12 abril 2018

Nova vacina contra câncer de ovário prolonga a vida de pacientes


Mais um tratamento contra o câncer está em fase de testes clínicos. Desta vez, o alvo do estudo é o câncer de ovário. A pesquisa, publicada nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine, explica como os resultados de uma vacina personalizada podem prolongar a vida de pacientes com a doença. Segundo o estudo, no período de dois anos os participantes que foram vacinados mostraram melhores resultados de “sobrevida global” – tempo entre o diagnóstico e a morte – quando comparados aos que não receberam a dose.

Câncer de ovário

O câncer de ovário, também conhecido como “assassino silencioso”, costuma ser diagnosticado nos estágios avançados da doença (cerca de 80% dos casos). No momento do diagnóstico, 60% dos cânceres de ovário já se espalharam para outras partes do corpo, reduzindo a taxa sobrevivência para 30% nos primeiros cinco anos. De acordo com o médico Ronny Drapkin, professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, a razão do diagnóstico acontecer tardiamente é a sua localização. “A pelve é como uma tigela, então um tumor pode crescer bastante antes de se tornar perceptível”, disse Drapkin ao Daily Mail Online.

Normalmente, os primeiros sintomas do câncer de ovário são gastrointestinais porque os tumores começam a fazer pressão na área acima de sua localização. No entanto, quando um indivíduo se queixa de desconforto gastrointestinal, os médicos costumam priorizar uma mudança alimentar, desconsiderando a possibilidade da doença.

Apenas quando os sintomas se tornam persistentes o paciente passa por uma triagem que revela o câncer. A doença é tratada com cirurgia e quimioterapia, mas por causa da demora no diagnóstico – e consequentemente no tratamento -, 85% dos pacientes têm recaídas e acabam desenvolvendo resistência à quimioterapia, deixando-os sem opções de tratamento.

Vacina

A médica Lana Kandalaft, principal autora do estudo, acredita que a vacina pode ser capaz de impulsionar o sistema imunológico e aumentar as taxas de sobrevivência dos pacientes. De acordo com a American Cancer Society, a equipe de pesquisadores analisou os resultados de 25 mulheres com câncer de ovário epitelial avançado, que tem taxa de sobrevida média de 17% dentro do período de cinco anos.

A vacina personalizada criada pelos cientistas consiste em usar o tumor do paciente (armazenado e preservado antes da cirurgia) e as células do sangue. Essas células têm a missão de identificar e capturar invasores e levá-los até os nódulos linfáticos, onde as células T são acionadas e iniciam um ataque na tentativa de destruir os invasores. “Os pacientes que receberam a vacina criaram uma resposta imune contra seus próprios tumores”, disse Lana em comunicado. Ainda segundo ela, os resultados são significativos porque o corpo aumentou o número de células T específicas capazes de destruir os tumores em pacientes cujo sistema imunológico não consegue reagir sozinho.

A taxa de sobrevivência no período de dois anos avaliados pela equipe entre as mulheres que receberam a vacina foi de 78% contra 44% para as que não foram vacinadas.

Precauções

O diretor médico da American Cancer Society, Otis Brawley, afirmou-se esperançoso com a ideia da imunoterapia ser usada como tratamento para o câncer de ovário. Apesar de não estar envolvido na pesquisa, ele se disse cauteloso com as vacinas personalizadas. “A análise de sobrevivência é propensa a alguns preconceitos que podem induzir ao erro até mesmo em avaliadores clínicos mais experientes”, disse ao Daily Mail Online.
Os pesquisadores garantem que pretendem fazer mais estudos com a vacina. A pesquisa atual focou na segurança do tratamento.







30 dezembro 2017

Hiperêmese gravídica


No período da gestação ocorrem várias alterações hormonais, a maioria das grávidas apresenta um quadro de êmese gravídica, ou seja, vômitos durante a gravidez. Essa é uma alteração fisiológica natural da gestante, que pode ser controlada com uma dieta saudável e fracionada.

Já a hiperêmese gravídica é caracterizada por vômitos incontroláveis, durante o período gestacional, provocando desidratação com repercussões sistêmicas, notadamente no fígado. Ambas são mais comuns no primeiro trimestre de gestação, mas dependendo da gravidade podem durar até 20 semanas. Até um 1,5% da população pode sofrer com a doença.

Etiologia
  • Vários são os fatores para explicar sua etiologia tais como:
  • Relaxamento fisiológico da musculatura lisa do estômago;
  • A presença de elevados níveis de estrógeno e progesterona na circulação e da gonadotrofina coriônica;
  • Desnutrição seletiva (vitamina A) e o hipopituitarismo;
  • Maior frequência entre adolescentes;
  • Primigestas;
  • Gravidez gemelar;
  • Neoplasia trofoblástica gestacional;
  • Gestações não programadas.

Diagnóstico

Exame clínico:

➪Na anamnese destaca-se a presença de vômitos com produção excessiva de saliva e com sintomas ligados à expoliação de água e solutos.

Exame físico:
  • Observar sinais de desidratação;
  • Confusão mental;
  • Olhos encovados;
  • Hálito cetônico;
  • Icterícia;
  • Febre.
Diagnóstico laboratorial
  • Hemograma;
  • Sódio, potássio, glicemia;
  • Enzimas hepáticas;
  • Bilirrubinas;
  • Proteínas totais e frações;
  • Ureia e creatinina;
  • Função tireoidiana.
  • Em casos mais graves ou com hematêmese é necessário exame complementares, Endoscópio do esôfago, estômago e duodeno.
Diagnóstico diferencial
  • Obstrução intestinal;
  • Pancreatite;
  • Litíase biliar;
  • Úlcera péptica;
  • Meningite;
  • Hipertireoidismo;
Tratamento
  • Internação;
  • Hidratação e reposição energética com glicose hipertônica;
  • Reposição de sódio e potássio de acordo com os resultados dos exames laboratoriais;
  • Dieta zero até cessar completamente a sensação de náuseas;
  • Nutrição enteral ou até parenteral em casos graves.
Tratamento complementar

Psicoterapia.

Complicações

O desequilíbrio hidroeletrolítico e desidratação para a gestante, que podem acarretar em baixo peso e nascimento prematuro do RN.

Prevenção
  • Evitar alimentos mornos, ácidos ou gordurosos;
  • Dieta fracionada,
  • Evitar estímulos da parte posterior da cavidade oral durante escovação dentária;
  • Não levantar antes de alimentar-se,
  • Evitar esforço físico
  • Dieta fracionada,
  • Evitar longos períodos em jejum.



29 dezembro 2017

Polidrâmnio


É o aumento excessivo do volume do líquido amniótico, classicamente considerado quando superior a 2.000 ml. Sua frequência é ao redor de 1% e sua importância se deve ao aumento da morbidade e mortalidade perinatais.
  • Alterações do Volume do Líquido Amniótico
  • Aumento acima 95% percentil para idade gestacional
  • Aumento acima 97,5% percentil para IG
  • Volume superior a 2.000 ml
  • Incidência: 0,4 e 1,5% das gestações

Etiologia
  • Malformação Fetal (50%);
  • SNC: Anencefalia, mielomeningocele, hidrocefalia;
  • TGI (Trato Gastro Intestinal): atresia do esôfago, hérnia diafragmática, estenose do duodeno, pâncreas anular, gastrosquise, onfalocele, fenda palatina;
  • Respiratório: MAC (malformação adenomatóide cística congênita), hipoplasia palatina;
  • Urinárias: doença multicística, tumores renais;
  • Cardíacas: doenças valvares, arritmias cardíacas;
  • Musculoesqueléticas: displasias esqueléticas.

Outras Causas Fetais
  • Doença Hemolítica Perinatal (DHPN);
  • Infecções;
  • Hidropisia Não-Imune.
Maternas

→Diabetes;
→Aloimunização Rh - Consiste na sensibilização ao antígeno D presente na superfície eritrocitária. Durante a gestação e parto, pequenas quantidades de hemácias fetais podem atingir a circulação materna.

Patologias placentárias: Síndrome do transfusor transfundido, corioangioma, placenta circunvalada (não é uma patologia de malformação placentária e sim de inserção da membrana que leva a uma produção aumentada de LA).
Idiopática - (34-63% dos casos)

Classificação

Quanto ao volume: leve, moderada, acentuada.
Quanto à instalação: aguda e crônica

Aguda: aparecimento rápido (menos que 24h ou poucos dias), mais frequente antes da 24ª sem.

Crônica: desenvolvimento no decorrer da prenhez, mais frequente no terceiro trimestre.

Diagnóstico

O diagnóstico da polidramnia é suspeitado clinicamente:
  • Aumento da altura uterina em relação à idade gestacional;
  • Aumento do ganho ponderal materno;
  • Sobredistensão uterina e dificuldade de palpação das partes fetais e de ausculta dos BCF.
  • Sistematicamente, devem ser pesquisados o Diabetes mellitus e a presença de malformações fetais.
  • De certeza, o diagnóstico é ultra-sonográfico, dado pelo achado do ILA maior que o percentil 95 para a idade gestacional considerada.
Conduta

Investigar infecções congênitas:
  • Toxoplasmose;
  • Rubéola;
  • Citomegalovírus;
  • Varicela (catapora);
  • Parvovírus B19;
  • HIV (AIDS);
  • Sífilis;
  • Herpes;
  • Hepatite B.
  • Rastrear diabetes mellitus;
  • TS e Teste de Coombs;
  • USG morfológico;
Para executar esse segundo método, são feitas algumas medidas dos "bolsões" de líquido em alguns quadrantes determinados no útero, sobretudo o maior bolsão. A soma dos valores determina os padrões que definem o ILA. Assim, os possíveis resultados são:
  • Ecocardiográfica fetal;
  • Estudo citogenetico fetal;
  • Teste de kleihauer.
O volume de líquido amniótico aumente no decorre da gestação, e costuma chegar à sua quantidade máxima por volta das 34 semanas em torno de 800 ml e 1 litro, após ele período o volume tende a diminui gradativamente até o nascimento. Quando há indícios de polidrâmnio, esse volume pode chegar a até 3 litros.

Se houver sinais de desconforto materno o esvaziamento deverá ser realizado. O esvaziamento é feito pela amniocentese e através de agulha calibrosa e inserção de cateter ligado a frasco a vácuo.

Recomenda-se a retirada lenta e gradual do líquido amniótico, para evitar a descompressão brusca, podendo levar a riscos maternos e fetais (descolamento prematuro da placenta, choque materno, óbito fetal, etc.). Sugere-se a retirada de cerca de 200 ml/hora (ou cerca de 3 ml/minuto) até a melhora da sintomatologia respiratória materna ou até atingir um total máximo de 500 a 1000 ml. O polidrâmnio volta a se formar e excepcionalmente nova punção pode ser realizada.

No sentido de diminuir a formação de líquido amniótico pode-se empregar o uso drogas medicamentosas, cuja função é diminuir a função renal fetal, não devendo ultrapassar a 34ª semana. Tais cuidados são necessários para evitar complicações temidas do uso de medicamentos na gestação, que é o fechamento precoce do duto arterioso.

Para o parto é recomendável o prévio esvaziamento. Muitas vezes surge quadro de hipossistolia, o que pode ser corrigido com ocitócicos. A via de parto é escolhida de acordo com a indicação obstétrica.

Tratamento de acordo com a etiologia
  • Corrigir causas maternas;
  • Corrigir causas fetais;
  • Controle do peso materno;
  • Controle altura uterina;
  • Controle circunferência abdominal;
  • Obsevar edema materno;
  • Repouso relativo;
  • Dieta hiperprotéica.
Complicações
  • Dispnéia materna;
  • TPP - Trabalho de parto prematuro;
  • RPM - Rotura prematura das membranas;
  • DPP - Descolamento prematuro de placenta;
  • Prolapso de cordão.



17 outubro 2016

Alho Combate Infecções e Ajuda a proteger o Coração

O alho tem propriedades terapêuticas conhecidas desde a época dos faraós no Egito
Seu poder terapêutico é conhecido há milênios e acredita-se que o uso venha desde a época dos faraós no Egito, inclusive, como moeda de troca.
A lista dos benefícios para quem consome ao menos um dente de alho cru por dia é extensa. Pesquisas comprovam o potencial contra doenças e o ingrediente tem ganhado cada vez mais espaço. Além de antibiótico natural, que atua no combate a várias infecções, também auxilia no controle da pressão, da glicemia, reduz o colesterol, previne problemas cardiovasculares, aumenta a imunidade e tem ação anticancerosa.
Seu poder terapêutico é conhecido há milênios e acredita-se que o uso venha desde a época dos faraós no Egito, inclusive, como moeda de troca. Alho e cebola eram acrescentados à dieta dos escravos que participavam da construção das pirâmides, justamente porque os alimentos aumentavam a força e o vigor dos trabalhadores.

A verdade é que a lista de benefícios está diretamente ligada à quantidade de bons "ingredientes" que compõem o famoso tempero. Até agora, foram identificados cerca de 30 componentes com efeitos positivos para a saúde. A maioria deles está concentrado no bulbo, aquela parte branca que popularmente é conhecido como a "cabeça", composta pelos "dentes" do alho.
Entre os principais, estão os compostos sulfurados, como a aliina, a alicina e o ajoeno, responsáveis pelo odor e sabor forte e característico do alimento. A presença dos sulfurados é cerca de três vezes maior do que em outros vegetais também ricos nestes compostos, como a cebola e o brócolis.
É por causa deles que o alho tem propriedades anti-inflamatórias, anticoagulantes e antifúngicas. No entanto, a maioria dos componentes sulfurados não está presente nas células intactas. São liberadas apenas quando ele cortado ou mastigado. É por isso que é preciso partir antes de ser consumido.
Um estudo realizado pela Universidade de Brasília (UnB), em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), revelou que a alicina, por exemplo, auxilia no controle das taxas do colesterol e diminui o risco de infarto agudo no miocárdio. O selênio, outro componente presente, é um poderoso antioxidante que fortalece o sistema imunológico e ajuda a afastar o risco de tumores. O alho também é rico em vitamina C, que combate infecções, e vitaminas do complexo B, que combatem o desânimo.
Quanto consumir por dia?
Embora as propriedades terapêuticas sejam reconhecidas pelo Ministério da Saúde e pelo FDA (órgão governamental dos EUA ligado ao controle de alimentos), não há um consenso sobre a quantidade diária ideal para sentir os efeitos benéficos. "Um dente de alho cru por dia já é o suficiente. No entanto, se ele for refogado, devemos garantir o consumo de dois", sugere a nutricionista Vanderli Marchioli, vice-presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia. Alguns órgãos internacionais, como o Ministério da Saúde do Canadá e a Agência Federal de Saúde Alemã, sugerem a ingestão de quatro gramas de alho cru por dia ou 8 mg de óleos derivados.
Por que o cheiro é tão forte?
O odor forte e característico desse alimento só é liberado quando ele é picado, amassado ou cortado. Ao picar um dente de alho, por exemplo, uma enzima chamada alinase entra em contato com uma substância chamada de aliina. Essa reação produzirá a alicina, responsável pelo cheiro e pelo sabor do alho.
Cru, assado ou frito?
Embora o gosto seja mais acentuado, consumir o ingrediente cru é a melhor forma de garantir a absorção de todos os nutrientes. Para disfarçar o sabor, é possível misturá-lo a pastas ou maionese, por exemplo. Se a opção for comê-lo cozido, o ideal é que o tempo no fogo não ultrapasse 20 minutos e a temperatura não passe de 100 ºC. "Após 40 minutos de cocção já se observa uma redução na capacidade antioxidante. O mesmo acontece quando ele é frito", explica a pesquisadora da USP e especialista no tema, Jocelem Salgado.
Vale substituir o consumo in natura por cápsulas?
De acordo com Vanderli, é possível fazer a substituição, desde que as cápsulas sejam adquiridas em locais seguros. A pesquisadora Jocelem alerta que antes de começar a ingestão das cápsulas, é preciso buscar orientação de um profissional da saúde. "O uso crônico e em excesso pode causar mau hálito, suor e perturbações gastrintestinais, como ardência, diarreia, flatulência e mudanças da flora intestinal".
Tem contraindicação?
Algumas pesquisas apontam que o consumo não é indicado para indivíduos medicados com anticoagulantes (como a varfarina) por conta do risco de hemorragias. Quem é alérgico ao enxofre —que está presente nos compostos sulfurados do alho— pode apresentar dermatites, asma, rinite, conjuntivite e urticária. Além destes efeitos colaterais, o consumo excessivo do alho pode interferir na eficácia terapêutica de alguns medicamentos.
10 benefícios do alho
→    Antibiótico natural;
→    Baixa o colesterol;
→    Protege o coração;
→    Favorece a circulação
→    Contém uma dose elevada de vitamina C;
→    Auxilia no controle da pressão;
→    Auxilia no controle da glicemia;
→    Melhora a imunidade;
→    Tem ação anticancerosa.



16 maio 2016

Coração e pulmão artificiais salvam vidas de gestante com gripe H1N1 e seu bebê.


Técnica foi utilizada pela primeira vez na América do Sul evitando a interrupção da gravidez.
Grávida de sete meses, Isabella Villela, de 30 anos, contraiu a gripe H1N1 e ficou uma semana entre a vida e a morte. Uma técnica em que equipamentos executam as funções de pulmões e coração foi o que salvou mãe e bebê, no CTI de um hospital no Rio de Janeiro.

Na América do Sul, esta foi a primeira vez que a chamada Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO, na sigla em inglês) conseguiu evitar a interrupção da gravidez numa paciente com insuficiência respiratória aguda.

"Comecei a tossir e a ter febre baixa, de 38 graus. Tentei resolver em casa, chupando pastilhas. Após três dias procurei os médicos: a tosse piorou tanto e tão rápido que parei de respirar", conta a moça, que desenvolveu pneumonia.

Segundo o Ministério da Saúde, gestantes integram o grupo prioritário para receber vacinas nos postos de saúde durante as campanhas de imunização contra a gripe, como a que está em vigor até o próximo dia 20. Grávidas são quatro vezes mais suscetíveis do que a população em geral a terem complicações severas causadas pelo vírus H1N1.

Na madrugada de 16 de abril, Isabella foi internada no Hospital e Maternidade Santa Lúcia, na Zona Sul da cidade, onde permaneceu por três semanas – uma das quais em coma induzido, submetida à ECMO.

"O sangue circula todo pela máquina e volta 100% oxigenado ao paciente. Além disso, o doente é entubado, para respirar. Estes coração e pulmão 'auxiliares' permitem que o organismo funcione num ritmo mais lento e ganhe força para receber os medicamentos e lutar contra a infecção", explica a médica intensivista Celina Acra, coordenadora do CTI de adultos do hospital.

Riscos

A ECMO, que chegou ao Brasil há menos de dez anos, proporciona a pacientes com problemas cardíacos e pulmonares extremos um aumento de 20% para 60% na chance de sobrevivência, mas também oferece riscos.

"Tentamos duas formas de ventilação mecânica na Isabella, antes de optar pela ECMO, mas não adiantaram. O maior risco da técnica é o de sangramentos", ressalta Celina.

Para que o sangue circulasse pela máquina, foi preciso puncionar duas veias grossas, no pescoço e numa das pernas da gestante, além de ministrar-lhe anticoagulantes, medicamentos usados para evitar a formação de coágulos dentro dos vasos sanguíneos. "O monitoramento é rigoroso, de quatro em quatro horas", afirma a médica.

Outro risco é o de aparecimento, no futuro, de lesões na membrana dos pulmões, induzidas pela quantidade grande de oxigênio fornecida ao paciente. "Oxigênio em excesso é tóxico. Mas se o doente está morrendo, temos que salvar sua vida. Só depois vamos pensar em tratar as lesões, se ocorrerem", declara Celina.

A decisão da equipe foi garantir não apenas a sobrevivência de Isabella, mas também do bebê.

"Dependendo da idade gestacional, é uma opção tirar a criança para salvar a mãe. Mas optamos por não fazê-lo. Como temos maternidade e obstetrícia dentro do hospital 24 horas, tivemos segurança na tomada da decisão", afirma Celina, que coordena equipe de dez médicos no CTI, entre eles Vicente Dantas, Rodrigo Amâncio e Ana Lucia Traiano, que acompanharam Isabella de perto.
Outro responsável pelo caso foi o cardiologista Alexandre Siciliano, coordenador da equipe da ECMO.

"Graças a estes médicos e à rapidez com que adotaram a técnica vou ter meu primeiro filho. Ele virá ao mundo na Santa Lúcia, na primeira quinzena de julho. Meu pequeno Heitor, como eu, é um sobrevivente, um lutador", emociona-se Isabella, psicóloga que vive há cinco anos com Diego, de 30 anos, professor de Educação Física.
Após a alta da moça, os dois decidiram oficializar o casamento, antes da chegada da criança.

Vacina, e nada de automedicação

Isabella não chegou a tomar a vacina contra a gripe. "Quando peguei o vírus H1N1, a campanha ainda não tinha começado. Faço um alerta às gestantes: vão aos postos de saúde ou clínicas tomar a dose. E, caso tenham sintomas, mesmo que leves, não tentem se automedicar. Procurem rapidamente um hospital para não perderem seus bebês", aconselha.

A higienização constante das mãos, com água e sabão ou álcool em gel, também é uma medida preventiva, mas não dispensa a vacinação.

Segundo estudos analisados por médicos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, as complicações mais frequentes do H1N1 em gestantes são pneumonia, que causa a maioria das mortes, além de insuficiência renal aguda e edema ou embolia pulmonar. Em relação aos bebês, os problemas que mais surgem são aborto, sofrimento fetal agudo e nascimento pré-termo.

Este ano, o surto de gripe começou antes do esperado no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Em fevereiro, ainda em pleno verão, a região Sudeste já apresentava casos. Por isso, 22 Estados brasileiros resolveram antecipar para meados de abril o início da campanha de vacinação, marcado para dia 30 daquele mês.

A imunização continua a ser feita nos postos de saúde pelo menos até o próximo dia 20. Além das grávidas, fazem parte do grupo de maior risco de complicações mulheres que deram à luz há menos de 45 dias, crianças de 6 meses a 5 anos, idosos e doentes crônicos.

Este ano, até 23 de abril, foram registrados 1.880 casos de gripe no Brasil, dos quais 1.571 causados pelo vírus H1N1. Deste total, 290 pessoas morreram.

A Região Sudeste concentra o maior número de casos (1.106) da doença. O Estado com situação mais crítica é São Paulo, com 988 episódios da gripe e 149 óbitos.