Hipertensão
arterial
Pressão arterial igual ou maior que
140/90mmHg baseada na média de pelo menos duas medidas. Considera-se pressão
sistólica o primeiro ruído (aparecimento do som) e a pressão diastólica o
quinto ruído de Korotkoff (desaparecimento do som).
A pressão arterial deve ser mensurada com a
gestante sentada, com o braço no mesmo nível do coração e com um manguito de
tamanho apropriado. Se for consistemente mais elevada em um braço, o braço com
os maiores valores deve ser usado para todas as medidas.
Para a medida da pressão arterial, deve-se
dar preferência aos aparelhos de coluna de mercúrio ou aneroides calibrados. Os
aparelhos automáticos (digitais) só devem ser utilizados se forem corretamente
validados para uso em pré-eclâmpsia.
Proteinúria
A proteinúria é definida como a excreção de
0,3g de proteínas ou mais em urina de 24 horas, ou 1+ ou mais na fita em duas
ocasiões, em uma determinação de amostra única sem evidência de infecção.
Devido à discrepância entre a proteinúria de amostra única e a proteinúria de
24 horas na pré-eclâmpsia, o diagnóstico deve ser baseado em exame de urina de
24 horas. Outra alternativa é a relação proteína/creatinina urinária em coleta
única de urina. Nessa técnica, o resultado da divisão do valor da proteinúria
pela creatinina urinária (em mg/dL) ≥ 0,3 tem uma boa correlação com a
proteinúria na urina de 24 horas ≥ 0,3g.
Plaquetopenia
Menos de 100.000/mm3, com maior gravidade
quando menor que 50.000/mm3.
Elevação
de enzimas hepáticas
→Aspartato aminotransferase (AST) ou
Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO) e Alanina aminpotransferase (ALT) ou Transaminase
Glutâmico Pirúvica(TGP) >60U/L, e Desidrogenase láctica (DHL) >600U/L.
Anemia
microangiopática
→Bilirrubina acima de 1,2mg/dL, e presença
significativa de esquizócitos em sangue periférico (>5% no campo microscópico).
Anemia
microangiopática
Bilirrubina acima de 1,2mg/dL, e presença
significativa de esquizócitos em sangue periférico (>5% no campo
microscópico).
Classificação
das síndromes hipertensivas da gravidez
Hipertensão
crônica
Observada antes da gravidez, ou antes de 20
semanas de gestação, ou diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e
não se resolve até 12 semanas após o parto.
Pré-eclâmpsia/eclâmpsia
Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação
(ou antes, em casos de doença trofoblástica gestacional ou hidrópsia fetal) acompanhada
de proteinúria, com desaparecimento até 12 semanas pós-parto. Na ausência de proteinúria,
a suspeita se fortalece quando o aumento da pressão aparece acompanhado por
cefaleia, distúrbios visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento de enzimas
hepáticas.
Um aumento de 30mmHg na pressão sistólica ou
15mmHg na diastólica quando os valores absolutos estejam abaixo de 140/90mmHg
não deve ser usado como critério diagnóstico.
Na presença de um aumento de
30mmHg na sistólica ou 15mmHg na diastólica, deve-se fazer medidas de pressão e
consultas mais frequentes, com observação mais amiúde, especialmente se houver
proteinúria e hiperuricemia (ácido úrico maior ou igual a 6mg/dL).
A pré-eclâmpsia é classificada em leve ou
grave, de acordo com o grau de comprometimento.
Considera-se grave quando presente um ou mais
dos seguintes critérios:
- Pressão arterial diastólica igual/maior que 110mmHg;
- Proteinúria igual/maior que 2,0g em 24 horas ou 2+ em fita urinária;
- Oligúria (menor que 500ml/dia, ou 25ml/hora);
- Níveis séricos de creatinina maiores que 1,2mg/dL;
- Sinais de encefalopatia hipertensiva (cefaleia e distúrbios visuais);
- Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito;
- Evidência clínica e/ou laboratorial de coagulopatia;
- Plaquetopenia (<100.000/mm3);
- Aumento de enzimas hepáticas (AST ou TGO, ALT ou TGP, DHL) e de bilirrubinas;
- Presença de esquizócitos em esfregaço de sangue periférico.
Outros
sinais que podem sugerir o diagnóstico são:
- Acidente vascular cerebral;
- Sinais de insuficiência cardíaca, ou cianose;
- Presença de RCIU (restrição de crescimento intrauterino) e/ou oligohidrâmnio.
A
eclâmpsia caracteriza-se pela presença de convulsões tônico-clônicas
generalizadas ou coma em mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas
por epilepsia ou qualquer outra doença convulsiva. Pode ocorrer na gravidez, no
parto e no puerpério imediato.
Pré-eclâmpsia
sobreposta à hipertensão crônica
É o surgimento de pré-eclâmpsia em mulheres
com hipertensão crônica ou doença renal. Nessas gestantes, essa condição
agrava-se e a proteinúria surge ou piora 29 após a 20ª semana de gravidez. Pode
surgir trombocitopenia (plaquetas <100.000/mm3) e ocorrer aumento nas
enzimas hepáticas.
Hipertensão
gestacional (sem proteinúria)
Como a proteinúria pode aparecer tardiamente,
o diagnóstico será retrospectivo, sendo necessário afastar pré-eclâmpsia.
Deve-se seguir as condutas clínicas e
obstétricas recomendadas para pré-eclâmpsia.
⟹Hipertensão transitória da gravidez: a
pressão retorna ao normal até 12 semanas após o parto (diagnóstico
retrospectivo).
⟹Hipertensão crônica: a elevação da pressão
arterial persiste além de 12 semanas após o parto.
O edema ocorre com muita
frequência em gestantes e por isso não deve ser usado como discriminador neste
esquema de classificação.
Gestantes
de alto risco que apresentam pressão arterial normal:
- História de aumento da pressão antes da concepção ou em gestação prévia, especialmente antes de 34 semanas;
- Diabetes, doença do colágeno ou doença renal vascular ou parenquimatosa;
- Mulheres com gestação múltipla.
Realizar precocemente na gravidez para comparação
posterior: hematócrito, hemoglobina, contagem de plaquetas, creatinina, ácido
úrico. A presença de proteinúria 1+ ou mais em amostra única de urina deve ser
seguida de uma determinação da proteinúria de 24 horas e cálculo do clearance
de creatinina. Nestas gestantes também deve ser realizada uma datação acurada
da idade gestacional, de preferência com ultrassonografia precoce. Deve-se
realizar ainda um exame de ultrassonografia adicional com 25 – 28 semanas para
avaliação do crescimento fetal.
Gestantes
que apresentam hipertensão antes de 20 semanas de gestação:
A maioria destas gestantes têm ou irá
desenvolver hipertensão essencial. Mulheres jovens com hipertensão preexistente
ou gestacional precoce devem ser submetidas à avaliação de hipertensão
secundária (doença renal, hipertensão renovascular, aldosteronismo primário,
síndrome de Cushing e feocromocitoma). Deve-se realizar os mesmos exames acima
descritos.
Gestantes que apresentam hipertensão após a
segunda metade da gravidez ou que apresentam agravamento de hipertensão prévia.
O quadro 1 sumariza os exames laboratoriais e a justificativa para realizá-los de duas em duas semanas ou mais frequentemente se as circunstâncias clínicas levam à hospitalização da gestante. Servem para distinguir a pré-eclâmpsia da hipertensão crônica, assim como para avaliar o progresso e a gravidade da doença. Em mulheres com pré-eclâmpsia, uma ou mais anormalidades podem estar presentes mesmo quando a elevação da pressão arterial for mínima.
O quadro 1 sumariza os exames laboratoriais e a justificativa para realizá-los de duas em duas semanas ou mais frequentemente se as circunstâncias clínicas levam à hospitalização da gestante. Servem para distinguir a pré-eclâmpsia da hipertensão crônica, assim como para avaliar o progresso e a gravidade da doença. Em mulheres com pré-eclâmpsia, uma ou mais anormalidades podem estar presentes mesmo quando a elevação da pressão arterial for mínima.
Quadro 1. Avaliação laboratorial e sua
justificativa para gestantes que desenvolvem hipertensão após a segunda
metade da gravidez ou que apresentam agravamento de hipertensão prévia.
|
|
Exame
|
Justificativa
|
Hemoglobina
e hematócrito
|
A
hemoconcentração apoia o diagnóstico de pré-eclâmpsia e é um indicador de
gravidade. Os valores podem estar diminuídos, entretanto, se a doença se
acompanha de hemólise.
|
Contagem
de plaquetas
|
A
trombocitopenia sugere pré-eclâmpsia.
|
Quantificação
da excreção de proteína na urina
|
Hipertensão
na gravidez com proteinúria deve ser considerada pré-eclâmpsia (pura ou
sobreposta) até prova em contrário.
|
Nível
sérico de creatinina Níveis anormais ou em elevação da creatinina,
especialmente com oligúria, sugerem pré-eclâmpsia grave.
|
Nível
sérico de ácido úrico Níveis séricos aumentados de ácido úrico sugerem o
diagnóstico de pré-eclâmpsia e correlacionam-se com restrição de crescimento
intrauterino.
|
Níveis
séricos de transaminases
|
Níveis
séricos de transaminases em elevação sugerem préeclâmpsia grave com
envolvimento hepático.
|
N í v
e l s é r i c o d e a l b u m i n a , desidrogenase lática, esfregaço
sanguíneo e perfil de coagulação (TAP, KPTT ou coagulograma).
|
Em
gestantes com doença grave, estes exames indicam a extensão da lesão endotelial
(hipoalbuminemia), a presença de hemólise e possível coagulopatia, incluindo
trombocitopenia.
|
Conduta
nas síndromes hipertensivas da gravidez
Pré-Eclâmpsia/Eclâmpsia
A presença de aumento rápido de peso, edema
facial ou outros sintomas sugestivos da doença requerem uma monitoração mais
rigorosa da pressão arterial e a detecção de proteinúria. Se a pressão começar a
aumentar, a gestante deve ser reavaliada dentro de 1 a 3 dias. Assim que se
tiver o diagnóstico (ver classificação), aconduta dependerá da gravidade e da
idade gestacional.
Pré-eclâmpsia
leve
As gestantes com pré-eclâmpsia leve, de
preferência, devem ser hospitalizadas para avaliação diagnóstica inicial e
mantidas com dieta normossódica e repouso relativo.
Na
avaliação das condições maternas deve constar:
→PA de 4/4h durante o dia;
→Pesagem diária;
→Pesquisa de sintomas de iminência de
eclâmpsia:
→Cefaleia frontal ou occipital persistente;
→Distúrbios visuais (escotomas, diplopia,
amaurose);
→Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, acompanhada
ou não de →náuseas e vômitos;
→Hiper-reflexia;
→Proteinúria na fita ou proteinúria de 24
horas;
→Hematócrito e plaquetas;
→Provas de função renal e hepática.
⟹Não há necessidade de tratamento
medicamentoso.
Avaliação
das condições fetais:
➡Contagem de movimentos fetais diariamente;
➡Avaliação do crescimento fetal e do líquido
amniótico. Se os resultados estiverem normais, repetir o teste a cada três
semanas;
Cardiotocografia basal (CTB), se disponível.
Se a CTB for reativa, repetir semanalmente;
➡A reavaliação materna e fetal deve ser
imediata se ocorrerem mudanças abruptas nas condições maternas, redirecionando
a conduta.
Nas
gestações pré-termo, o controle ambulatorial pode ser iniciado após a
hospitalização se confirmadas condições materno-fetais estáveis, com as
seguintes recomendações:
➦Consultas semanais;
➦Repouso relativo (evitar grandes esforços);
➦Pesar diariamente pela manhã;
➦Proteinúria na fita semanalmente pela manhã;
➦Medir a pressão arterial pelo menos uma vez
ao dia.
A
presença dos seguintes sinais e sintomas demanda retorno imediato ao hospital:
↳PA ≥
150/100mmHg;
↳Proteinúria na fita ++ ou mais;
↳Aumento exagerado de peso;
↳Cefaleia grave e persistente.
↳Dor abdominal persistente, principalmente na
região epigástrica e hipocôndrio direito;
↳Sangramento vaginal;
↳Presença de contrações uterinas regulares;
↳Presença de distúrbios visuais como diplopia,
fotofobia, escotomas etc.;
↳Náusea ou vômitos persistentes;
↳Diminuição dos movimentos fetais.
Indicações
para o parto
A antecipação do parto é o único tratamento
definitivo para a pré-eclâmpsia e as indicações estão no quadro abaixo:
Quadro 2.
Indicações para o parto na pré eclâmpsia
|
|
Maternas
|
Fetais
|
Aumento
persistente da pressão arterial até níveis de gravidade.
|
Restrição
grave do crescimento fetal.
|
Cefaleia
grave e distúrbios visuais persistentes.
|
Suspeita
ou comprometimento da vitalidade fetal.
|
Dor
epigástrica grave persistente, náuseas ou vômitos.
|
Oligohidrâmnio
(Índice de líquido amniótico <p10 para a idade gestacional).
|
Contagem
de plaquetas <100.000/mm3.
|
Idade
gestacional confirmada de 40 semanas.
|
Deterioração
progressiva da função hepática.
|
|
Deterioração
progressiva da função renal.
|
|
Suspeita
de descolamento de placenta.
|
|
Trabalho
de parto ou sangramento .
|
Pré-eclâmpsia
grave
As gestantes com diagnóstico de pré-eclâmpsia
grave deverão ser internadas, solicitados os exames de rotina e avaliadas as
condições maternas e fetais (vide quadro3). Avaliar necessidade de
transferência para unidade de referência, após a estabilização materna inicial.
Se a idade gestacional for maior ou igual a
34 semanas de gestação, devem ser preparadas para interrupção da gestação.
A conduta conservadora pode ser adotada em
mulheres com pré-eclâmpsia grave com idade gestacional entre 24 e 33:6 semanas,
através de monitoração maternofetal rigorosa, uso de sulfato de magnésio e
agentes anti-hipertensivos. As gestantes nessas condições devem ser admitidas e
observadas por 24 horas para determinar a elegibilidade para a conduta e nesse
período serão manejadas como se segue:
➠Administração de sulfato de magnésio;
➠Uso de corticoide (betametasona 12mg, a cada
24 horas, 2 aplicações IM);
➠Administração de anti-hipertensivos de ação
rápida (Hidralazina ou Nifedipina);
➠Infusão de solução de Ringer lactato a
100-125ml/h;
➠Exames laboratoriais: hemograma completo com
plaquetas, creatinina sérica,
ácido úrico, AST/TGO, ALT/TGP, desidrogenase
lática, proteinúria de 24 horas;
➠Dieta suspensa (permitir pequenas ingestões
de líquidos claros e medicação oral).
Após o período inicial de observação,
confirmando-se a elegibilidade maternofetal para a conduta expectante, adota-se
o seguinte:
➡Interrupção do sulfato de magnésio;
➡Determinação da PA a cada 4-6 horas;
➡Contagem de plaquetas diariamente;
➡TGO/ AST, ALT/TGP, creatinina e bilirrubina
de 2 em 2 dias;
➡Repetir a proteinúria de 24 horas
semanalmente;
➡Uso de medicação anti-hipertensiva para
manter a pressão entre 140/90 e 150/100mmHg (Alfametildopa até 2g, associada a
Nifedipina, ou Betabloqueador, ou Hidralazina);
➡Se as condições maternas estão estáveis,
realizar CTB diariamente e PBF duas vezes por semana;
Avaliação do crescimento fetal por
ultrassonografia a cada duas semanas;
➡Dopplerfluxometria fetal semanalmente.
Nas gestantes em manejo conservador, o parto
deve ser realizado pela via apropriada de acordo com os critérios delineados
nos quadros 3 e 4.
Quadro 3. Critérios para antecipação
terapêutica do parto segundo as condições maternas na pré-eclâmpsia grave longe
do termo.
Conduta
|
Achados Clínicos
|
Antecipação
do parto
|
Um ou mais dos seguintes:
• Pressão arterial persistentemente ≥160/110mmHg apesar
de doses máximas de duas medicações anti-hipertensivas;
• Evolução para eclâmpsia;
• Plaquetas <100.000/mm3 ; • TGO ou TGP >2x acima do
limite de normalidade com dor epigástrica ou em hipocôndrio direito;
• Edema pulmonar;
• Elevação progressiva da creatinina sérica;
• Oligúria (diurese <25ml/hr); • Proteinúria maciça >5g/
24 horas;
• Descolamento de placenta;
• Cefaleia ou distúrbios visuais persistentes.
|
Expectante
|
Nenhum dos achados acima.
|
Quadro 4. Critérios para antecipação do parto
segundo as condições fetais na pré-eclâmpsia grave longe do termo.
Conduta
|
Achados Clínicos
|
Antecipação do parto
|
Um ou mais dos seguintes:
• Comprometimento dos testes de avaliação
da vitalidade fetal;
• Oligohidrâmnio;
• Restrição do crescimento fetal.
|
Expectante
|
Nenhum dos achados acima.
|
Eclâmpsia
A ocorrência de convulsões em mulheres com
pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclâmpsia.
A conduta clínica visa ao
tratamento das convulsões, da hipertensão e dos distúrbios metabólicos, além de
cuidados e controles gerais.
Cuidados
Gerais
Manter o ambiente tranquilo, o mais
silencioso possível;
Decúbito elevado a 30º e face lateralizada;
Cateter nasal com oxigênio (5l/min);
Punção de veia central ou periférica
calibrosa;
Cateter vesical contínuo.
A conduta obstétrica visa à estabilização do quadro
materno, à avaliação das condições de bem-estar fetal e a antecipação do parto,
em qualquer idade gestacional.
Após a estabilização do quadro, iniciar os
preparativos para interrupção da gestação.
Terapia
anticonvulsivante
A terapia anticonvulsivante é indicada para prevenir
convulsões recorrentes em mulheres com eclâmpsia, assim como o aparecimento de
convulsões naquelas com pré-eclâmpsia. O sulfato de magnésio é a droga de
eleição para tal. Deve ser utilizado nas seguintes situações:
•Gestantes com eclampsia;
•Gestantes com pré-eclâmpsia grave admitidas
para conduta expectante nas primeiras 24 horas;
•Gestantes com pré-eclâmpsia grave nas quais
se considera a interrupção da gestação.
•Gestantes com pré-eclâmpsia nas quais se indica a interrupção da gestação e existe dúvida se a terapia anticonvulsivante deve ser utilizada (a critério do médico assistente).
O sulfato de magnésio pode ser utilizado
durante o trabalho de parto, parto e puerpério, devendo ser mantido por 24
horas após o parto se iniciado antes do mesmo.
Quando
iniciado no puerpério, deve ser mantido por 24 horas após a primeira dose.
Dose do
sulfato de magnésio
Dose de ataque – 4,0g (8,0ml de sulfato de
magnésio a 50% com 12,0ml de água bidestilada) em infusão endovenosa lenta (aproximadamente
15 minutos) ou 5,0g (10ml de sulfato de magnésio a 50%) intramuscular em cada
nádega.
Dose de manutenção – 1,0g/hora (10ml de
sulfato de magnésio a 50% com 490ml de solução glicosada a 5% a 100ml/hora em
bomba de infusão) ou 2,0g/hora (20ml de sulfato de magnésio a 50% com 480ml de solução
glicosada a 5% a 100ml/ hora em bomba de infusão) ou 5,0g (10ml de sulfato de
magnésio a 50%) intramuscular de 4 em 4 horas.
Cuidados
com o uso do sulfato de magnésio
👉A administração da dose de manutenção deverá
ser suspensa caso a frequência respiratória tenha menos de 16 incursões por
minuto, os reflexos patelares estejam completamente abolidos ou a diurese seja
inferior a 100ml durante as 4 horas precedentes.
👉Deve-se utilizar agulha longa e técnica em
zigue-zague para a administração intramuscular.
👉O gluconato de cálcio a 10% atua como
antídoto. É indispensável manter sempre à mão uma ampola de 10ml, para aplicação
imediata no caso de eventual parada respiratória, apesar desta raramente
ocorrer quando são devidamente observadas as normas de aplicação e vigilância
do sulfato de magnésio.
👉Na recorrência de convulsões, utiliza-se mais
2g IV e aumenta-se a velocidade de infusão do sulfato de magnésio. Na
persistência delas, com crises subentrantes, pode-se optar pela
fenil-hidantoína, segundo o esquema:
Dose de ataque: 250mg + SG 5% 250ml IV em
gotejamento até completar a dose total de 750mg.
Dose de manutenção: 100mg 8/8h IV e, a
seguir, 100mg 8/8 h VO, até a alta.
Tratamento
da hipertensão aguda
A terapia anti-hipertensiva deve ser adotada
para níveis de pressão diastólica persistentemente acima de 105 ou 110mmHg. Em
gestantes adolescentes cujos níveis anteriores estavam abaixo de 75mmHg deve-se
considerar o tratamento para níveis acima de 100mmHg. Ver quadro 5 abaixo.
Quadro 5. Tratamento da Hipertensão Aguda Grave na Pré-eclâmpsia.
PA
=160mmHg sistólica e/ou =105mmHg diastólica se persistente
|
Nifedipina:
Comece com 10mg oral e repita em 30 minutos se necessário. OU
Hidralazina:
Comece com 5mg (IV) ou 10mg (IM). Se a pressão não controlar (queda de 20%
nos níveis iniciais ou PAD entre 90 e 100mmHh), repita a intervalos de 20
minutos (5 a 10mg dependendo da resposta). Assim que a pressão estiver
controlada, repita se necessário (geralmente em 3 horas).
|
Se
não houver controle após 20mg IV ou 30mg IM, considerar outra droga. O
Nitroprussiato de Sódio às vezes é necessário para a hipertensão que não
responde às drogas acima e se houver sinais de encefalopatia hipertensiva.
Comece a uma taxa de 0,25 microgramas/kg/min até uma dose máxima de 5
microgramas/kg/min. O envenenamento cianídrico fetal pode ocorrer se usado
por mais de 4 horas. O seu uso está restrito às unidades de terapia
intensiva.
|
Precauções:
Hipotensão rápida e grave pode resultar da administração de qualquer uma das
drogas acima, especialmente a nifedipina de ação rápida. O objetivo do
controle da pressão em situações de emergência é o controle gradual da
hipertensão até os níveis normais (130/80mmHg a 150/100mmHg). Na presença de
hipotensão grave manejar com a infusão rápida de cristaloides.
|
Via de
parto
O parto vaginal é preferível à cesariana para
mulheres com pré-eclâmpsia/ eclâmpsia, desse modo evitando o estresse adicional
de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas. Medidas
paliativas por várias horas não aumentam o risco materno se realizadas de forma
apropriada.
A indução do parto deve ser realizada de forma intensiva assim que
a decisão para a interrupção for tomada. Em gestações longe do termo nas quais
o parto é indicado e com condições maternas estáveis o suficiente para permitir
que a gravidez possa ser prolongada por 48 horas, os corticoides devem ser
administrados para acelerar a maturidade pulmonar fetal.
A abordagem intensiva
para a indução inclui um ponto final claro para o parto, de cerca de 24 horas
após o início do processo. Em gestações ≥34 semanas com colo imaturo, recomenda-se
realizar amadurecimento cervical sob monitoração intensiva. Se o parto vaginal
não puder ser efetuado dentro de um período razoável de tempo, deve-se realizar
a cesariana.
A anestesia neuraxial (epidural, espinhal ou
combinadas) deve ser a técnica de eleição para o parto (vaginal ou cesárea),
devendo-se evitar bloqueio motor no caso do parto vaginal. Na cesariana deve-se
evitar a hipotensão por meio de técnica adequada e uso cuidadoso de expansão de
volume.
Deve-se discutir com o anestesiologista a melhor técnica de acordo com
o estado da gestante. Nos casos de Síndrome Hellp, adotar anestesia geral.
Seguimento
pós-parto
Mulheres que desenvolvem hipertensão na
gravidez devem ser cuidadosamente avaliadas nos meses imediatamente após o parto
e aconselhadas a respeito de futuras gestações e risco cardiovascular.
Qualquer
anormalidade laboratorial ou achado físico que não retorne ao normal antes da
alta deve ser reavaliado na consulta de puerpério. A expectativa é que a
hipertensão e outros sinais e sintomas ou disfunção orgânica associados à
pré-eclâmpsia terão remissão seis semanas após o parto.
Se as anormalidades
persistirem, as gestantes deverão ser reexaminadas após seis semanas e, se a
patologia mantiver, provavelmente tornou-se crônica.
Fonte
© 1991 Ministério da Saúde.
Todos os direitos reservados. É
permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e
que não seja para venda ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos
autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.
A coleção institucional do Ministério
da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério
da Saúde:
http://www.saude.gov.br/bvs
O conteúdo desta e de outras obras da
Editora do Ministério da Saúde pode ser acessado na página:
http://www.saude.gov.br/editora
Série A. Normas e Manuais Técnicos
Tiragem: 5ª edição – 2010 – 75.000
exemplares
Nenhum comentário:
Postar um comentário