04 março 2020

Ciclo Menstrual

O ciclo menstrual é um processo fisiológico que ocorre de modo cíclico em todas as mulheres férteis. A primeira menstruação da vida da mulher chama-se menarca, e a última, menopausa.

O ciclo menstrual

O ciclo menstrual inicia-se no primeiro da menstruação, dura em média 28 dias e termina no primeiro dia da menstruação seguinte. Algumas mulheres têm períodos mais curtos de até 21 dias enquanto outras possuem períodos mais longos, indo até 35 dias. Mulheres adolescente com menarca recente podem ter ciclos de até 45 dias, uma vez que seu sistema reprodutor ainda está amadurecendo. O mesmo prolongamento pode ocorrer com mulheres próximas da menopausa, quando já começa a haver sinais de falência dos ovários.
Os órgãos reprodutores das mulheres consistem em 2 ovários, 2 trompas, um útero e a vagina.
O ciclo menstrual é dividido igualmente em 2 fases: fase folicular e fase lútea. Para facilitar o entendimento, vamos considerar o ciclo normal aquele com 28 dias, sendo 14 dias de fase folicular e 14 dias de fase lútea.

Fase folicular

A fase folicular começa no primeiro dia da menstruação, ou seja, no primeiro dia do ciclo. No início desta fase, os hormônios estrogênio e progesterona estão baixos e o útero está menstruando, apesentando uma parede (endométrio) bem fina. O ovário nesta fase está em repouso.
Neste momento, a glândula pituitária (hipófise), que se localiza no sistema nervoso central, começa a aumentar a produção de um hormônio chamado hormônio folículo estimulante (FSH), que como o próprio nome diz, estimula os folículos do ovário.
Ao contrário dos homens que produzem seus espermatozóides continuamente, as mulheres nascem com um número contado de óvulos. São cerca de 450.000 e eles ficam estocados nos ovários, na forma imatura, dentro dos folículos ovarianos.
Na presença do FSH, os folículos começam a se desenvolver, crescendo e amadurecendo. Sete dias após o início do ciclo, é possível detectar na ultrassonografia do ovário vários folículos medindo entre 9 e 10 milímetros.
Estes folículos, agora, começam a produzir estrogênio. Conforme os níveis de estrogênio vão crescendo, um dos folículos se torna dominante, se desenvolvendo mais rápido que os outros, que na verdade, param de crescer e começam a involuir. O folículo dominante cresce cerca de 2 milímetros por dia até o tamanho final de 20 a 26 mm, quando completa seu desenvolvimento. Este folículo dominante é quem vai liberar o óvulo no momento da ovulação.
Além do desenvolvimento do folículo dominante, o estrogênio também age sobre o útero, preparando-o para uma eventual gravidez. A membrana da parede do útero, chamada de endométrio, começa a se proliferar, adquirindo camadas, tornando-se, assim, mais espessa.

Fase Lútea

O pico de estrogênio ocorre 1 dia antes da ovulação. No momento de concentração máxima do estrogênio, outro hormônio da hipófise é liberado, o hormônio luteinizante (LH). Estamos agora exatamente no meio do ciclo, 14º dia em casos de ciclos menstruais de 28 dias.
O pico de estrogênio e surgimento do LH, fazem com que a mulher comece a produzir um muco viscoso, chamado de muco fértil, que favorece a mobilidade dos espermatozoides.
A liberação do LH completa o processo de maturação do folículo dominante, e aproximadamente 36 horas após a sua liberação, ocorre o rompimento do folículo e a liberação do óvulo, ou seja, a mulher ovula.
Algumas mulheres apresentam dor no momento da ovulação pela irritação do peritônio após o rompimento do folículo ovariano. Esta dor se localiza na parte inferior do abdômen, no lado do ovário que ovulou. Esta dor pode durar algumas horas e costuma ser cíclica, ocorrendo praticamente tod0 mês. Esta síndrome recebe o nome de mittelschmerz, que significa dor do meio (do ciclo), em alemão.
Logo após o pico de LH que induz a ovulação, a temperatura corporal da mulheres se eleva discretamente, cerca de 0,5ºC, permanecendo assim por mais 10 dias.
A medicação da temperatura é um método bom para saber retrospectivamente se a mulher ovulou recentemente, mas essa subida costuma ocorrer tardiamente em relação a ovulação, não servindo para indicar o momento certo da relação sexual.

Corpo lúteo

Logo antes da ovulação, as células ao redor do folículo ovariano, sob influência do LH, começam a formar o corpo lúteo, estrutura responsável pela produção de estrogênio e, principalmente, progesterona. Quando a mulher ovula, o óvulo é liberado em direção às trompas, permanecendo apenas o corpo lúteo no ovário.
Durante toda a parte final do fase lútea, o corpo lúteo permanece produzindo a progesterona, que age inibindo a secreção de LH pela hipófise. No útero, a progesterona age interrompendo a proliferação do endométrio. Na verdade, a progesterona organiza as camadas da mucosa tornando-a mais homogênea, deixando-a rica em fluídos e nutrientes para o potencial feto. Quando se faz um ultra-som do útero na fase proliferativa do ciclo, é possível detectar 3 camadas distintas de endométrio. Quando o mesmo exame é feito na fase lútea, não há mais essa distinção e o endométrio encontra-se todo uniforme, pronto para receber o óvulo fecundado.
Como a progesterona inibe o LH, se o óvulo não for fecundado, a queda do LH faz com que o corpo lúteo começa a involuir, o que por sua vez provoca a queda na produção de progesterona e estrogênio pelo mesmo. Sem esses hormônios a grossa parede do endométrio não mais se sustenta, seu suprimento de sangue é cortado, e ela acaba por desabar, caracterizando a menstruação e reiniciando o ciclo na fase folicular.
A ovulação ocorre 14 dias antes do primeiro dia da próxima menstruação. Portanto, se você menstruou, conte 14 dias para trás e saberá quando ovulou.
Se o óvulo for fecundado, o embrião começa a produzir um hormônio chamado gonadotropina coriônica, responsável por manter o corpo lúteo e a produção de progesterona ativos.

Período fértil

Após a sua liberação, óvulo só fica viável por cerca de 12-24 horas. Isso significa que a fecundação é mais provável quando já há espermatozoides presentes antes da ovulação. Apesar do curto período de viabilidade do óvulo, o intervalo fértil é bem mais longo, pois, dependendo da qualidade do sêmen masculino, os espermatozoides podem ficar viáveis dentro do sistema reprodutor da mulher por até 5-7 dias. Portanto, o período fértil vai do 5º dia antes da ovulação até um dia após a mesma.
Homens com sêmen de pior qualidade podem ter espermatozoides que sobrevivam menos tempo, reduzindo assim, o período da janela fértil
O período de maior chance de fecundação ocorre quando há coito 1 ou 2 dias antes da ovulação.
Trabalhos atuais mostram que a qualidade do sêmen é maior quando ocorre intervalo de 2 a 3 dias entre as ejaculações. Por isso, indica-se o coito dia sim, dia não, ou a cada 2 dias. Para casais que querem engravidar, uma dica é ter relações sexuais 3 vezes por semana, iniciando-as logo após o fim da menstruação (para aprender a calcular o período fértil.

03 março 2020

Diabetes Mellitus

Diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina. A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose(açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo.

O pâncreas é uma glândula mista, com função exócrina e endócrina, localizada na cavidade abdominal. Sua função exócrina consiste na excreção de suco pancreático pelas células acinares no duodeno, e sua função endócrina, secreta insulina e glucagon pelas ilhotas pancreáticas no sangue.

O Diabetes Mellitus é uma síndrome de etiologia múltipla, que acomete a função endócrina do pâncreas, especificamente as células betas pancreáticas, responsáveis pela secreção da insulina. Trata-se, portanto de uma doença metabólica, caracterizada por hiperglicemia crônica, resultante de defeitos na secreção de insulina, podendo alterar o metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios.
Classificação

Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) ou insulinodependente, que ocorre por diminuição ou ausência da secreção de insulina pelas células beta, das ilhotas de Langerhans no pâncreas. Podendo ter sido ocasionada por fatores ambientais e autoimunes (destruição das células beta). O portador da doença (conhecido por diabético), geralmente apresenta massa corpórea bem diminuída;

Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) ou insulina-independente, que ocorre devido à resistência à insulina, e está intimamente associado à obesidade na maioria dos casos.
Existem ainda, outros tipos de diabetes (diabetes secundárias), que podem ser desencadeadas por doenças pancreáticas (vírus e/ou toxinas), doenças endócrinas (acromegalia e síndrome de Cushing).

Diabetes gestacional, ocorre por uma reação de intolerância à glicose durante o período gestacional. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser classificada como diabetes tipo 2.

Toda gestante deve fazer o exame de diabetes, regularmente, durante o pré-natal. Mulheres com a doença têm maior risco de complicações durante a gravidez e o parto.

Esse tipo de diabetes afeta entre 2 e 4% de todas as gestantes e implica risco aumentado do desenvolvimento posterior de diabetes para a mãe e o bebê.

Sintomas

Os principais sintomas do diabete são:

Fome e sede excessiva e vontade de urinar várias vezes ao dia.

Diabetes tipo 1:
  • Poliúria (aumento do volume urinário);
  • Polidipsia (aumento da sede);
  • Perda de peso;
  • Polifagia (fome excessiva);
  • Visão turva;
  • Fadiga;
  • Mudanças de humor;
  • Náusea e vômito.

Diabetes tipo 2:
  • Polifagia (fome excessiva),
  • Polidipsia (aumento da sede),
  • Poliúria (aumento do volume urinário),
  • Visão turva.
  • Doenças circulatórias;
  • Cistite Infecções frequentes na bexiga,
  • Pielonefrite infecções nos rins,
  • Infecções de pele;
  • Feridas que demoram para cicatrizar.

Fatores de risco

Diversos fatores podem ser considerados de risco para o desenvolvimento da doença, dentre os quais podemos citar como mais prevalentes.
  • Obesidade;
  • Hereditariedade;
  • Sedentarismo e a alimentação inadequada.
Outros fatores de risco que pode contribuir para o desenvolvimento do diabetes:

Etnia;
Idade acima de 45 anos - Apesar de ser uma doença cada vez mais prevalente em jovens, o diabetes tipo 2 é mais comum em indivíduos acima de 45 anos. Provavelmente, a queda na massa muscular e o aumento da gordura corporal que ocorrem com o envelhecimento desempenham papel importante nestes pacientes;
Uso de Cigarro, indivíduos que fumam apresentam 40% mais chances de desenvolver diabetes tipo 2 do que não fumantes;
Glicemia de jejum alterada;
Dieta hipercalórica;
Hipertensão;
Síndrome dos ovários policísticos (SOP), mulheres portadoras de SOP apresentam frequentemente resistência à insulina e, consequentemente, riscos de desenvolver diabetes tipo 2;
Diabetes gestacional;
Uso de corticoides – O uso prolongado de corticoides pode desencadear a diabetes;
Diagnóstico de pré-diabetes;
Colesterol alto ou alterações na taxa de triglicérides no sangue;
Sobrepeso, principalmente se a gordura estiver concentrada em volta da cintura;
Doenças renais crônicas;
Mulher que deu à luz criança com mais de 4kg;
Distúrbios psiquiátricos - esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar;
Apneia do sono.

Tratamento

Tratamento para o diabetes do tipo 1

Os pacientes que apresentam diabetes do Tipo 1 precisam de injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores considerados normais.

Recomendam que a insulina deva ser aplicada diretamente na camada de células de gordura, logo abaixo da pele.

Os melhores locais para a aplicação de insulina são barriga, coxa, braço, região da cintura e glúteo.

Além da insulina, alguns medicamentos podem ser inclusos no tratamento.

Tratamento para o diabetes do tipo 2

Já para os pacientes que apresentam diabetes Tipo 2, o tratamento consiste em identificar o grau de necessidade de cada pessoa e indicar, conforme cada caso, os seguintes medicamentos/técnicas:

Inibidores da alfaglicosidase: impedem a digestão e absorção de carboidratos no intestino;

Sulfonilureias: estimulam a produção pancreática de insulina pelas células;

Glinidas: agem também estimulando a produção de insulina pelo pâncreas.

O Diabetes Tipo 2 normalmente vem acompanhado de outros problemas de saúde. Por isso, é essencial manter acompanhamento médico para tratar, também, dessas outras doenças, que podem aparecer junto com o diabetes.

Complicações

O diabetes, quando não tratado corretamente, pode evoluir para formas mais graves e apresentar diversas complicações tais como:
👉Lesões circulatórias - Pé Diabético;
👉Lesões na Pele;
👉Alteração de humor, ansiedade e depressão;
👉Doença cardíaca;
👉Lesões renais;
👉Lesões oculares;
👉Lesões neurológicas;
👉Doença do foro dentário;
👉Disfunção sexual.

Prevenção

A melhor forma de prevenir o diabetes e diversas outras doenças é a prática de hábitos saudáveis.
Comer diariamente verduras, legumes e, pelo menos, três porções de frutas;
Reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras;
Parar de fumar;
Praticar exercícios físicos regularmente, (pelo menos 30 minutos todos os dias);
Manter o peso controlado.







29 fevereiro 2020

Colite


A colite ocorre quando há inflamação do intestino grosso (cólon). A doença pode ser tanto aguda quanto crônica, dependendo de sua gravidade.

Tipos

Existem diversos tipos de colite.

➥Colite ulcerativa

A colite ulcerativa é uma inflamação do intestino caracterizada pela presença de várias úlceras na parede intestinal que causam muito desconforto. As úlceras podem aparecer ao longo do intestino, em partes isoladas ou na parte final.  
A causa da colite ulcerativa ainda não é bem esclarecida, mas é possível que aconteça devido a fatores genéticos, muitas vezes relacionados ao sistema imune, e a infecções por vírus ou bactérias.

➥Colite isquêmica

A colite isquêmica é mais comum do lado esquerdo do cólon. Sintomas comuns são diarreia, dor abdominal e sangramento intestinal.

➥Colite por CMV (causado por infecção viral)

A colite por citomegalovírus é uma forma da doença causada por infecção viral na região do cólon. Este tipo de colite também pode ser contraído via relação sexual desprotegida, além de transfusões de sangue, saliva, urina e gotículas respiratórias.

➥Doença de Crohn (enterite regional)

A Doença de Crohn é uma doença inflamatória séria do trato gastrointestinal, que afeta predominantemente a parte inferior do intestino delgado e o intestino grosso (cólon). Este é um tipo crônico da doença e é provocado por uma desregulação do sistema imunológico.

➥Enterocolite

A Enterocolite é um tipo de colite que pode ser provocado tanto por infecção bacteriana ou viral quanto por medicamentos e intoxicação alimentar.

➥Colite pseudomembranosa

A colite pseudomembranosa é uma inflamação do cólon que acontece quando, em determinadas circunstâncias, uma bactéria chamada Clostridium difficile lesiona o intestino grosso por meio de sua toxina, levando à diarreia e ao surgimento de placas esbranquiçadas no interior do cólon.

Causas

👉Múltiplas razões podem levar uma pessoa a desenvolver um quadro de colite.

👉Infecções agudas e crônicas, incluindo intoxicação alimentar;

👉Distúrbios inflamatórios (principalmente nos casos de colite ulcerativa, Doença de Crohn, colite linfocítica e colagenosa);

👉Síndrome do intestino irritável;

👉Ausência de fluxo sanguíneo (no caso da colite isquêmica);

👉Radiação passada para o intestino grosso.

Sintomas

Os sintomas de colite também costumam variar de acordo com o tipo da doença. No geral, porém, eles podem apresentar sinais e sintomas em comum, como:
  • Dilatação abdominal;
  • Dor abdominal constante ou recorrente;
  • Fezes com sangue;
  • Calafrios;
  • Necessidade constante de evacuar;
  • Diarreia;
  • Desidratação;
  • Febre;
  • Aumento na flatulência.

Diagnóstico

➨Exame Físico;
➨Toque retal;
➨Exames Laboratoriais:
  • Exames de sangue,
  • Urina;
  • Fezes.

➨Exames de imagem:
  • Colonoscopia
  • Tomografia computadorizada;
  • Enema de bário.

Enema de bário

→Introdução de um meio de contraste radiopaco chamado "barite". Injetado no cólon através de uma cânula inserida pelo o ânus, este líquido opacificante permite que o radiologista visualize o cólon.

Tratamento

O tratamento de colite depende muito da causa subjacente, tem como objetivo estabilizar os sinais vitais do paciente e ajudar a controlar a dor.
  • Reidratação por via oral ou intravenosa;
  • Medicamentosos;
  • Cirúrgicos nos casos mais graves.

Complicações possíveis

Se não for tratada, colite pode evoluir para complicações mais graves.
  • Sangramento;
  • Perfuração no cólon;
  • Megacólon tóxico;
  • Lesão (ulceração).


Prevenção

A prevenção também depende da causa específica da colite. Em geral, uma boa alimentação e a prática de hábitos saudáveis ajudam a prevenir doenças gastrointestinais.