capacidades das pessoas com deficiência, incluindo dispositivos
e tecnologias assistivas, e com foco na produção da autonomia e o máximo de
independência em diferentes aspectos da vida.
O processo de reabilitação tem o
objetivo de melhorar a funcionalidade e promover a inclusão social das pessoas
com deficiência em seu ambiente social, por meio de medidas de prevenção da
perda funcional, de redução do ritmo da perda funcional, da melhora ou
recuperação da função; da compensação da função perdida; e da manutenção da
função atual.
Complicações
- Aspiração de comida ou líquido;
- Perda da capacidade de cuidar de si mesmo;
- Insuficiência pulmonar;
- Pneumonia;
- Escaras (úlceras de pressão);
- Perda de peso acentuada;
- Incapacidade de respirar sozinho;
- Incapacidade de engolir;
- Incapacidade de falar;
- Morte.
Prevenção
Infelizmente,
não existem evidências na literatura médica e científica mundial formas de
prevenir a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
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