30 julho 2015

A Pílula do Dia Seguinte


O que é a pílula do dia seguinte?

A pílula do dia seguinte é um anticoncepcional emergencial para ser tomado logo após a realização de uma relação sexual desprotegida, quando uma possível gravidez não é desejada. Há dois tipos: um para ser tomado em dose única e outro fracionado em dois comprimidos. Quanto mais cedo forem tomados, após a relação sexual, maior a eficácia anticonceptiva. Ela é uma verdadeira bomba hormonal no corpo da mulher, um método de emergência que só deve ser usado em casos extremos. A pílula do dia seguinte é constituída por levonorgestrel, um tipo de progesterona sintética, um hormônio concentrado que equivale a cerca de dez comprimidos de anticoncepcional comum!

Quando usar a pílula do dia seguinte?

A pílula do dia seguinte deve ser usada quando o método anticoncepcional habitual falha, ou quando a mulher houver se esquecido de tomar a pílula convencional e só se lembra no momento do coito ou após ele. Ela também é amplamente utilizada em casos de estupro, para evitar uma gravidez. 

Essa pílula tem diminuído em mais de 50% a taxa de gravidez indesejada e evitado muitos abortamentos. A pílula do dia seguinte deve ser tomada o mais rapidamente possível após a relação sexual, mas a mulher pode tomá-la até 72 horas depois, na dose de dois comprimidos com intervalo de 12 horas ou ambos de uma só vez.

Quando não usar a pílula do dia seguinte?

A mulher não deve fazer do uso da pílula do dia seguinte um hábito e não deve tomá-la mais de uma vez por mês, porque ela perde eficácia e porque as altas taxas de componentes hormonais que ela contém podem causar reações colaterais como náuseas, diarreia, alterações do ciclo menstrual, dor de cabeça dentre outros. Usada repetidamente ela não perde totalmente o efeito, mas o risco de engravidar aumenta. 

A pílula do dia seguinte não é um método anticonceptivo rotineiro e mesmo esporadicamente não deve ser usado por mulheres com insuficiência hepática, tromboembolismo venoso, hipertensas ou que tenham obesidade mórbida.

Por que a pílula do dia seguinte funciona como anticonceptivo?

A pílula do dia seguinte tem por objetivo bloquear ou retardar a ovulação e dificultar a fertilização e a gravidez. Ela também impede a formação do endométrio gravídico, local em que o óvulo se alojaria. Mesmo tomando a pílula é possível engravidar. 

Como com todo método contraceptivo, há riscos de falhar. Como já foi dito, quanto mais cedo a pílula for tomada, maior será a sua eficácia. Ao utilizá-la, a mulher não estará protegida até a chegada da próxima menstruação porque ela só vale com respeito à relação acontecida antes de tomar a pílula. 

Em resumo, conforme a fase do ciclo menstrual em que a mulher se encontre, a pílula do dia seguinte pode impedir a liberação do ovócito, alterar a secreção vaginal, tornando o ambiente vaginal hostil aos espermatozoides e alterar a parede interna do útero, impedindo a fixação do ovócito que já tenha sido fecundado.

Quais são as complicações possíveis da pílula do dia seguinte?

No curto prazo, a pílula do dia seguinte causa uma desregulação hormonal da mulher, a qual só se normalizará a partir do ciclo menstrual seguinte. Assim, a previsão da próxima menstruação e do período fértil fica prejudicada, aumentando as chances de uma possível futura gravidez.

Caso ocorra uma gestação ectópica, um dos riscos da pílula do dia seguinte, a mulher poderá perder uma trompa e isso dificultará uma futura gestação desejada.

O ideal é fazer o uso da pílula do dia seguinte apenas com orientação médica, ou seja, não tomar medicamentos por conta própria.





Nootrópicos, as drogas inteligentes que são moda no vale do silício


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Imagine se toda manhã, antes de ir para o trabalho, você tomasse um comprimido que, além de te deixar mais ligado e concentrado, melhora a memória e impulsiona a criatividade e a produtividade.

É isso que cada vez mais pessoas estão fazendo em lugares como o Vale do Silício – região do norte da Califórnia, nos EUA, considerada a capital mundial da indústria da tecnologia –, onde os chamados nootrópicos vêm se popularizando nos últimos anos.

Essas substâncias – cujo nome vem do grego "nóos" (mente ) e "tropo" (direção) – supostamente são capazes de ajudar a melhorar o desempenho mental sem produzir efeitos colaterais negativos.

Apesar do ceticismo da comunidade científica quanto a sua eficácia, esses "potencializadores cognitivos" são cada vez mais usados em ambientes de trabalho competitivos, nos quais o intelecto é muito mais importante do que qualquer outra habilidade.

Sob o guarda-chuva dos nootrópicos estão, por exemplo, compostos químicos da família dos racetams (como o piracetam e o pramiracetam) e substâncias como vitaminas e aminoácidos encontrados em alimentos e plantas que podem ser comprados em lojas de suplementos e de produtos naturais.

Alguns são remédios receitados para o tratamento de idosos que apresentam alterações em seus mecanismos cognitivos e que sofrem de males como a demência e o Alzheimer.

Seus defensores asseguram que essas substâncias ajudam, por exemplo, a melhorar a memória, a capacidade de aprendizagem e a concentração.

Medicamentos como o Adderall, prescrito para tratar transtornos como hiperatividade e narcolepsia, também são utilizados por estudantes que querem melhorar o desempenho cognitivo, apesar do risco de efeitos colaterais como arritmia e ansiedade.

Popularidade


Nos anos 70, o pesquisador romeno Corneliu E. Giurgea definiu como nootrópicos as substâncias que, apesar de potencializar as capacidades cognitivas, não são tóxicas, viciantes ou provocam efeitos colaterais significativos.

Não há um consenso sobre como funcionam muitas dessas substâncias, embora quem as utilize acredite que elas melhoram o metabolismo cerebral.


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Embora não haja dados oficiais, seu uso tem crescido nos últimos anos em países como os Estados Unidos. Na internet, proliferaram blogs e fóruns de discussão que debatem que nootrópicos consumir, e em que quantidade.

Com o incremento da demanda, houve um boom de empresas que vendem pílulas com diversas substâncias consideradas nootrópicas, como cafeína e ômega 3.

Entre essas companhias, estão a Nootroo e a Nootrobox, startups do Vale do Silício que asseguram ter entre seus investidores importantes nomes da indústria da tecnologia.

Elas afirmam que os efeitos dos nootrópicos dependem da quantidade consumida e do metabolismo do usuário, e que não há estudos que tenham determinado os efeitos a longo prazo.

'Úteis'

Jesse Lawler, programador que vive em Los Angeles, começou a se interessar por nootrópicos e outras drogas inteligentes há alguns anos.

"Percebi que poderiam ser úteis para as tarefas mentais que tinha de fazer no trabalho", explicou Lawler, que produz e apresenta o podcast Smart Drug Smarts.

"No meu caso, têm se mostrado úteis para, por exemplo, ampliar os períodos de concentração. Uso como ferramentas para melhorar meu estado mental", afirmou Lawler à BBC.


O programador disse que, embora "em nossa sociedade a palavra droga tenha conotação negativa", as que ele consome "têm efeitos fisiológicos benéficos."

Foto: BBC

"Além disso, procuro seguir uma dieta equilibrada e fazer exercício. Nunca tomaria nada que poderia ter um efeito negativo sobre meu corpo e, principalmente, sobre meu cérebro", assegurou Lawler.

Segundo ele, os nootrópicos são especialmente populares entre os trabalhadores do Vale do Silício e de Wall Street, meca do mercado financeiro em Nova York.

"Existe uma ideia de que, se você usa drogas inteligentes para potencializar sua inteligência, está trapaceando... Mas não acredito haver algo de mal em querer que seu cérebro funcione melhor."

Lawler reconhece que há entre os usuários dos nootrópicos uma "confusão sobre que substâncias usar e como tomá-las", e que há muita gente que está se aproveitando disso para ganhar dinheiro.
"Se você está pensando em comprar pela internet, tenha cuidado", adverte.

'É melhor fazer exercício'

Lucien Thomson, professor de neurociência da Universidade do Texas em Dallas, põe em dúvida a eficácia de muitos dos nootrópicos. "Os estudos já realizados não são conclusivos", afirmou à BBC.

"Muitos dos sistemas neurotransmissores que conhecemos e que e estão ligados à memória também participam de outros processos. Se você tomar algo para melhorar a memória, estará afetando também outras funções cerebrais, com efeitos imprevisíveis", continuou.

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"Além disso, não é possível controlar as quantidades dessas substâncias que as pessoas andam tomando. Sem uma supervisão adequada e considerar os possíveis efeitos colaterais, as consequências podem ser perigosas", disse o especialista.

Segundo ele, a melhor estratégia para melhorar as funções cognitivas é manter uma boa saúde.
"Sabemos que a atividade cerebral melhora com o exercício. As pessoas levam um estilo de vida sedentário e querem resolver isso com uma pílula, o que é absurdo", afirmou.

Para o especialista, é preciso ainda estimular a mente. "Fazendo palavras cruzadas, por exemplo, e mantendo uma vida social. E não me refiro às redes sociais, mas sim conversar com outras pessoas. Tudo isso traz benefícios à memória."

Thomson não nega que alguns remédios possam trazer benefícios para a memória, mas ressalta que, nos estudos já realizados, a maioria do que é vendido como nootrópico não levou a efeitos positivos.