O trauma abdominal é uma lesão grave no abdômen, responsável por um número expressivo de mortes evitáveis. As lesões abdominais ocorrem muitas vezes em associação com outras, principalmente do tórax. Isso significa que contusão no abdômen pode estar acompanhada de lesão do tórax, bem como lesões penetrantes do abdômen podem levar a lesões também da cavidade torácica.
O
abdômen é a terceira região mais acometida no trauma contuso e lesão traumática
importante pode não ser reconhecida de forma suficientemente rápida.
Etiologia
➽Os
acidentes são uma causa comum de trauma abdominal fechado;
Os
cintos reduzem a incidência de trauma na cabeça e no peito, mas representam uma
ameaça para os órgãos abdominais, como os pâncreas e intestino, que normalmente
pressionadas contra a coluna vertebral.
As
crianças são especialmente vulneráveis a lesões abdominais dos cintos de
segurança, porque possuem regiões abdominais mais suaves e o cinto de segurança
não foi projetado para encaixá-las.
➽Colisões;
➽Queda
de Alturas;
➽Acidentes
de bicicleta;
➽Acidentes
associadas a pratica de esportes;
➽Ferimento
por arma de fogo,
➽Ferimentos
por arma branca.
Classificação
⇨O
trauma abdominal pode ser fechado ou aberto.
Diretos - Às
lesões por impacto contra o cinto de segurança nos acidentes.
Indiretos - São
de especial consequência às lesões por mecanismo de aceleração/ desaceleração também
nos acidentes de trânsito.
Este
tipo de trauma, também conhecido como contusão do abdômen, ocorre quando há
transferência de energia cinética, através da parede do abdômen, para os órgãos
internos, lesando-os. Isso
ocorre em colisões do abdômen contra anteparos, como:
⇢Painel;
⇢Cinto
de segurança abdominal;
⇢Volante
de veículos;
⇢Choque
de objetos contra o abdômen em atividades esportivas;
⇢Agressões
Físicas;
⇢Ondas
de choque provocadas por explosões em acidentes de trabalho;
⇢Choque
contra equipamentos de recreação infantil (balanças, gangorras);
Outro
mecanismo que leva a lesões de estruturas abdominais é a desaceleração súbita
que ocorre em quedas de desníveis, como:
⇢Muros;
⇢Telhados
e andaimes.
Levando
à ruptura das estruturas abdominais sólidas ou ocas, nos seus pontos de fixação.
Enfim,
qualquer trauma contra a região abdominal que não leve à solução de
continuidade da parede abdominal e que transfira energia, lesando órgãos
intra-abdominais.
O
trauma abdominal fechado pode ser associado à fratura da pelve, que leva à
perda adicional de grande quantidade de sangue par a cavidade abdominal ou
retroperitônio, sem sinais externos de hemorragia.
O
diafragma, músculo que separa o tórax do abdômen, pode romper-se em contusões
abdominais de vísceras, fazendo migrar o abdômen para o tórax, comprometendo a
expansão dos pulmões e a ventilação.
Trauma
Abdominal Aberto
Penetrantes
Afetam
o peritônio, comunicando a cavidade abdominal com o exterior. É quando ocorre
solução de continuidade, ou seja, a penetração da parede abdominal por objetos,
projéteis, armas brancas, ou a ruptura da parede abdominal provocada por
esmagamentos. A penetração limita-se à parede do abdômen sem provocar lesões
internas.
Perfurantes
Quando
há envolvimento visceral (de víscera oca ou maciça). É quando o objeto que
penetrar na cavidade abdominal atingir alguma víscera, lesando órgãos e
estruturas.
Lembrar
sempre que o projétil de arma de fogo ou a arma branca podem lesar estruturas do
tórax associadas ao abdômen. O ponto de penetração refere se não somente à
parede anterior do abdômen como também à parede lateral e à região dorsal ou
lombar.
Objetos
introduzidos na vagina ou no reto (situações conhecidas como empalamento) podem
penetrar a cavidade abdominal, pela lesão dessas estruturas, com grave
repercussão.
As
lesões abdominais compreendem ruptura ou laceração dos órgãos ocos, fazendo
extravasar conteúdo das vísceras (fezes, alimentos, bile, suco gástrico e
pancreático e urina), o que provoca a infecção conhecida por peritonite.
Assim
como de estruturas sólidas (fígado, baço, pâncreas e rins), causando
hemorragias internas, muitas vezes despercebidas logo após o trauma.
Sinais
e sintomas
Todo
paciente traumatizado deve ser atendido seguindo-se a sistematização do exame
primário do Advanced Trauma Life Support (ATLS).
- Dor no local do trauma;
- Dor abdominal difusa - peritonismo;
- Rigidez de parede - abdome em tábua;
- Sinais de choque hipovolêmico;
- Fraturas de costelas inferiores;
- Equimoses na parede abdominal e na bolsa escrotal, região dos flancos, ao redor do umbigo;
- Hematomas na parede abdominal;
- Ferimento na parede do abdome, dorso e no tórax, abaixo do mamilo;
- Sinal do “cinto de segurança”;
- Sangramento pela uretra, vagina e reto.
Diagnóstico
- Exame Físico – Importante, mas não confiável;
- Por Imagens – Rx, Tomografia;
- Laboratorial – Hmg, Tipagem Sanguínea.
Atendimento
Pré-hospitalar
→No
trauma abdominal, a hemorragia constitui prioridade de tratamento, por ser
causa de morte nas primeiras horas.
→Nenhum
tratamento instituído na fase pré-hospitalar do atendimento vai conter a
hemorragia de órgãos e estruturas abdominais. Em algumas vítimas, essa
hemorragia é mais lenta e dá certa estabilidade inicial, mas, se não
controlada, agrava as condições da vítima.
→As
medidas de acesso venoso e infusão de soro não devem retardar o encaminhamento
da vítima, mas são úteis em casos de transporte a longa distância, que
ultrapassem 10 minutos, e quando não retardem o atendimento definitivo.
→Comunicar
rapidamente o médico regulador quanto à natureza do trauma e ao estado
hemodinâmico, pela medida da pressão arterial e do pulso.
→Deslocar-se
ao hospital de referência após autorização do médico regulador sem maior
demora. A ambulância pode ser interceptada no seu percurso ao hospital pelo
médico para medidas de suporte avançado.
→Desobstruir
as vias aéreas permitindo boa ventilação;
→Ministrar
oxigênio a 12 ou 15 litros por minuto;
→Elevar
os membros inferiores (posição de choque);
→Aquecer
a vítima evitando a hipotermia, que agrava o estado de choque;
→Controlar
hemorragias externas de ferimentos ou imobilizar fraturas de ossos longos, como
fêmur e úmero, da maneira mais rápida possível, sem retardar o transporte, para
minimizar perdas adicionais de sangue;
→Em
caso de evisceração (saída de vísceras por ferimentos abdominais), limpar essas
vísceras de detritos grosseiros com soro fisiológico e cobri-las com plástico
esterilizado próprio para esse fim ou com compressas úmidas a fim de isolá-las
do meio ambiente. Em hipótese alguma, tentar reintroduzir as vísceras no
abdômen, porque o sangramento se agrava ou propicia o extravasamento de fezes.
→Em
casos de objetos que penetrem no abdômen, como pedaços de ferro, madeira ou
outros, nunca os retirar. Corte-os,
se necessário, e proteja-os para que não se movam durante o transporte. Esses
corpos estranhos só podem ser retirados em centro cirúrgico, onde haja
condições de controlar o sangramento.