12 outubro 2018

Refrigerante Pode Alterar DNA

Pesquisadores americanos analisaram dados prévios de 33 mil pessoas.


O consumo regular de bebidas doces como refrigerantes aumenta o risco genético de uma pessoa se tornar obesa, aponta uma nova pesquisa feita pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard, nos EUA. Isso significa que os produtos adicionados de açúcar podem alterar o DNA da pessoa e fazer com que ela transmita o gene da obesidade a seus filhos, por exemplo.

A probabilidade de quem toma uma porção de refrigerante por dia engordar é o dobro de quem ingere menos de uma dose por mês.

O estudo foi publicado nesta sexta-feira (21) na edição online da revista científica "New England Journal of Medicine". Segundo os autores, liderados pelo professor Lu Qi, o trabalho reforça a tese de que fatores ambientais e genéticos atuam em conjunto para controlar as chances de alguém ficar mais suscetível ao ganho de peso.

O estudo se baseou em dados de três levantamentos prévios, que envolveram 121.700 mulheres, 25 mil mulheres e 51.529 homens, respectivamente. Desse total, foram analisados apenas 6.934 mulheres do primeiro trabalho, 4.423 homens do segundo e 21.740 mulheres do terceiro – estas últimas, de ascendência europeia.

Todos os participantes responderam a questionários em que detalhavam sua alimentação, incluindo a ingestão de bebidas ao longo dos anos. Eles foram divididos em quatro grupos, de acordo com a quantidade consumida: aqueles que tomavam menos de uma porção por mês, os que bebiam de uma a quatro por mês, os que ingeriam de duas a seis por semana, e os que chegavam a uma ou mais por dia.

Para representar uma predisposição genética global, que abrangesse pessoas de diversas etnias, os cientistas calcularam 32 variações nas sequências de DNA associadas ao índice de massa corporal (IMC), número obtido pela quantidade de quilos dividida pelo quadrado da altura.

Nas últimas três décadas, o consumo de bebidas açucaradas aumentou drasticamente em todo o mundo. Embora haja evidências de uma ligação entre esses produtos, as taxas de obesidade e doenças crônicas – como a diabetes tipo 2 –, pouco ainda se sabia se esses líquidos interferiam no DNA humano e influenciavam a predisposição genética ao acúmulo de gordura corporal.

Refrigerante fora da dieta

Outra pesquisa ligada ao tema foi publicada online nesta sexta no "New England Journal of Medicine". Segundo pesquisadores do Hospital Infantil de Boston, ligado à Faculdade de Medicina de Harvard, adolescentes que eliminam bebidas doces da alimentação durante um ano ganham em média 1,8 kg a menos do que aqueles que continuam tomando refrigerante.

Os cientistas analisaram 224 jovens entre 14 e 16 anos, com sobrepeso ou obesidade, que bebiam refrigerante regularmente. Para que o consumo do grupo diminuísse, os pesquisadores resolveram oferecer, durante um ano, bebidas não calóricas aos participantes e a suas famílias. No ano seguinte, foi feito um acompanhamento.

Os adolescentes hispânicos tiveram o maior benefício ao parar de beber refrigerante adoçado: ganharam em média 6,3 kg a menos que o grupo de controle – indivíduos que participaram do trabalho, mas não foram submetidos à intervenção.

Segundo os autores, os achados sugerem que os adolescentes são mais propensos a fazer escolhas mais saudáveis quando há apoio e alternativas disponíveis.



21 julho 2018

Adenomiose


Adenomiose é uma patologia uterina caracterizada pela presença de glândulas e estroma endometrial (o revestimento interno do útero) dentro do miométrio (a camada muscular grossa do útero), podendo levar ou não à hipertrofia das fibras musculares uterinas, com aumento do volume do órgão, nunca, porém, tão acentuado como nos casos dos miomas. Entretanto, pacientes com adenomiose frequentemente também têm leiomioma ou endometriose.

A adenomiose ocorre tipicamente em mulheres entre 35 e 50 anos, possivelmente porque nesta faixa etária as mulheres têm excesso de estrógeno. Perto dos 35 anos, as mulheres geralmente cessam a produção de progesterona, que equilibra os efeitos do estrógeno. Após os 50 anos, devido à menopausa, as mulheres não produzem tanto estrógeno.

Etiologia

A causa da adenomiose é desconhecida, embora possa estar associada a algum trauma uterino que possa ter rompido a barreira entre o endométrio e o miométrio, Tais como curetagem, cesáreas e ligadura de trompas.

Tipos

Adenomiose localizada: caracterizada pela presença de glândulas e de tecido endometrial localizados numa determinada região do útero;

Adenomiose difusa: caracterizada por várias glândulas e tecido endometrial espalhados por toda a parede uterina o útero torna-se mais pesado e volumoso.

​A adenomiose pode ainda ser classificada em:

Adenomiose superficial;

Adenomiose intermediária e adenomiose profunda dependendo da região afetada do útero.

Adenomiose e Endometriose.

A adenomiose e endometriose são doenças diferentes apesar de estarem relacionadas entre si. A diferença entre a endometriose e a adenomiose é que a endometriose é caracterizada pelo crescimento do tecido endometrial para fora do útero enquanto que na adenomiose há o crescimento do tecido endometrial por dentro da parede uterina além do desenvolvimento de glândulas nesta mesma região.
Pacientes que sofrem com adenomiose possuem um maior risco de desenvolver doenças como endometriose e leiomioma.

Sintomas
  • Aumento do útero que pode causar inchaço abdominal;
  • Intensa cólica menstrual;
  • Dor durante a relação;
  • Aumento do fluxo menstrual;
  • Prisão de ventre e/ou dor ao evacuar.
  • Entretanto algumas mulheres podem não apresentar os sintomas da doença.


Diagnóstico

Exame físico: Clinicamente a presença de adenomiose uterina leva a um aumento do fluxo menstrual (menorragia) e das cólicas uterinas (dismenorréia), diminuindo assim a qualidade de vida das pacientes.

Exames de imagem: ultrassom transvaginal e a ressonância magnética de pelve.

Tratamento

Medicamentoso:
  • Anticoncepcional com progesterona;
  • Analgésicos: alívio da dor;
  • DIU - Dispositivo Intra Uterino de levonorgestrel;
  • Implantes subcutâneos.

Cirúrgico
  • Retirada apenas do nódulo no caso da adenomiose focal;
  • Histerectomia total: retirada do útero;
  • O tratamento medicamentoso da adenomiose pode diminuir os sintomas da doença, mas a sua cura poderá ser alcançada com a retirada do útero ou com a menopausa.

Prognóstico

Não há aumento de risco de desenvolvimento de câncer. Como a adenomiose é estrógeno-dependente, a menopausa representa a cura natural.






12 abril 2018

Nova vacina contra câncer de ovário prolonga a vida de pacientes


Mais um tratamento contra o câncer está em fase de testes clínicos. Desta vez, o alvo do estudo é o câncer de ovário. A pesquisa, publicada nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine, explica como os resultados de uma vacina personalizada podem prolongar a vida de pacientes com a doença. Segundo o estudo, no período de dois anos os participantes que foram vacinados mostraram melhores resultados de “sobrevida global” – tempo entre o diagnóstico e a morte – quando comparados aos que não receberam a dose.

Câncer de ovário

O câncer de ovário, também conhecido como “assassino silencioso”, costuma ser diagnosticado nos estágios avançados da doença (cerca de 80% dos casos). No momento do diagnóstico, 60% dos cânceres de ovário já se espalharam para outras partes do corpo, reduzindo a taxa sobrevivência para 30% nos primeiros cinco anos. De acordo com o médico Ronny Drapkin, professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, a razão do diagnóstico acontecer tardiamente é a sua localização. “A pelve é como uma tigela, então um tumor pode crescer bastante antes de se tornar perceptível”, disse Drapkin ao Daily Mail Online.

Normalmente, os primeiros sintomas do câncer de ovário são gastrointestinais porque os tumores começam a fazer pressão na área acima de sua localização. No entanto, quando um indivíduo se queixa de desconforto gastrointestinal, os médicos costumam priorizar uma mudança alimentar, desconsiderando a possibilidade da doença.

Apenas quando os sintomas se tornam persistentes o paciente passa por uma triagem que revela o câncer. A doença é tratada com cirurgia e quimioterapia, mas por causa da demora no diagnóstico – e consequentemente no tratamento -, 85% dos pacientes têm recaídas e acabam desenvolvendo resistência à quimioterapia, deixando-os sem opções de tratamento.

Vacina

A médica Lana Kandalaft, principal autora do estudo, acredita que a vacina pode ser capaz de impulsionar o sistema imunológico e aumentar as taxas de sobrevivência dos pacientes. De acordo com a American Cancer Society, a equipe de pesquisadores analisou os resultados de 25 mulheres com câncer de ovário epitelial avançado, que tem taxa de sobrevida média de 17% dentro do período de cinco anos.

A vacina personalizada criada pelos cientistas consiste em usar o tumor do paciente (armazenado e preservado antes da cirurgia) e as células do sangue. Essas células têm a missão de identificar e capturar invasores e levá-los até os nódulos linfáticos, onde as células T são acionadas e iniciam um ataque na tentativa de destruir os invasores. “Os pacientes que receberam a vacina criaram uma resposta imune contra seus próprios tumores”, disse Lana em comunicado. Ainda segundo ela, os resultados são significativos porque o corpo aumentou o número de células T específicas capazes de destruir os tumores em pacientes cujo sistema imunológico não consegue reagir sozinho.

A taxa de sobrevivência no período de dois anos avaliados pela equipe entre as mulheres que receberam a vacina foi de 78% contra 44% para as que não foram vacinadas.

Precauções

O diretor médico da American Cancer Society, Otis Brawley, afirmou-se esperançoso com a ideia da imunoterapia ser usada como tratamento para o câncer de ovário. Apesar de não estar envolvido na pesquisa, ele se disse cauteloso com as vacinas personalizadas. “A análise de sobrevivência é propensa a alguns preconceitos que podem induzir ao erro até mesmo em avaliadores clínicos mais experientes”, disse ao Daily Mail Online.
Os pesquisadores garantem que pretendem fazer mais estudos com a vacina. A pesquisa atual focou na segurança do tratamento.







30 dezembro 2017

Hiperêmese gravídica


No período da gestação ocorrem várias alterações hormonais, a maioria das grávidas apresenta um quadro de êmese gravídica, ou seja, vômitos durante a gravidez. Essa é uma alteração fisiológica natural da gestante, que pode ser controlada com uma dieta saudável e fracionada.

Já a hiperêmese gravídica é caracterizada por vômitos incontroláveis, durante o período gestacional, provocando desidratação com repercussões sistêmicas, notadamente no fígado. Ambas são mais comuns no primeiro trimestre de gestação, mas dependendo da gravidade podem durar até 20 semanas. Até um 1,5% da população pode sofrer com a doença.

Etiologia
  • Vários são os fatores para explicar sua etiologia tais como:
  • Relaxamento fisiológico da musculatura lisa do estômago;
  • A presença de elevados níveis de estrógeno e progesterona na circulação e da gonadotrofina coriônica;
  • Desnutrição seletiva (vitamina A) e o hipopituitarismo;
  • Maior frequência entre adolescentes;
  • Primigestas;
  • Gravidez gemelar;
  • Neoplasia trofoblástica gestacional;
  • Gestações não programadas.

Diagnóstico

Exame clínico:

➪Na anamnese destaca-se a presença de vômitos com produção excessiva de saliva e com sintomas ligados à expoliação de água e solutos.

Exame físico:
  • Observar sinais de desidratação;
  • Confusão mental;
  • Olhos encovados;
  • Hálito cetônico;
  • Icterícia;
  • Febre.
Diagnóstico laboratorial
  • Hemograma;
  • Sódio, potássio, glicemia;
  • Enzimas hepáticas;
  • Bilirrubinas;
  • Proteínas totais e frações;
  • Ureia e creatinina;
  • Função tireoidiana.
  • Em casos mais graves ou com hematêmese é necessário exame complementares, Endoscópio do esôfago, estômago e duodeno.
Diagnóstico diferencial
  • Obstrução intestinal;
  • Pancreatite;
  • Litíase biliar;
  • Úlcera péptica;
  • Meningite;
  • Hipertireoidismo;
Tratamento
  • Internação;
  • Hidratação e reposição energética com glicose hipertônica;
  • Reposição de sódio e potássio de acordo com os resultados dos exames laboratoriais;
  • Dieta zero até cessar completamente a sensação de náuseas;
  • Nutrição enteral ou até parenteral em casos graves.
Tratamento complementar

Psicoterapia.

Complicações

O desequilíbrio hidroeletrolítico e desidratação para a gestante, que podem acarretar em baixo peso e nascimento prematuro do RN.

Prevenção
  • Evitar alimentos mornos, ácidos ou gordurosos;
  • Dieta fracionada,
  • Evitar estímulos da parte posterior da cavidade oral durante escovação dentária;
  • Não levantar antes de alimentar-se,
  • Evitar esforço físico
  • Dieta fracionada,
  • Evitar longos períodos em jejum.



29 dezembro 2017

Polidrâmnio


É o aumento excessivo do volume do líquido amniótico, classicamente considerado quando superior a 2.000 ml. Sua frequência é ao redor de 1% e sua importância se deve ao aumento da morbidade e mortalidade perinatais.
  • Alterações do Volume do Líquido Amniótico
  • Aumento acima 95% percentil para idade gestacional
  • Aumento acima 97,5% percentil para IG
  • Volume superior a 2.000 ml
  • Incidência: 0,4 e 1,5% das gestações

Etiologia
  • Malformação Fetal (50%);
  • SNC: Anencefalia, mielomeningocele, hidrocefalia;
  • TGI (Trato Gastro Intestinal): atresia do esôfago, hérnia diafragmática, estenose do duodeno, pâncreas anular, gastrosquise, onfalocele, fenda palatina;
  • Respiratório: MAC (malformação adenomatóide cística congênita), hipoplasia palatina;
  • Urinárias: doença multicística, tumores renais;
  • Cardíacas: doenças valvares, arritmias cardíacas;
  • Musculoesqueléticas: displasias esqueléticas.

Outras Causas Fetais
  • Doença Hemolítica Perinatal (DHPN);
  • Infecções;
  • Hidropisia Não-Imune.
Maternas

→Diabetes;
→Aloimunização Rh - Consiste na sensibilização ao antígeno D presente na superfície eritrocitária. Durante a gestação e parto, pequenas quantidades de hemácias fetais podem atingir a circulação materna.

Patologias placentárias: Síndrome do transfusor transfundido, corioangioma, placenta circunvalada (não é uma patologia de malformação placentária e sim de inserção da membrana que leva a uma produção aumentada de LA).
Idiopática - (34-63% dos casos)

Classificação

Quanto ao volume: leve, moderada, acentuada.
Quanto à instalação: aguda e crônica

Aguda: aparecimento rápido (menos que 24h ou poucos dias), mais frequente antes da 24ª sem.

Crônica: desenvolvimento no decorrer da prenhez, mais frequente no terceiro trimestre.

Diagnóstico

O diagnóstico da polidramnia é suspeitado clinicamente:
  • Aumento da altura uterina em relação à idade gestacional;
  • Aumento do ganho ponderal materno;
  • Sobredistensão uterina e dificuldade de palpação das partes fetais e de ausculta dos BCF.
  • Sistematicamente, devem ser pesquisados o Diabetes mellitus e a presença de malformações fetais.
  • De certeza, o diagnóstico é ultra-sonográfico, dado pelo achado do ILA maior que o percentil 95 para a idade gestacional considerada.
Conduta

Investigar infecções congênitas:
  • Toxoplasmose;
  • Rubéola;
  • Citomegalovírus;
  • Varicela (catapora);
  • Parvovírus B19;
  • HIV (AIDS);
  • Sífilis;
  • Herpes;
  • Hepatite B.
  • Rastrear diabetes mellitus;
  • TS e Teste de Coombs;
  • USG morfológico;
Para executar esse segundo método, são feitas algumas medidas dos "bolsões" de líquido em alguns quadrantes determinados no útero, sobretudo o maior bolsão. A soma dos valores determina os padrões que definem o ILA. Assim, os possíveis resultados são:
  • Ecocardiográfica fetal;
  • Estudo citogenetico fetal;
  • Teste de kleihauer.
O volume de líquido amniótico aumente no decorre da gestação, e costuma chegar à sua quantidade máxima por volta das 34 semanas em torno de 800 ml e 1 litro, após ele período o volume tende a diminui gradativamente até o nascimento. Quando há indícios de polidrâmnio, esse volume pode chegar a até 3 litros.

Se houver sinais de desconforto materno o esvaziamento deverá ser realizado. O esvaziamento é feito pela amniocentese e através de agulha calibrosa e inserção de cateter ligado a frasco a vácuo.

Recomenda-se a retirada lenta e gradual do líquido amniótico, para evitar a descompressão brusca, podendo levar a riscos maternos e fetais (descolamento prematuro da placenta, choque materno, óbito fetal, etc.). Sugere-se a retirada de cerca de 200 ml/hora (ou cerca de 3 ml/minuto) até a melhora da sintomatologia respiratória materna ou até atingir um total máximo de 500 a 1000 ml. O polidrâmnio volta a se formar e excepcionalmente nova punção pode ser realizada.

No sentido de diminuir a formação de líquido amniótico pode-se empregar o uso drogas medicamentosas, cuja função é diminuir a função renal fetal, não devendo ultrapassar a 34ª semana. Tais cuidados são necessários para evitar complicações temidas do uso de medicamentos na gestação, que é o fechamento precoce do duto arterioso.

Para o parto é recomendável o prévio esvaziamento. Muitas vezes surge quadro de hipossistolia, o que pode ser corrigido com ocitócicos. A via de parto é escolhida de acordo com a indicação obstétrica.

Tratamento de acordo com a etiologia
  • Corrigir causas maternas;
  • Corrigir causas fetais;
  • Controle do peso materno;
  • Controle altura uterina;
  • Controle circunferência abdominal;
  • Obsevar edema materno;
  • Repouso relativo;
  • Dieta hiperprotéica.
Complicações
  • Dispnéia materna;
  • TPP - Trabalho de parto prematuro;
  • RPM - Rotura prematura das membranas;
  • DPP - Descolamento prematuro de placenta;
  • Prolapso de cordão.