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13 fevereiro 2020

Glândula de Bartholin

Bartholinite é a inflamação de uma glândula chamada Bartholin, localizada na parte interna da vagina, que serve para ajudar a mulher na lubrificação da região vaginal tanto no ato sexual como fora dele. Quando a abertura do Bartholin fica obstruída, o líquido volta para dentro da glândula, formando um cisto de dor aguda.

Se o fluido for infeccioso, provoca uma grande quantidade de pus, que fica por dentro da mucosa da vagina como se fosse um furúnculo, dando origem ao que se chama Bartolinite aguda.

As glândulas de Bartholin localizam-se na parte anterior da vagina, como mostra a imagem abaixo, e têm a função de lubrificá-la, principalmente durante o contato íntimo.

Etiologia

A causa da inflamação da glândula de Bartholin, no caso do aparecimento do cisto, é o acúmulo do líquido lubrificante dentro da própria glândula.

As causas da Bartolinite aguda estão relacionadas com a infecção da glândula de Bartholin por bactérias:

⇝Por conta de uma doença sexualmente transmissível, como Neisseria gonorrhoeae, causadora da gonorreia, ou Chlamydia trachomatis​, responsável pela clamídia através da prática de relações íntimas desprotegidas;

⇝Do trato intestinal, frequentemente Escherichia coli devido a maus cuidados de higiene íntima, como descuido ou lavagem incorreta da região, de trás para a frente.

Em caso de suspeita de bartolinite, deve-se consultar seu médico para ele avaliar, e se for necessário, instituir o melhor tratamento.

Sintomas

Os sintomas da inflamação das glândulas de Bartholin, quando ainda não foram infectadas por bactérias, geralmente só incluem a formação do cisto de Bartholin, podendo a região ficar avermelhada, inchada e dolorida. Porém, normalmente o cisto de Bartholin não apresenta sintomas.

Por outro lado, os sintomas da infecção da glândula de Bartholin incluem:
  • Saída de pus;
  • Região avermelhada, quente, muito dolorida e inchada, semelhante a um furúnculo;
  • Em estágios mais avançados, é visível um nódulo próximo da abertura vaginal;
  • Sensação de bola ou caroço na vagina;
  • Dor e desconforto ao caminhar ou sentar;
  • Dor durante o contato íntimo;
  • Febre.

​​Estes sintomas só acontecem quando as glândulas de Bartholin estão infeccionadas por bactérias.

Tratamento
  • Remédios anti-inflamatórios, analgésicos e antibióticos, quando há infecção; ​​
  • Banhos de assento com água quente;
  • Drenagem cirúrgica do cisto;
  • Marsupialização que é uma técnica cirúrgica;

Cirurgia de remoção ou Bartolinectomia.

O tratamento da inflamação da glândula de Bartholin deve ser realizado sob orientação do médico. Mas um excelente tratamento natural para a inflamação da glândula de Bartholin é o remédio caseiro com chá de barbatimão e aroeira que é feito com 15 g da casca destas plantas e meio litro de água, bebendo 4 xícaras por dia.

Prevenção

O aparecimento do cisto de Bartholin pode ser evitado através do uso de preservativo e a manutenção de hábitos de higiene da região íntima.

Prognóstico

Há uma boa chance de que este problema melhore rapidamente. O cisto de glândula de Bartholin pode responder só com alguns dias de compressas de água morna. Quando algum abscesso requer uma incisão (drenagem), a cura pode levar alguns dias ou semanas, dependendo do tamanho do abscesso. Cistos e abscessos recorrentes (que voltam sempre), tratados com um cateter ou marsupialização, podem levar muito mais tempo para curar. Porém, estes procedimentos são altamente efetivos para impedir que as infecções voltem.



07 fevereiro 2020

Vaginose bacteriana


A vaginose bacteriana é a infecção vaginal mais frequente e a principal causa de corrimento vaginal anormal em mulheres em idade reprodutiva. Esta síndrome acomete o trato genital feminino inferior, sendo caracterizada por uma acentuada redução na microbiota vaginal normal, constituída predominantemente pelos lactobacilos, e um crescimento exacerbado de uma variedade de bactérias anaeróbicas.

Causas

A vagina é um órgão naturalmente habitado por diversas bactérias, algumas “boas”, algumas “ruins”. Os lactobacilos são as bactérias “boas” e encontram-se normalmente em maior quantidade (cerca de 95% da população), impedindo o crescimento de bactérias potencialmente causadoras de doenças através do controle do pH vaginal e da competição por alimentos.

A vaginose bacteriana ocorre quando há uma ruptura deste equilíbrio, acarretando em uma diminuição dos lactobacilos e um crescimento da flora “ruim” que pode ser composta por diversas bactérias, entre elas:
  • Gardnerella vaginalis,
  • Prevotella,
  • Porphyromonas,
  • Bacteroides,
  • Peptostreptococcus,
  • Mycoplasma hominis,
  • Ureaplasma urealyticum,
  • Mobiluncus,
  • Fusobacterium;
  • Atopobium vagina.
Sintomas

Podem variar consideravelmente de paciente para paciente, podendo existir até casos em os pacientes não apresentam nenhum sintoma. Contudo, quando é sintomático, os sinais que podem alertar que você sofre de vaginose bacteriana são:

➡Corrimento vaginal de cor branca (ou acinzentada, pouco espesso e que liberta um cheiro desagradável, muito semelhante ao do peixe). Este odor pode se acentuar depois das relações sexuais e antes de chegar à menstruação;

➡Coceira na vulva e na vagina;

➡Sensação de queimação ao urinar.

Diagnóstico

O diagnóstico é baseada no conjunto de sintomas e achados laboratoriais.

Amostras das secreções

→Através do exame das secreções é possível avaliar o pH da vagina (que fica menos ácido na vaginose) e procurar por micro-organismos através de um microscópio. Na vaginose há um teste simples,  feito no próprio consultório, que consiste na adição de hidróxido de potássio 10% na secreção vaginal para aumentar a liberação do característico cheiro forte de peixe.

→Através do exame no microscópio é possível identificar as chamadas clue-cells, células típicas da vaginose bacteriana. Também é possível identificar outros germes que causam corrimento que não a vaginose, como fungos.

→A cultura das secreções para identificação de bactérias não tem papel no diagnóstico uma vez que até 60% das mulheres sem vaginose possuem Gardnerella vaginalis e outras bactérias em suas vaginas. Ter Gardnerella vaginalis não significa que necessariamente a mulher irá desenvolver vaginose.

Tratamento

⟶Em alguns casos, a vaginose bacteriana pode ser totalmente assintomática, dificultando o diagnóstico. Nesses casos, somente um exame laboratorial de papanicolau para constatar a presença da infecção.

⟶Em cerca de 1/3 dos casos, a vaginose desaparece mesmo sem tratamento, devido à recuperação da população natural de lactobacilos na vagina. Portanto, como a chance de cura espontânea é relevante, só indicamos tratamento caso existam sintomas ou se a paciente esteja prestes a realizar uma cirurgia ginecológica.

Antibióticos

O tratamento, quando indicado, é feito com antibióticos por via oral ou intravaginal. Os mais prescritos são o metronidazol ou a clindamicina por sete dias. Tinidazol ou secnidazol também são boas opções.

Os esquemas terapêuticos mais indicados são:

➱Metronidazol comprimidos de 500 mg, por via oral, duas vezes ao dia por 7 dias;

➱Gel de metronidazol 0,75%, um aplicador completo (5 g) por via intravaginal, uma vez ao dia por 5 dias;

➱Creme de clindamicina 2%, um aplicador completo (5 g) por via intravaginal ao deitar por 7 dias;

➱Tinidazol 2 g, por via oral, uma vez ao dia por 2 dias;

➥O consumo de álcool deve ser evitado durante o tratamento com metronidazol, pois essa mistura aumenta o risco de reação do tipo dissulfiram. A abstinência do uso de álcool deve continuar por 24 horas após a conclusão do metronidazol;

➥Quando é prescrito um curso de clindamicina por via intravaginal deve-se evitar relações sexuais com preservativos por até cinco dias após o término do tratamento, pois o antibiótico é feito à base de óleo e enfraquece o látex, diminuindo sua eficácia como barreira de proteção;

➥Como a vaginose não é necessariamente uma DST, não é necessário tratar o parceiro. Não há evidências de que o tratamento do parceiro influencie na taxa de cura da paciente. Em casos de relação homossexual entre mulheres ainda há dúvidas se o tratamento da parceira é necessário.

Complicações

👉Se não tratada pode trazer algumas complicações mais sérias tais como:

➡Inflamação pélvica, a qual envolve a infecção do trato genital superior (DIP);

➡Infertilidade, causada por danos nas trompas de Falópio;

➡Doenças sexualmente transmissíveis como a gonorreia, clamídia, herpes genital, VIH e infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV);

Em mulheres grávidas como vaginose bacteriana podem também ter um maior risco de: 

→Corioamnionite (inflamação das membranas fetais);

→Parto prematuro e endometrite pós-parto (irritação ou inflamação do revestimento interno do útero após o parto).



05 fevereiro 2020

Abortamento


Interrupção da gravidez antes das 20 - 22 semanas de gestação ou expulsão do feto com menos de 500gr. Pode ser espontâneo ou provocado (quando medicamento ou manobra, o induziu).

Incidência
15% de todas as gestações terminam espontaneamente entre a 4ª e 20ª semana de gestação. Antes de 4 semanas estas cifras são mais elevadas (40a 45%), porém não se faz o diagnóstico.

Em ¾ das observações os abortos são precoces (até 12 semanas) e, na parcela restante, rotulado tardio (após 12 semanas).

Etiologia

Causas embrionárias ou fetais:
  • Cromossomopatias (principal causa de abortamentos precoces);
  • Ovopatias.
Causas maternas
  • Ginecopatias; 
  • Doenças Sistêmicas; 
  • Infecções; 
  • Fatores Hormonais; 
  • Mecanismos Imunológicos; 
  • Traumatismos e outros.
Propedêutica
  • Presença de gravidez (História Clínica, ßHCG e USG);
  • Volume uterino (USG e Toque combinado);
  • Perdas Vaginais (sangramento ou partes fetais);
  • Características cervicais (dilatação);
  • Exame especular (constatar a origem intra-uterina do sangramento).
Exames complementares
  • Tipagem Sanguínea - Hemograma completo (rastrear perdas e processo infeccioso);
  • Beta HCG sérico;
  • Ultra-sonografia (vitalidade do concepto, presença de restos ovulares, idade gestacional);
Diagnóstico diferencial
  • Doença Trofoblástica Gestacional;
  • Gravidez ectópica;
  • Patologias benignas do trato genital inferior (lacerações do colo ou vagina, erosões cervicais, pólipos);
  • Patologias malignas (que causem sangramento, principalmente do colo uterino).
Tipo de abortamento

👉Ameaça de aborto

Sangramento genital de intensidade variada e dor em baixo ventre.

Ao exame: colo fechado, útero de volume compatível com a idade gestacional.

👉Abortamento em curso

Sangramento genital e dor pélvica tipo cólica (ambos de intensidade variável). 

Ao exame: fundo uterino compatível com idade gestacional, colo uterino dilatado, tocando-se por vezes parte do ovo.

👉Aborto incompleto

Perda sanguínea e dor tipo cólica (ambos de intensidade variável).

Ao exame: colo uterino aberto, identificação de restos ovulares ao toque, fundo uterino menor que o esperado para a idade gestacional.

👉Aborto Completo

História clínica retrospectiva: paciente informa sangramento e cólicas, expulsão de material embrionário e logo após diminuição ou cessação da sintomatologia.

Ao exame: colo uterino fechado, útero menor que o esperado para a idade gestacional, sangramento ausente ou em dedo de luva. Diagnóstico confirmado através de ultrassonografia.

👉Aborto retido

Na maioria das vezes, achado ultra-sonográfico. Paciente pode referir desaparecimento abrupto dos sinais e sintomas próprios da gravidez.

Ao exame: útero pode se apresentar compatível ou menor que o esperado para a idade gestacional; sangramento se presente, discreto; colo fechado.

Em gestações incipientes se aconselha a realização de ultrassonografia e dosagem sérica de Beta HCG seriados para confirmar o diagnóstico (tempo em que a maioria dos casos se resolve espontaneamente).

👉Aborto infectado

Qualquer das formas do abortamento, acompanhadas por febre, fluxo vaginal com odor fétido e dor à mobilização uterina.

Podemos também observar: Sudorese e calafrios, Taquicardia, Taquisfigmia e Taquipnéia; Cianose; Icterícia; Agitação; Hipotensão e Choque, dependendo da gravidade.

O útero geralmente se encontra amolecido; poderá haver sinais de irritação peritonial (abdome agudo infeccioso). Grito de Douglas - pensar em abscesso em fundo-de-saco.

Tratamento

Ameaça de aborto

→Tratamento ambulatorial exceto em situações de sangramento de vulto.

Aconselha-se: repouso, abstinência sexual, antiespamódicos caso necessário, apoio emocional.

Abortamento em curso

→Internamento, Tipagem Sanguínea - Hemograma (rastrear perdas e processo infeccioso);

→Repor perdas, caso necessário;

→Promover analgesia;

Aguardar evolução do trabalho abortivo, procurando assim evitar a dilatação instrumental do colo uterino, principalmente nos abortos tardios (superiores a 12 semanas), só se praticando o esvaziamento uterino após a expulsão do concepto. Se paciente Rh Negativo, administrar, imunoglobulina Anti-D (300 microgramas IM).

Aborto incompleto
  • Internamento;
  • Tipagem Sanguínea - Hemograma (rastrear perdas e processo infeccioso);
  • Repor perdas, caso necessário;
  • Esvaziamento uterino.Se paciente Rh Negativo, administrar, imunoglobulina Anti-D.
Aborto completo

→Expectação em nível ambulatorial.

Aborto retido
  • Internamento, em gestações superiores a 12 semanas, realizar estudo da coagulação;
  • Indução do trabalho abortivo;
  • Esvaziamento uterino, que só deve ser realizado após a expulsão do concepto, caso a gestação seja superior a 12 semanas;
  • Se paciente Rh Negativo, administrar, imunoglobulina Anti-D (300 microgramas IM).
Aborto infectado
  • Internação;
  • Solicitação de Exames: Hemograma Completo, Tipagem Sanguínea, Estudos da Coagulação, Sumário de Urina; Uréia, Creatinina, Bilirrubinas (total e frações), nos casos mais graves (suspeita de peritonite e/ou septicemia);
  • Punção de veia de grosso calibre com agulha calibrosa (reposição de líquidos e hemoderivados caso necessário);
  • Cateterismo vesical com sonda de Foley nos casos mais graves;
  • Hidratação com Solução Fisiológica 0,9% (manter diurese > 30 ml/hora);
  • Iniciar antibioticoterapia de largo espectro (anaerobicida + aminoglicosídeo, caso necessário acrescentar ampicilina - ação contra enterococos);
  • Providenciar esvaziamento uterino de acordo com a evolução do quadro abortivo;
  • Administrar substâncias ocitócicas com a finalidade de promover um esvaziamento uterino mais seguro;
  • Manter terapia endovenosa por 24 a 48 horas após o último pico febril;
  • Quadro febril persistente pensar em complicações clínicas (antibioticoterapia inadequada, tromboflebite pélvica) e cirúrgicas (perfuração uterina, abscessos);
  • A laparotomia deve ser reservada para casos graves (massas anexiais, perfuração uterina, sepse, gangrena uterina), sempre pensar na possibilidade da realização de histerectomia total e por vezes pode também se tornar necessário a ablação dos anexos;

Aguardar evolução do trabalho abortivo, procurando assim evitar a dilatação instrumental do colo uterino, principalmente nos abortos tardios (superiores a 12 semanas), só se deve manipular a cavidade uterina após a expulsão do concepto. 

Se paciente Rh Negativo, administrar, imunoglobulina Anti-D (300 microgramas IM).

Indução

➡MISOPROSTOL - 200mcg (1 comprimido) por via vaginal a cada 6 horas; procurar depositar o comprimido no fundo do saco posterior;

➡OCITOCINA - 20 U (4 ampolas) associadas em 500 ml de solução fisiológica ou glicosada a 5%, infundindo 8 gotas/min, aumentando 4 gotas a cada hora até se atingir a atividade contrátil uterina.

Observação: extrema cautela durante a utilização de substâncias ocitócicas, principalmente naquelas pacientes com história de cicatriz uterina anterior.

Técnicas de esvaziamento uterino:


Curetagem uterina

Realizada manualmente, com a introdução dos dedos indicador e médio envolvidos em gaze através do colo uterino, procurando remover restos placentários. 
Indicada em casos de abortos tardios com útero volumoso e permeabilidade total do colo uterino. Na maioria das vezes se torna necessário a complementação com curetagem mecânica.

Curetagem mecânica
  • Esvaziamento vesical;
  • Posição adequada;
  • Anestesia;
  • Assepsia e anti-sepsia da genitália;
  • Toque bimanual (volume e posição do corpo uterino, condições cervicais);
  • Inserção de especulo, exposição e pinçamento do colo uterino;
  • Dilatação instrumental do colo, caso necessário (Velas de Hegar); - Utilização da pinça de restos;
  • Seleção das curetas;
  • Raspagem no sentido horário;
  • Retirar a cureta o menos possível;
  • Atenção para o fundo uterino e cornos uterinos;
  • Empunhadura cuidadosa da cureta;
  • Uso de uterotônicos;
  • Anatomia Patológica em casos suspeitos de doença trofoblástica gestacional.
Aspiração manual intra-uterina (AMIU)

Método de preferência para a prática do esvaziamento uterino, importante passo para a Humanização do tratamento do aborto;

Em relação à curetagem mecânica, apresenta as seguintes vantagens:
  • Possibilidade de ser realizada em nível ambulatorial;
  • Menor tempo de hospitalização;
  • Mais rápida;
  • Menos traumática;
  • Menor incidência de perfuração;
  • Menor sangramento;
  • Menor incidência de infecção.
Histerotomia

Indicação restrita a casos extremos onde exista impossibilidade de esvaziamento através do colo uterino; mortalidade maior em 44 vezes quando comparado com dilatação e curetagem no primeiro trimestre.

Complicações
  • Perfuração uterina (1;111 a 1:2500);
  • Lacerações cervicais;
  • Lesões estruturais do Orifício Interno do colo uterino;
  • Dano ao endométrio;
  • Sinéquia uterina;
  • Infecção.
Conduta na perfuração uterina
  • Não manipular com pinça de restos;
  • Concluir a curetagem delicadamente;
  • Utilizar substâncias ocitócicas;
  • Monitorizar a paciente clinicamente e laboratorialmente (hemograma);
  • Antibioticoterapia profilática;
  • Caso apresente sinais de abdome agudo a laparotomia é indicada com a finalidade de se praticar a histerorrafia e pesquisar lesões em órgãos vizinhos.
  • Quando necessário o esvaziamento pode ser completado através da lesão uterina antes de se praticar a histerorrafia.
Antibioticoterapia no aborto infectado/antibiótico dose administração duração:

➡Gentamicina 1,5 mg/kg a cada 8 horas EV, IM - 7-10 dias
➡Clindamicina 600 a 900 mg a cada 6 horas EV - 7-10 dias
➡Amicacina 15 mg/kg/dia a cada 12 horas IM, EV - 7-10 dias
➡Metronidazol 500 mg a 1 g a cada 6 horas EV - 7-10 dias
➡Ampicilina 1 g a cada 6 horas EV - 7-10 dias


01 fevereiro 2020

Depressão pós-parto (DPP)


É uma forma de depressão que afeta mulheres após terem dado à luz a um bebê. Estima-se que cerca de 60% das novas mães passam por uma forte melancolia após o parto conhecida internacionalmente como baby blues. No Brasil cerca de 40% desenvolvem depressão sendo que 10% apresentem a sua forma mais severa. Recomenda-se que uma psicoterapia seja iniciada o mais rápido possível.

A depressão pós-parto ocorre logo após o parto. Os sintomas incluem tristeza e desesperança. Muitas novas mães experimentam alterações de humor e crises de choro após o parto, que se desvanecem rapidamente. Elas acontecem principalmente devido às alterações hormonais decorrentes do término da gravidez. No entanto, algumas mães experimentam esses sintomas com mais intensidade, dando origem à depressão pós-parto. Raramente, pode ocorrer uma forma extrema de depressão pós-parto, conhecida como psicose pós-parto.

Acreditava-se que somente as mães sofriam desse mal, no entanto, novos estudos mostram que elas também podem afetar os pais.

Depressão pós-parto não é uma falha de caráter ou uma fraqueza. Se você tem depressão pós-parto, o tratamento imediato pode ajudar a gerir os seus sintomas e desfrutar de seu bebê.

Causas

A depressão pós-parto, assim como a maioria dos transtornos psicológicos, tem como causas fatores biológicos, psicológicos e sociais. Caso a mãe já apresente depressão antes do parto é provável que ocorra seu agravamento. As grandes alterações hormonais durante a gravidez e a diminuição após o parto são um dos principais responsáveis, porém existe uma clara relação entre o suporte social principalmente do parceiro e família, do planejamento da gravidez, de problemas de saúde da criança, dificuldade em voltar ao trabalho, dificuldade sócio-econômica e estado civil com a presença e gravidade da depressão.

Incidência

No Brasil estudos mostram uma prevalência por volta de 40%, enquanto a americana de 60%.

Sintomas

Alguns dos sintomas mais comuns são:
  • Tristeza;
  • Desesperança;
  • Baixa auto-estima;
  • Culpa;
  • Anedonia;
  • Distúrbios de sono;
  • Distúrbios na alimentação;
  • Cansaço e falta de energia;
  • Desinteresse sexual;
  • Aumento na ansiedade;
  • Irritabilidade;
  • Sentimento de incompetência;
  • Isolamento social.

Tratamento

Pode ser tratada com Inibidor seletivo de receptação de serotonina, porém como a maioria dos antidepressivos passam para o leite materno é necessário o uso de substitutos adequados. Logo a psicoterapia é o tratamento mais recomendado. Para mães que preferem resultados mais rápidos a terapia cognitivo-comportamental e a terapia analítico-comportamental demoram por volta de 6 meses.
Uma alimentação adequada, rica em Ômega 3 e sais minerais, e exercícios também são importantes para melhorar o humor e a saúde em geral.
Não há uma única causa para depressão pós-parto. Fatores físicos, emocionais e de estilo de vida podem influenciar de alguma forma no surgimento da doença.

Mudanças físicas

Após o parto, ocorre uma queda dramática nos hormônios estrogênio e progesterona, e essas mudanças por si só podem contribuir para um quadro de depressão pós-parto. Outro hormônio produzido pela glândula tireoide também pode cair bruscamente - o que pode aumentar o cansaço e sensação de tristeza. Mudanças no seu volume de sangue, pressão arterial, sistema imunológico e metabolismo podem contribuir para a fadiga e alterações de humor.

Fatores emocionais

Quando você está privado de sono e sofrendo algum tipo de estresse ou pressão psicológica, você pode ter problemas para lidar com situações do dia a dia. A mãe também pode se sentir menos atraente ou sentir que perdeu o controle sobre sua vida. Qualquer um desses fatores pode contribuir para a depressão pós-parto.

No caso dos homens, a depressão pós-parto pode surgir por conta da preocupação com sua própria capacidade de educar um recém-nascido. A ansiedade em prover uma boa vida para a criança, o aumento das responsabilidades e o suporte que se deve dar ao parceiro (a) estão entre as causas do problema. Apesar de essas causas serem comuns nos pais, também podem ocorrer com as mães.

Estilo de vida

Muitos fatores de estilo de vida podem levar à depressão pós-parto, incluindo um bebê exigente, dificuldade de amamentação, filhos mais velhos com ciúmes, problemas financeiros, falta de apoio do parceiro ou de outros entes queridos.

Fatores de risco

➡História de depressão pós-parto anterior;
➡Falta de apoio da família, parceiro e amigos;
➡Estresse, como um recém-nascido doente, problemas financeiros ou problemas familiares;
→Limitações físicas anteriores ou após o parto;
➡Depressão durante a gravidez;
➡Depressão anterior;
➡Transtorno bipolar;
➡História familiar de depressão ou transtorno bipolar;
➡História de desordem disfórica pré-menstrual (PMDD), que é a forma grave de tensão pré-menstrual (TPM);

Violência doméstica, que podem aumentar durante a gravidez e quando um casal está se ajustando a um novo bebê. Se o seu parceiro é violento ou emocionalmente abusivo, você e seu bebê estão fisicamente em risco, e você tem um maior risco de depressão pós-parto. Procure ajuda se possível.
  • Perder ou ganhar peso;
  • Vontade de comer mais ou menos do que o habitual;
  • Dormir muito ou não dormir o suficiente;
  • Inquietação ou indisposição;
  • Cansaço e energia;
  • Sentimento de indignação ou culpa;
  • Dificuldade para se concentrar ou tomar decisões;
  • Ansiedade e excesso de preocupação.

Psicose pós-parto

Existem também o risco de psicose pós-parto, estimado entre 2 e 4 a cada 1000 partos. Muito mais grave que a depressão, na psicose a perda de contato com a realidade que pode incluir alucinação, delírios, fala desorganizada, humor instável, medo patológico e comportamentos violentos contra si e contra os outros. Pode ser necessário a internação.

Esta condição grave é mais susceptível de afetar as mulheres que têm distúrbio bipolar ou histórico de psicose pós-parto. Os sintomas, que começam geralmente durante as primeiras três semanas após o parto, incluem:

👉Sentir-se desconectada com seu bebê e com as pessoas em seu entorno;
👉Sono perturbado, mesmo quando o bebê está dormindo;
👉Pensamento extremamente confuso e desorganizado, aumentando o risco de prejudicar o bebê, a si mesma ou qualquer pessoa;
👉Mudanças drásticas de humor e comportamento bizarro;
Extrema agitação ou inquietação;
👉Alucinações, que pode ser visuais, auditivas, olfativas ou pode contato;
👉Pensamento delirante que não se baseia na realidade.

Diagnóstico

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria considera depressão pós-parto um subtipo de depressão maior. De acordo com o manual, para depressão pós-parto ser diagnosticada, os sinais e sintomas da depressão devem se desenvolver dentro de quatro semanas após o parto. Sinais de um episódio depressivo incluem, em parte:

➯Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias;
➯Redução de interesse e prazer nas atividades;
➯Mudança significativa no apetite ou mudança inesperada no peso;
➯Incapacidade de dormir (insônia) ou sonolência excessiva (hipersonia);
➯Agitação ou movimentos mais lentos;
➯Fadiga ou falta de energia;
➯Sentimentos de inutilidade;
➯Capacidade reduzida de pensar, concentrar-se ou tomar decisões;
➯Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Para distinguir entre um caso de curto prazo e uma forma mais grave de depressão, o médico ou médica pode pedir para você preencher um questionário de triagem de depressão. Além disso, o médico provavelmente irá realizar exames de sangue para determinar se uma disfunção da tiroide está contribuindo no quadro.

Se há histórico pessoal de depressão, depressão pós-parto, psicose pós-parto ou transtorno bipolar, é importante acompanhar com o médico ou médica de perto antes mesmo dos sintomas começarem. Alguns especialistas sugerem que as mulheres de alto risco tenham seu primeiro check-up pós-natal três ou quatro semanas após o parto, em vez das habituais seis semanas.

Tratamento:

↪Medicamentosos

Os antidepressivos são frequentemente utilizados, geralmente em combinação com a orientação e suporte.
Os antidepressivos são normalmente utilizados durante pelo menos seis meses.
Inibidores seletivos da receptação de serotonina
Antidepressivos tricíclicos.

↪Psicoterapia

O aconselhamento ajuda a prevenir e tratar a depressão pós-parto e depressão durante a gravidez. Para melhorar o sucesso do tratamento, ambos os pais devem tentar participar.
Terapia cognitivo comportamental ajuda a tomar conta da maneira como você pensa e sente.
Aconselhamento interpessoal fornece suporte emocional e ajuda na resolução de problemas e definição de metas.

↪Terapia hormonal

A reposição hormonal pode ajudar a neutralizar a queda rápida nos níveis de estrogênio que acompanha o parto, aliviando os sintomas de depressão pós-parto em algumas mulheres. Entretanto, ainda não é comprovado que a terapia hormonal possa prevenir ou tratar a depressão pós-parto. Tal como acontece com os antidepressivos, é importante pesar os riscos e benefícios potenciais do tratamento com terapia hormonal.

↪Psicose pós-parto

Psicose pós-parto requer tratamento imediato, muitas vezes no hospital. Quando a segurança da paciente está garantida, uma combinação de medicamentos - como antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor - pode ser usado para controlar os sintomas. Às vezes, a eletroconvulsoterapia é recomendada também.
O tratamento para a psicose pós-parto pode afastar a mãe do bebê por muito tempo e tornar a amamentação difícil, e alguns medicamentos utilizados para tratar a psicose pós-parto não são recomendados para mulheres que estejam amamentando.

Complicações

Se não for tratada, a depressão pós-parto pode interferir com o vínculo mãe-filho e causar problemas familiares. Filhos de mães que têm depressão pós-parto não tratada são mais propensos a ter problemas de comportamento, como dificuldades para dormir e comer, crises de birra e hiperatividade. Os atrasos no desenvolvimento da linguagem são mais comuns também.
Depressão pós-parto não tratada pode durar meses ou mais, por vezes tornar-se um distúrbio depressivo crônico. Mesmo quando tratada, depressão pós-parto aumenta o risco de futuros episódios depressivos.

Prevenção
  • Manter uma alimentação saudável,
  • Fazer exercício físico e receber apoio na medida do possível.
  • Evitar uso álcool e outras drogas.