10 fevereiro 2020

Abscesso

O abscesso é uma bolsa de tecido inflamado preenchido com pus, resultado de quando uma infecção, geralmente bacteriana, penetra a pele e o sistema imune do corpo tenta combatê-la.

Os abscessos podem aparecer em qualquer lugar do corpo, tanto na pele, quanto em órgãos ou tecidos debaixo da epiderme. Porém as manifestações da doença são mais frequentes em áreas de dobra, como as axilas e virilha, por serem áreas com grande concentração de gânglios linfáticos, responsáveis por combater os microorganismos invasores que causam a infecção.

Causas

➨Pode ser causado por vários agentes patogénicos microbiológicos, como as bactérias piogénicas (incluindo, estreptococos, gonococos, entre outros).

Outras causas que podem levar a formação da doença:

➜Microorganismos

O abscesso também pode ser causado por outros microorganismos, como fungos ou infestação de amebas, parasita responsável por abscessos no fígado. A doença atinge os órgãos internos através da corrente sanguínea ou após penetrar os tecidos sobre a pele.

➜Substâncias químicas

A doença também pode ser causada por algumas substâncias químicas, como a essência de terebintina, líquido feito através da destilação de árvores que normalmente é utilizado em misturas de tintas, vernizes e polidores.

➜Bacilo de Koch

O bacilo de Koch, bactéria responsável pela tuberculose, também é capaz de formar abscessos.

Fatores de risco

➠Qualquer um pode adquirir a doença, mas sua ocorrência é mais frequente em pessoas com imunidade baixa, como em casos de:
  • Diabéticos;
  • Obesos;
  • Fumantes;
  • Alcoólatras;
  • Usuários de drogas;
  • Indivíduos expostos a higiene precária;
  • Imunodeficientes;
  • Pessoas que mantém alimentação rica em gorduras, principalmente carne de porco;
  • Pacientes com HIV, problemas circulatórios ou síndrome metabólica;
  • Pacientes em tratamento com corticoterapia ou quimioterapia.
Sinais e sintomas

Os sintomas de um abscesso podem variar de acordo com a área atingida, porém mantém as seguintes características independente da região:

⤍Manifestação de um nódulo, uma elevação na pele ou em qualquer tecido, caracterizado pelo aumento do volume na região;
⤏Dor ao toque;
⤏Inchaço;
⤏Calor;
⤏Rubor;
⤏Edema.


Tratamento

→Pequeno abscesso compressas quentes;

→Abscesso volumoso se faz necessário à drenagem;

→Abscesso de maiores dimensões, a drenagem, deixa um amplo espaço vazio (espaço morto), sofrerá cicatrização por segunda intenção e costuma ser usando drenos artificiais.

→Uso de antibióticos para evitar possível infecção.



07 fevereiro 2020

Vaginose bacteriana


A vaginose bacteriana é a infecção vaginal mais frequente e a principal causa de corrimento vaginal anormal em mulheres em idade reprodutiva. Esta síndrome acomete o trato genital feminino inferior, sendo caracterizada por uma acentuada redução na microbiota vaginal normal, constituída predominantemente pelos lactobacilos, e um crescimento exacerbado de uma variedade de bactérias anaeróbicas.

Causas

A vagina é um órgão naturalmente habitado por diversas bactérias, algumas “boas”, algumas “ruins”. Os lactobacilos são as bactérias “boas” e encontram-se normalmente em maior quantidade (cerca de 95% da população), impedindo o crescimento de bactérias potencialmente causadoras de doenças através do controle do pH vaginal e da competição por alimentos.

A vaginose bacteriana ocorre quando há uma ruptura deste equilíbrio, acarretando em uma diminuição dos lactobacilos e um crescimento da flora “ruim” que pode ser composta por diversas bactérias, entre elas:
  • Gardnerella vaginalis,
  • Prevotella,
  • Porphyromonas,
  • Bacteroides,
  • Peptostreptococcus,
  • Mycoplasma hominis,
  • Ureaplasma urealyticum,
  • Mobiluncus,
  • Fusobacterium;
  • Atopobium vagina.
Sintomas

Podem variar consideravelmente de paciente para paciente, podendo existir até casos em os pacientes não apresentam nenhum sintoma. Contudo, quando é sintomático, os sinais que podem alertar que você sofre de vaginose bacteriana são:

➡Corrimento vaginal de cor branca (ou acinzentada, pouco espesso e que liberta um cheiro desagradável, muito semelhante ao do peixe). Este odor pode se acentuar depois das relações sexuais e antes de chegar à menstruação;

➡Coceira na vulva e na vagina;

➡Sensação de queimação ao urinar.

Diagnóstico

O diagnóstico é baseada no conjunto de sintomas e achados laboratoriais.

Amostras das secreções

→Através do exame das secreções é possível avaliar o pH da vagina (que fica menos ácido na vaginose) e procurar por micro-organismos através de um microscópio. Na vaginose há um teste simples,  feito no próprio consultório, que consiste na adição de hidróxido de potássio 10% na secreção vaginal para aumentar a liberação do característico cheiro forte de peixe.

→Através do exame no microscópio é possível identificar as chamadas clue-cells, células típicas da vaginose bacteriana. Também é possível identificar outros germes que causam corrimento que não a vaginose, como fungos.

→A cultura das secreções para identificação de bactérias não tem papel no diagnóstico uma vez que até 60% das mulheres sem vaginose possuem Gardnerella vaginalis e outras bactérias em suas vaginas. Ter Gardnerella vaginalis não significa que necessariamente a mulher irá desenvolver vaginose.

Tratamento

⟶Em alguns casos, a vaginose bacteriana pode ser totalmente assintomática, dificultando o diagnóstico. Nesses casos, somente um exame laboratorial de papanicolau para constatar a presença da infecção.

⟶Em cerca de 1/3 dos casos, a vaginose desaparece mesmo sem tratamento, devido à recuperação da população natural de lactobacilos na vagina. Portanto, como a chance de cura espontânea é relevante, só indicamos tratamento caso existam sintomas ou se a paciente esteja prestes a realizar uma cirurgia ginecológica.

Antibióticos

O tratamento, quando indicado, é feito com antibióticos por via oral ou intravaginal. Os mais prescritos são o metronidazol ou a clindamicina por sete dias. Tinidazol ou secnidazol também são boas opções.

Os esquemas terapêuticos mais indicados são:

➱Metronidazol comprimidos de 500 mg, por via oral, duas vezes ao dia por 7 dias;

➱Gel de metronidazol 0,75%, um aplicador completo (5 g) por via intravaginal, uma vez ao dia por 5 dias;

➱Creme de clindamicina 2%, um aplicador completo (5 g) por via intravaginal ao deitar por 7 dias;

➱Tinidazol 2 g, por via oral, uma vez ao dia por 2 dias;

➥O consumo de álcool deve ser evitado durante o tratamento com metronidazol, pois essa mistura aumenta o risco de reação do tipo dissulfiram. A abstinência do uso de álcool deve continuar por 24 horas após a conclusão do metronidazol;

➥Quando é prescrito um curso de clindamicina por via intravaginal deve-se evitar relações sexuais com preservativos por até cinco dias após o término do tratamento, pois o antibiótico é feito à base de óleo e enfraquece o látex, diminuindo sua eficácia como barreira de proteção;

➥Como a vaginose não é necessariamente uma DST, não é necessário tratar o parceiro. Não há evidências de que o tratamento do parceiro influencie na taxa de cura da paciente. Em casos de relação homossexual entre mulheres ainda há dúvidas se o tratamento da parceira é necessário.

Complicações

👉Se não tratada pode trazer algumas complicações mais sérias tais como:

➡Inflamação pélvica, a qual envolve a infecção do trato genital superior (DIP);

➡Infertilidade, causada por danos nas trompas de Falópio;

➡Doenças sexualmente transmissíveis como a gonorreia, clamídia, herpes genital, VIH e infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV);

Em mulheres grávidas como vaginose bacteriana podem também ter um maior risco de: 

→Corioamnionite (inflamação das membranas fetais);

→Parto prematuro e endometrite pós-parto (irritação ou inflamação do revestimento interno do útero após o parto).



05 fevereiro 2020

Abortamento


Interrupção da gravidez antes das 20 - 22 semanas de gestação ou expulsão do feto com menos de 500gr. Pode ser espontâneo ou provocado (quando medicamento ou manobra, o induziu).

Incidência
15% de todas as gestações terminam espontaneamente entre a 4ª e 20ª semana de gestação. Antes de 4 semanas estas cifras são mais elevadas (40a 45%), porém não se faz o diagnóstico.

Em ¾ das observações os abortos são precoces (até 12 semanas) e, na parcela restante, rotulado tardio (após 12 semanas).

Etiologia

Causas embrionárias ou fetais:
  • Cromossomopatias (principal causa de abortamentos precoces);
  • Ovopatias.
Causas maternas
  • Ginecopatias; 
  • Doenças Sistêmicas; 
  • Infecções; 
  • Fatores Hormonais; 
  • Mecanismos Imunológicos; 
  • Traumatismos e outros.
Propedêutica
  • Presença de gravidez (História Clínica, ßHCG e USG);
  • Volume uterino (USG e Toque combinado);
  • Perdas Vaginais (sangramento ou partes fetais);
  • Características cervicais (dilatação);
  • Exame especular (constatar a origem intra-uterina do sangramento).
Exames complementares
  • Tipagem Sanguínea - Hemograma completo (rastrear perdas e processo infeccioso);
  • Beta HCG sérico;
  • Ultra-sonografia (vitalidade do concepto, presença de restos ovulares, idade gestacional);
Diagnóstico diferencial
  • Doença Trofoblástica Gestacional;
  • Gravidez ectópica;
  • Patologias benignas do trato genital inferior (lacerações do colo ou vagina, erosões cervicais, pólipos);
  • Patologias malignas (que causem sangramento, principalmente do colo uterino).
Tipo de abortamento

👉Ameaça de aborto

Sangramento genital de intensidade variada e dor em baixo ventre.

Ao exame: colo fechado, útero de volume compatível com a idade gestacional.

👉Abortamento em curso

Sangramento genital e dor pélvica tipo cólica (ambos de intensidade variável). 

Ao exame: fundo uterino compatível com idade gestacional, colo uterino dilatado, tocando-se por vezes parte do ovo.

👉Aborto incompleto

Perda sanguínea e dor tipo cólica (ambos de intensidade variável).

Ao exame: colo uterino aberto, identificação de restos ovulares ao toque, fundo uterino menor que o esperado para a idade gestacional.

👉Aborto Completo

História clínica retrospectiva: paciente informa sangramento e cólicas, expulsão de material embrionário e logo após diminuição ou cessação da sintomatologia.

Ao exame: colo uterino fechado, útero menor que o esperado para a idade gestacional, sangramento ausente ou em dedo de luva. Diagnóstico confirmado através de ultrassonografia.

👉Aborto retido

Na maioria das vezes, achado ultra-sonográfico. Paciente pode referir desaparecimento abrupto dos sinais e sintomas próprios da gravidez.

Ao exame: útero pode se apresentar compatível ou menor que o esperado para a idade gestacional; sangramento se presente, discreto; colo fechado.

Em gestações incipientes se aconselha a realização de ultrassonografia e dosagem sérica de Beta HCG seriados para confirmar o diagnóstico (tempo em que a maioria dos casos se resolve espontaneamente).

👉Aborto infectado

Qualquer das formas do abortamento, acompanhadas por febre, fluxo vaginal com odor fétido e dor à mobilização uterina.

Podemos também observar: Sudorese e calafrios, Taquicardia, Taquisfigmia e Taquipnéia; Cianose; Icterícia; Agitação; Hipotensão e Choque, dependendo da gravidade.

O útero geralmente se encontra amolecido; poderá haver sinais de irritação peritonial (abdome agudo infeccioso). Grito de Douglas - pensar em abscesso em fundo-de-saco.

Tratamento

Ameaça de aborto

→Tratamento ambulatorial exceto em situações de sangramento de vulto.

Aconselha-se: repouso, abstinência sexual, antiespamódicos caso necessário, apoio emocional.

Abortamento em curso

→Internamento, Tipagem Sanguínea - Hemograma (rastrear perdas e processo infeccioso);

→Repor perdas, caso necessário;

→Promover analgesia;

Aguardar evolução do trabalho abortivo, procurando assim evitar a dilatação instrumental do colo uterino, principalmente nos abortos tardios (superiores a 12 semanas), só se praticando o esvaziamento uterino após a expulsão do concepto. Se paciente Rh Negativo, administrar, imunoglobulina Anti-D (300 microgramas IM).

Aborto incompleto
  • Internamento;
  • Tipagem Sanguínea - Hemograma (rastrear perdas e processo infeccioso);
  • Repor perdas, caso necessário;
  • Esvaziamento uterino.Se paciente Rh Negativo, administrar, imunoglobulina Anti-D.
Aborto completo

→Expectação em nível ambulatorial.

Aborto retido
  • Internamento, em gestações superiores a 12 semanas, realizar estudo da coagulação;
  • Indução do trabalho abortivo;
  • Esvaziamento uterino, que só deve ser realizado após a expulsão do concepto, caso a gestação seja superior a 12 semanas;
  • Se paciente Rh Negativo, administrar, imunoglobulina Anti-D (300 microgramas IM).
Aborto infectado
  • Internação;
  • Solicitação de Exames: Hemograma Completo, Tipagem Sanguínea, Estudos da Coagulação, Sumário de Urina; Uréia, Creatinina, Bilirrubinas (total e frações), nos casos mais graves (suspeita de peritonite e/ou septicemia);
  • Punção de veia de grosso calibre com agulha calibrosa (reposição de líquidos e hemoderivados caso necessário);
  • Cateterismo vesical com sonda de Foley nos casos mais graves;
  • Hidratação com Solução Fisiológica 0,9% (manter diurese > 30 ml/hora);
  • Iniciar antibioticoterapia de largo espectro (anaerobicida + aminoglicosídeo, caso necessário acrescentar ampicilina - ação contra enterococos);
  • Providenciar esvaziamento uterino de acordo com a evolução do quadro abortivo;
  • Administrar substâncias ocitócicas com a finalidade de promover um esvaziamento uterino mais seguro;
  • Manter terapia endovenosa por 24 a 48 horas após o último pico febril;
  • Quadro febril persistente pensar em complicações clínicas (antibioticoterapia inadequada, tromboflebite pélvica) e cirúrgicas (perfuração uterina, abscessos);
  • A laparotomia deve ser reservada para casos graves (massas anexiais, perfuração uterina, sepse, gangrena uterina), sempre pensar na possibilidade da realização de histerectomia total e por vezes pode também se tornar necessário a ablação dos anexos;

Aguardar evolução do trabalho abortivo, procurando assim evitar a dilatação instrumental do colo uterino, principalmente nos abortos tardios (superiores a 12 semanas), só se deve manipular a cavidade uterina após a expulsão do concepto. 

Se paciente Rh Negativo, administrar, imunoglobulina Anti-D (300 microgramas IM).

Indução

➡MISOPROSTOL - 200mcg (1 comprimido) por via vaginal a cada 6 horas; procurar depositar o comprimido no fundo do saco posterior;

➡OCITOCINA - 20 U (4 ampolas) associadas em 500 ml de solução fisiológica ou glicosada a 5%, infundindo 8 gotas/min, aumentando 4 gotas a cada hora até se atingir a atividade contrátil uterina.

Observação: extrema cautela durante a utilização de substâncias ocitócicas, principalmente naquelas pacientes com história de cicatriz uterina anterior.

Técnicas de esvaziamento uterino:


Curetagem uterina

Realizada manualmente, com a introdução dos dedos indicador e médio envolvidos em gaze através do colo uterino, procurando remover restos placentários. 
Indicada em casos de abortos tardios com útero volumoso e permeabilidade total do colo uterino. Na maioria das vezes se torna necessário a complementação com curetagem mecânica.

Curetagem mecânica
  • Esvaziamento vesical;
  • Posição adequada;
  • Anestesia;
  • Assepsia e anti-sepsia da genitália;
  • Toque bimanual (volume e posição do corpo uterino, condições cervicais);
  • Inserção de especulo, exposição e pinçamento do colo uterino;
  • Dilatação instrumental do colo, caso necessário (Velas de Hegar); - Utilização da pinça de restos;
  • Seleção das curetas;
  • Raspagem no sentido horário;
  • Retirar a cureta o menos possível;
  • Atenção para o fundo uterino e cornos uterinos;
  • Empunhadura cuidadosa da cureta;
  • Uso de uterotônicos;
  • Anatomia Patológica em casos suspeitos de doença trofoblástica gestacional.
Aspiração manual intra-uterina (AMIU)

Método de preferência para a prática do esvaziamento uterino, importante passo para a Humanização do tratamento do aborto;

Em relação à curetagem mecânica, apresenta as seguintes vantagens:
  • Possibilidade de ser realizada em nível ambulatorial;
  • Menor tempo de hospitalização;
  • Mais rápida;
  • Menos traumática;
  • Menor incidência de perfuração;
  • Menor sangramento;
  • Menor incidência de infecção.
Histerotomia

Indicação restrita a casos extremos onde exista impossibilidade de esvaziamento através do colo uterino; mortalidade maior em 44 vezes quando comparado com dilatação e curetagem no primeiro trimestre.

Complicações
  • Perfuração uterina (1;111 a 1:2500);
  • Lacerações cervicais;
  • Lesões estruturais do Orifício Interno do colo uterino;
  • Dano ao endométrio;
  • Sinéquia uterina;
  • Infecção.
Conduta na perfuração uterina
  • Não manipular com pinça de restos;
  • Concluir a curetagem delicadamente;
  • Utilizar substâncias ocitócicas;
  • Monitorizar a paciente clinicamente e laboratorialmente (hemograma);
  • Antibioticoterapia profilática;
  • Caso apresente sinais de abdome agudo a laparotomia é indicada com a finalidade de se praticar a histerorrafia e pesquisar lesões em órgãos vizinhos.
  • Quando necessário o esvaziamento pode ser completado através da lesão uterina antes de se praticar a histerorrafia.
Antibioticoterapia no aborto infectado/antibiótico dose administração duração:

➡Gentamicina 1,5 mg/kg a cada 8 horas EV, IM - 7-10 dias
➡Clindamicina 600 a 900 mg a cada 6 horas EV - 7-10 dias
➡Amicacina 15 mg/kg/dia a cada 12 horas IM, EV - 7-10 dias
➡Metronidazol 500 mg a 1 g a cada 6 horas EV - 7-10 dias
➡Ampicilina 1 g a cada 6 horas EV - 7-10 dias


04 fevereiro 2020

Tétano Neonatal

O Tétano neonatal é uma doença infecciosa aguda, grave, não contagiosa, que acomete o recém-nascido (RN), nos primeiros 28 dias de vida, tendo como manifestação clínica inicial a dificuldade de sucção, irritabilidade e choro constante. A doença é causada por uma bactéria chamada Clostridium tetani.

A suscetibilidade do Tétano Neonatal é universal, afetando recém-nascidos de ambos os sexos. A doença não confere imunidade. A imunidade do recém-nascido é conferida pela vacinação adequada da mãe. Os filhos de mães vacinadas nos últimos cinco anos com três doses da vacina apresentam imunidade passiva e transitória até dois meses de vida.

A imunidade passiva, por meio do soro antitetânico (SAT), dura em média duas semanas e pela imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) cerca de três semanas.

IMPORTANTE:  O tétano neonatal acomete os filhos de mãe sem esquema vacinal completo e atualizado.

Transmissão

➠O tétano neonatal não é transmitido de pessoa a pessoa e sim pela contaminação do coto umbilical com os esporos da bactéria, que podem estar presentes em instrumentos não esterilizados e utilizados para secção do cordão umbilical, como tesoura e fios para laqueadura do cordão.

➠Os esporos da bactéria também podem estar presentes em produtos do hábito cultural das populações, utilizados no curativo umbilical, como ervas, chás, pós e pomadas, entre outros.

Fatores de risco

São fatores de risco para o tétano neonatal as seguintes situações:

→Baixas coberturas da vacina antitetânica em mulheres em idade fértil;

→Partos domiciliares assistidos por parteiras tradicionais ou outros sem capacitação e sem instrumentos de trabalho adequados;

→Oferta inadequada de pré-natal em áreas de difícil acesso;

→Baixa qualificação do pré-natal;

→Alta hospitalar precoce e deficiente acompanhamento do recém-nascido e da puérpera;

→Hábito cultural inadequado, associado ao deficiente cuidado de higiene com o coto umbilical e higiene com o recém-nascido;

→Baixo nível de escolaridade das mães;

→Baixo nível socioeconômico;

→Baixa qualidade da educação em saúde.

Sintomas

O recém-nascido apresenta, em caso de tétano neonatal, os seguintes sinais e sintomas:
  • Choro excessivo;
  • Dificuldade para mamar e abrir a boca;
  • Irritabilidade;
  • Quando há presença de febre, ela é baixa;
  • Contraturas musculares ao manuseio ou espontâneas.
IMPORTANTE: O fato de não existir infecção no coto umbilical, não afasta a confirmação do tétano neonatal.

Diagnóstico

O diagnóstico do tétano neonatal é essencialmente clínico e não existe exame laboratorial específico para confirmação do diagnóstico. Exames laboratoriais são realizados apenas para controle das complicações e respectivas orientações do tratamento.

Diagnóstico Diferencial do Tétano Neonatal

➥Septicemia – na sepse do RN pode haver hipertonia muscular, porém o estado geral é grave e cursa com hipertermia ou hipotermia, alterações do sensório e evidências do foco séptico (diarreia, onfalite, etc.). O trismo não é frequente nem ocorrem os paroxismos espásticos.

➥Encefalopatias – podem cursar com hipertonia e o quadro clínico geralmente é evidente logo após o nascimento havendo alterações do sensório e crises convulsivas. O trismo não é uma manifestação frequente.

➥Distúrbios metabólicos – hipoglicemia, hipocalcemia e alcalose.

Outros diagnósticos diferenciais – principalmente, epilepsia, lesão intracraniana por traumatismo do parto, peritonites, onfalites e meningites.

Tratamento

O tratamento do tétano neonatal deve ser sempre em ambiente hospitalar. O paciente deve ser internado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou em enfermaria apropriada, acompanhado por uma equipe médica e de enfermagem experiente e treinada na assistência dessa enfermidade, o que pode reduzir as complicações e a letalidade. 

➽É necessário a administração de imunoglobulina humana antitetânica ou soro antitetânico, antibiótico, sedativos e outras medidas de suporte que o caso exigir.

➽Com base na literatura, recomendam-se os princípios básicos do tratamento do tétano neonatal ressaltando que a adoção destas medidas terapêuticas é da responsabilidade médica, tendo o intuito de curar o paciente, diminuir a morbidade e a letalidade causada pela doença. Dessa forma, o tratamento consiste em:

➨Sedação do paciente antes de qualquer procedimento (sedativos e miorrelaxantes de ação central ou periférica).

➨Adoção de medidas gerais que incluem manutenção de vias aéreas permeáveis (entubar para facilitar a aspiração de secreções),hidratação, redução de qualquer tipo de estímulo externo, alimentação por sonda e analgésicos.

➨Utilização de IGHAT ou, em caso de indisponibilidade, administração do SAT.

➨Antibioticoterapia: os fármacos de escolha são a penicilina G cristalina ou metronidazol. Não há evidências suficientes que sustentem a superioridade de uma droga em relação à outra, embora alguns dados mostrem maior benefício com o uso do metronidazol.

IMPORTANTE: Outros sedativos e anticonvulsivantes (curare, hidrato de cloral a 10%, fenobarbital) poderão ser utilizados a critério médico.

Atendimento durante o parto e puerpério

➪O atendimento higiênico ao parto é medida fundamental na profilaxia do tétano neonatal. O material utilizado, incluindo instrumentos cortantes, fios e outros, deve ser estéril para o cuidado do cordão umbilical e do coto. 

➪As mães e os responsáveis devem ser orientados em todas as oportunidades sobe os cuidados com os recém-nascidos e o tratamento higiênico do coto umbilical com álcool a 70%. A consulta do puerpério é de extrema importância para orientações e detecções de práticas que predispõem à doença, bem como para a atualização do calendário vacinal tanto da mãe como da criança.

Prevenção

➡A vacina antitetânica (esquema completo e atualizado) tem uma eficácia de quase 100% na prevenção do Tétano Neonatal. Além da vacina, o parto limpo (asséptico), cuidados higiênicos e adequados com o coto umbilical são fundamentais na prevenção da doença.

Pré-Natal

👍A realização do pré-natal é extremamente importante para prevenir o tétano neonatal.