04 fevereiro 2020

Tétano Neonatal

O Tétano neonatal é uma doença infecciosa aguda, grave, não contagiosa, que acomete o recém-nascido (RN), nos primeiros 28 dias de vida, tendo como manifestação clínica inicial a dificuldade de sucção, irritabilidade e choro constante. A doença é causada por uma bactéria chamada Clostridium tetani.

A suscetibilidade do Tétano Neonatal é universal, afetando recém-nascidos de ambos os sexos. A doença não confere imunidade. A imunidade do recém-nascido é conferida pela vacinação adequada da mãe. Os filhos de mães vacinadas nos últimos cinco anos com três doses da vacina apresentam imunidade passiva e transitória até dois meses de vida.

A imunidade passiva, por meio do soro antitetânico (SAT), dura em média duas semanas e pela imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) cerca de três semanas.

IMPORTANTE:  O tétano neonatal acomete os filhos de mãe sem esquema vacinal completo e atualizado.

Transmissão

➠O tétano neonatal não é transmitido de pessoa a pessoa e sim pela contaminação do coto umbilical com os esporos da bactéria, que podem estar presentes em instrumentos não esterilizados e utilizados para secção do cordão umbilical, como tesoura e fios para laqueadura do cordão.

➠Os esporos da bactéria também podem estar presentes em produtos do hábito cultural das populações, utilizados no curativo umbilical, como ervas, chás, pós e pomadas, entre outros.

Fatores de risco

São fatores de risco para o tétano neonatal as seguintes situações:

→Baixas coberturas da vacina antitetânica em mulheres em idade fértil;

→Partos domiciliares assistidos por parteiras tradicionais ou outros sem capacitação e sem instrumentos de trabalho adequados;

→Oferta inadequada de pré-natal em áreas de difícil acesso;

→Baixa qualificação do pré-natal;

→Alta hospitalar precoce e deficiente acompanhamento do recém-nascido e da puérpera;

→Hábito cultural inadequado, associado ao deficiente cuidado de higiene com o coto umbilical e higiene com o recém-nascido;

→Baixo nível de escolaridade das mães;

→Baixo nível socioeconômico;

→Baixa qualidade da educação em saúde.

Sintomas

O recém-nascido apresenta, em caso de tétano neonatal, os seguintes sinais e sintomas:
  • Choro excessivo;
  • Dificuldade para mamar e abrir a boca;
  • Irritabilidade;
  • Quando há presença de febre, ela é baixa;
  • Contraturas musculares ao manuseio ou espontâneas.
IMPORTANTE: O fato de não existir infecção no coto umbilical, não afasta a confirmação do tétano neonatal.

Diagnóstico

O diagnóstico do tétano neonatal é essencialmente clínico e não existe exame laboratorial específico para confirmação do diagnóstico. Exames laboratoriais são realizados apenas para controle das complicações e respectivas orientações do tratamento.

Diagnóstico Diferencial do Tétano Neonatal

➥Septicemia – na sepse do RN pode haver hipertonia muscular, porém o estado geral é grave e cursa com hipertermia ou hipotermia, alterações do sensório e evidências do foco séptico (diarreia, onfalite, etc.). O trismo não é frequente nem ocorrem os paroxismos espásticos.

➥Encefalopatias – podem cursar com hipertonia e o quadro clínico geralmente é evidente logo após o nascimento havendo alterações do sensório e crises convulsivas. O trismo não é uma manifestação frequente.

➥Distúrbios metabólicos – hipoglicemia, hipocalcemia e alcalose.

Outros diagnósticos diferenciais – principalmente, epilepsia, lesão intracraniana por traumatismo do parto, peritonites, onfalites e meningites.

Tratamento

O tratamento do tétano neonatal deve ser sempre em ambiente hospitalar. O paciente deve ser internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou em enfermaria apropriada, acompanhado por uma equipe médica e de enfermagem experiente e treinada na assistência dessa enfermidade, o que pode reduzir as complicações e a letalidade. 

➽É necessário a administração de imunoglobulina humana antitetânica ou soro antitetânico, antibiótico, sedativos e outras medidas de suporte que o caso exigir.

➽Com base na literatura, recomendam-se os princípios básicos do tratamento do tétano neonatal ressaltando que a adoção destas medidas terapêuticas é da responsabilidade médica, tendo o intuito de curar o paciente, diminuir a morbidade e a letalidade causada pela doença. Dessa forma, o tratamento consiste em:

➨Sedação do paciente antes de qualquer procedimento (sedativos e miorrelaxantes de ação central ou periférica).

➨Adoção de medidas gerais que incluem manutenção de vias aéreas permeáveis (entubar para facilitar a aspiração de secreções),hidratação, redução de qualquer tipo de estímulo externo, alimentação por sonda e analgésicos.

➨Utilização de IGHAT ou, em caso de indisponibilidade, administração do SAT.

➨Antibioticoterapia: os fármacos de escolha são a penicilina G cristalina ou metronidazol. Não há evidências suficientes que sustentem a superioridade de uma droga em relação à outra, embora alguns dados mostrem maior benefício com o uso do metronidazol.

IMPORTANTE: Outros sedativos e anticonvulsivantes (curare, hidrato de cloral a 10%, fenobarbital) poderão ser utilizados a critério médico.

Atendimento durante o parto e puerpério

➪O atendimento higiênico ao parto é medida fundamental na profilaxia do tétano neonatal. O material utilizado, incluindo instrumentos cortantes, fios e outros, deve ser estéril para o cuidado do cordão umbilical e do coto. 

➪As mães e os responsáveis devem ser orientados em todas as oportunidades sobe os cuidados com os recém-nascidos e o tratamento higiênico do coto umbilical com álcool a 70%. A consulta do puerpério é de extrema importância para orientações e detecções de práticas que predispõem à doença, bem como para a atualização do calendário vacinal tanto da mãe como da criança.

Prevenção

➡A vacina antitetânica (esquema completo e atualizado) tem uma eficácia de quase 100% na prevenção do Tétano Neonatal. Além da vacina, o parto limpo (asséptico), cuidados higiênicos e adequados com o coto umbilical são fundamentais na prevenção da doença.

Pré-Natal

👍A realização do pré-natal é extremamente importante para prevenir o tétano neonatal.




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