Pesquisadores
americanos analisaram dados prévios de 33 mil pessoas.
O consumo
regular de bebidas doces como refrigerantes aumenta o risco genético de uma
pessoa se tornar obesa, aponta uma nova pesquisa feita pela Faculdade de Saúde
Pública da Universidade Harvard, nos EUA. Isso significa que os produtos adicionados
de açúcar podem alterar o DNA da pessoa e fazer com que ela transmita o gene da
obesidade a seus filhos, por exemplo.
A
probabilidade de quem toma uma porção de refrigerante por dia engordar é o
dobro de quem ingere menos de uma dose por mês.
O estudo
foi publicado nesta sexta-feira (21) na edição online da revista científica
"New England Journal of Medicine". Segundo os autores, liderados pelo
professor Lu Qi, o trabalho reforça a tese de que fatores ambientais e
genéticos atuam em conjunto para controlar as chances de alguém ficar mais
suscetível ao ganho de peso.
O estudo
se baseou em dados de três levantamentos prévios, que envolveram 121.700
mulheres, 25 mil mulheres e 51.529 homens, respectivamente. Desse total, foram
analisados apenas 6.934 mulheres do primeiro trabalho, 4.423 homens do segundo
e 21.740 mulheres do terceiro – estas últimas, de ascendência europeia.
Todos os
participantes responderam a questionários em que detalhavam sua alimentação,
incluindo a ingestão de bebidas ao longo dos anos. Eles foram divididos em
quatro grupos, de acordo com a quantidade consumida: aqueles que tomavam menos
de uma porção por mês, os que bebiam de uma a quatro por mês, os que ingeriam
de duas a seis por semana, e os que chegavam a uma ou mais por dia.
Para
representar uma predisposição genética global, que abrangesse pessoas de
diversas etnias, os cientistas calcularam 32 variações nas sequências de DNA
associadas ao índice de massa corporal (IMC), número obtido pela quantidade de
quilos dividida pelo quadrado da altura.
Nas
últimas três décadas, o consumo de bebidas açucaradas aumentou drasticamente em
todo o mundo. Embora haja evidências de uma ligação entre esses produtos, as
taxas de obesidade e doenças crônicas – como a diabetes tipo 2 –, pouco ainda
se sabia se esses líquidos interferiam no DNA humano e influenciavam a
predisposição genética ao acúmulo de gordura corporal.
Refrigerante
fora da dieta
Outra
pesquisa ligada ao tema foi publicada online nesta sexta no "New England
Journal of Medicine". Segundo pesquisadores do Hospital Infantil de
Boston, ligado à Faculdade de Medicina de Harvard, adolescentes que eliminam
bebidas doces da alimentação durante um ano ganham em média 1,8 kg a menos do
que aqueles que continuam tomando refrigerante.
Os
cientistas analisaram 224 jovens entre 14 e 16 anos, com sobrepeso ou
obesidade, que bebiam refrigerante regularmente. Para que o consumo do grupo
diminuísse, os pesquisadores resolveram oferecer, durante um ano, bebidas não
calóricas aos participantes e a suas famílias. No ano seguinte, foi feito um
acompanhamento.
Os
adolescentes hispânicos tiveram o maior benefício ao parar de beber
refrigerante adoçado: ganharam em média 6,3 kg a menos que o grupo de controle
– indivíduos que participaram do trabalho, mas não foram submetidos à
intervenção.
Segundo
os autores, os achados sugerem que os adolescentes são mais propensos a fazer
escolhas mais saudáveis quando há apoio e alternativas disponíveis.
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