16 maio 2016

Coração e pulmão artificiais salvam vidas de gestante com gripe H1N1 e seu bebê.


Técnica foi utilizada pela primeira vez na América do Sul evitando a interrupção da gravidez.
Grávida de sete meses, Isabella Villela, de 30 anos, contraiu a gripe H1N1 e ficou uma semana entre a vida e a morte. Uma técnica em que equipamentos executam as funções de pulmões e coração foi o que salvou mãe e bebê, no CTI de um hospital no Rio de Janeiro.

Na América do Sul, esta foi a primeira vez que a chamada Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO, na sigla em inglês) conseguiu evitar a interrupção da gravidez numa paciente com insuficiência respiratória aguda.

"Comecei a tossir e a ter febre baixa, de 38 graus. Tentei resolver em casa, chupando pastilhas. Após três dias procurei os médicos: a tosse piorou tanto e tão rápido que parei de respirar", conta a moça, que desenvolveu pneumonia.

Segundo o Ministério da Saúde, gestantes integram o grupo prioritário para receber vacinas nos postos de saúde durante as campanhas de imunização contra a gripe, como a que está em vigor até o próximo dia 20. Grávidas são quatro vezes mais suscetíveis do que a população em geral a terem complicações severas causadas pelo vírus H1N1.

Na madrugada de 16 de abril, Isabella foi internada no Hospital e Maternidade Santa Lúcia, na Zona Sul da cidade, onde permaneceu por três semanas – uma das quais em coma induzido, submetida à ECMO.

"O sangue circula todo pela máquina e volta 100% oxigenado ao paciente. Além disso, o doente é entubado, para respirar. Estes coração e pulmão 'auxiliares' permitem que o organismo funcione num ritmo mais lento e ganhe força para receber os medicamentos e lutar contra a infecção", explica a médica intensivista Celina Acra, coordenadora do CTI de adultos do hospital.

Riscos

A ECMO, que chegou ao Brasil há menos de dez anos, proporciona a pacientes com problemas cardíacos e pulmonares extremos um aumento de 20% para 60% na chance de sobrevivência, mas também oferece riscos.

"Tentamos duas formas de ventilação mecânica na Isabella, antes de optar pela ECMO, mas não adiantaram. O maior risco da técnica é o de sangramentos", ressalta Celina.

Para que o sangue circulasse pela máquina, foi preciso puncionar duas veias grossas, no pescoço e numa das pernas da gestante, além de ministrar-lhe anticoagulantes, medicamentos usados para evitar a formação de coágulos dentro dos vasos sanguíneos. "O monitoramento é rigoroso, de quatro em quatro horas", afirma a médica.

Outro risco é o de aparecimento, no futuro, de lesões na membrana dos pulmões, induzidas pela quantidade grande de oxigênio fornecida ao paciente. "Oxigênio em excesso é tóxico. Mas se o doente está morrendo, temos que salvar sua vida. Só depois vamos pensar em tratar as lesões, se ocorrerem", declara Celina.

A decisão da equipe foi garantir não apenas a sobrevivência de Isabella, mas também do bebê.

"Dependendo da idade gestacional, é uma opção tirar a criança para salvar a mãe. Mas optamos por não fazê-lo. Como temos maternidade e obstetrícia dentro do hospital 24 horas, tivemos segurança na tomada da decisão", afirma Celina, que coordena equipe de dez médicos no CTI, entre eles Vicente Dantas, Rodrigo Amâncio e Ana Lucia Traiano, que acompanharam Isabella de perto.
Outro responsável pelo caso foi o cardiologista Alexandre Siciliano, coordenador da equipe da ECMO.

"Graças a estes médicos e à rapidez com que adotaram a técnica vou ter meu primeiro filho. Ele virá ao mundo na Santa Lúcia, na primeira quinzena de julho. Meu pequeno Heitor, como eu, é um sobrevivente, um lutador", emociona-se Isabella, psicóloga que vive há cinco anos com Diego, de 30 anos, professor de Educação Física.
Após a alta da moça, os dois decidiram oficializar o casamento, antes da chegada da criança.

Vacina, e nada de automedicação

Isabella não chegou a tomar a vacina contra a gripe. "Quando peguei o vírus H1N1, a campanha ainda não tinha começado. Faço um alerta às gestantes: vão aos postos de saúde ou clínicas tomar a dose. E, caso tenham sintomas, mesmo que leves, não tentem se automedicar. Procurem rapidamente um hospital para não perderem seus bebês", aconselha.

A higienização constante das mãos, com água e sabão ou álcool em gel, também é uma medida preventiva, mas não dispensa a vacinação.

Segundo estudos analisados por médicos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, as complicações mais frequentes do H1N1 em gestantes são pneumonia, que causa a maioria das mortes, além de insuficiência renal aguda e edema ou embolia pulmonar. Em relação aos bebês, os problemas que mais surgem são aborto, sofrimento fetal agudo e nascimento pré-termo.

Este ano, o surto de gripe começou antes do esperado no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Em fevereiro, ainda em pleno verão, a região Sudeste já apresentava casos. Por isso, 22 Estados brasileiros resolveram antecipar para meados de abril o início da campanha de vacinação, marcado para dia 30 daquele mês.

A imunização continua a ser feita nos postos de saúde pelo menos até o próximo dia 20. Além das grávidas, fazem parte do grupo de maior risco de complicações mulheres que deram à luz há menos de 45 dias, crianças de 6 meses a 5 anos, idosos e doentes crônicos.

Este ano, até 23 de abril, foram registrados 1.880 casos de gripe no Brasil, dos quais 1.571 causados pelo vírus H1N1. Deste total, 290 pessoas morreram.

A Região Sudeste concentra o maior número de casos (1.106) da doença. O Estado com situação mais crítica é São Paulo, com 988 episódios da gripe e 149 óbitos.








16 novembro 2015

Microcefalia



Etiologia

A microcefalia pode ser congênita, adquirida ou desenvolver-se nos primeiros anos de vida. A microcefalia pode ser provocada pela exposição a substâncias nocivas durante o desenvolvimento fetal ou estar associada com problemas ou síndromes genéticos hereditários.
Diversos fatores podem predispor o feto a sofrer os problemas que afetam o desenvolvimento normal da cabeça tanto durante a gravidez quanto nos primeiros anos de vida. Assim, as causas são divididas em duas categorias:

Congênitas
  •  Consumo de álcool durante a gravidez; 
  • Uso de Drogas; 
  • Diabetes materna mal controlada; 
  •  Hipotiroidismo materno; 
  • HIV materno; 
  •  Insuficiência placentária; 
  • Anomalias genéticas; 
  • Infecções durante a gravidez, especialmente rubéola, citomegalovírus e toxoplasmose; 
  • Doenças metabólicas na mãe como fenilcetonúria; 
  • Exposição à radiação durante a gestação; 
  • Uso de medicamentos contra epilepsia, hepatite ou câncer,nos primeiros 3 meses de gravidez;

Além destas, existe suspeita de que doenças como dengue, Zika vírus ou febre chikungunya durante a gestação também estejam ligadas à microcefalia.

Pós-natais
ð Má-formação do metabolismo;
ð Síndromes por problemas genéticos (Síndrome de Rett);
ð Infecções intra-craneais (encefalite e meningite);
ð Intoxicação por cobre;
ð Hipotiroidismo infantil;
ð Anemia crônica infantil;
ð Traumas disruptivos (como AVC); 
ð Insuficiência renal crônica.
Classificação

Primária - quando os ossos do crânio se fecham durante a gestação, até os 7 meses de gravidez, o que ocasiona mais complicações durante a vida,
Secundária - quando os ossos se fecham na fase final da gravidez ou após o nascimento do bebê.

Diagnóstico
O diagnóstico da microcefalia pode ser feito durante a gestação, com os exames do pré-natal, e pode ser confirmado logo após o parto através da medição do crânio. Exames como tomografia computadorizada ou ressonância magnética ao cérebro também ajudam a medir a gravidade da microcefalia e quais serão suas consequências para o desenvolvimento do bebê.

Sintomatologia

Dependendo da causa a microcefalia pode apresentar-se como anomalia isolada ou associada a outros problemas de saúde e síndromes. Sem espaço para o cérebro se desenvolver, é esperado uma sério déficit.
  • Atraso mental; 
  • Déficit intelectual; 
  • Paralisia; 
  • Convulsões; 
  • Epilepsia; 
  • Autismo; 
  • Rigidez dos músculos.
Tratamento

Apesar de não haver tratamento específico para a microcefalia, podem ser tomadas algumas medidas para reduzir os sintomas da doença. Normalmente a criança precisa de fisioterapia por toda a vida para se desenvolver melhor, prevenindo complicações respiratórias e até mesmo úlceras que podem surgir por ficarem muito tempo acamadas ou numa cadeira de rodas.

É uma condição neurológica em que o tamanho da cabeça é menor do que o tamanho típico para a idade do feto ou criança. Também chamada de Nanocefalia, constitui-se no déficit do crescimento cerebral, quer pelo pequeno tamanho da caixa craniana, quer pelo reduzido desenvolvimento do cérebro.





04 novembro 2015

Varicocele


Varicocele ou Varicocelo designa a formação de varizes nas veias da região do escroto, onde estão alojados os testículos. A dilatação dessas veias prejudica o fluxo sanguíneo local, a troca de nutrientes e leva ao acúmulo de substâncias tóxicas e ao aumento de temperatura. Esses factores podem provocar alterações na quantidade - oligozoospermia - e qualidade dos espermatozóides.

Sintomas

ü Dor no testículo;
ü Sensação de peso no(s) testículo(s);
ü Infertilidade;
ü Diminuição (atrofia) do(s) testículo(s);
ü Veia aumentada visível ou palpável (capaz de ser sentida).

O paciente nota a presença de veias dilatadas e tortuosas no seu saco escrotal ou mesmo apresenta desconforto ou dor no lado afetado. As veias aumentam de calibre com o esforço físico. A varicocele pode também ser indolor ou ser achada acidentalmente. O lado mais atingido, por uma razão anatômica, é o lado esquerdo. Aparecimento súbito de varicocele principalmente em pessoas idosas pode ser causado por tumores renais devido à compressão da veia renal. A varicocele é uma causa comum de infertilidade, alterando o esperma e inclusive diminuindo , em alguns casos, o volume testicular.

Diagnóstico

O diagnóstico do varicocele pode ser feito pelo exame físico e anatomico através de manobras que aumentem a pressão abdominal (como tossir, força de defecação) fazendo com que as veias inchem, e o médico ou enfermeiro possa palpar essas veias. Para confirmar o diagnóstico deve ser feito um exame chamado Eco Doppler, no qual é possível verificar se realmente há refluxo de sangue, além de conseguir medir a intensidade desse refluxo. Os vasos do plexo pampiniforme apresentarão dilatação superior a 2 mm.

Prognóstico

O varicocele geralmente não causa danos e não requer tratamento. Se for necessária, pode ser feita uma cirurgia devido à infertilidade ou atrofia testicular, neste caso, a aparência final pode ser boa ou cursar com sequelas, como a hidrocele, em até 29% dos casos. Ocasião em que nova cirurgia (hidrocelectomia), com taxa de até 20% de complicações, incluindo infecções, pode ser necessária. A remoção do varicocele pode fazer com que as temperaturas testiculares fiquem normais e que haja uma produção aumentada de espermatozóides.

Tratamento

O tratamento é cirúrgico com ligadura da veia espermática. Existem várias técnicas, todas de ambulatório. O tratamento geralmente é bem sucedido e se a varicocele for a única causa da infertilidade, essa estará resolvida. Alguns casos assintomáticos de varicocele podem ser tratados conservadoramente com um suspensório escrotal durante exercícios.Além da infertilidade, a dor no testículo afetado ou a estética ( varicoceles muito volumosas ) constituem outras indicações cirúrgicas. Em crianças a indicação é controversa, sendo indicada a cirurgia quando houver indícios de atrofia ( diminuição do volume) testicular.

Hematoma subdural